O médico de 61 anos moveu a ação em 2006 para conseguir um reenquadramento de cargo. A justificativa era a de que cumpria uma função superior e não teve reajuste salarial, então pediu a diferença dos valores com juros e correção. As advogadas que o representavam era Lindinalva Marques e uma segunda, que supostamente não sabia sobre a apropriação indébita.
A decisão favorável ao médico, de cerca de R$ 62 mil, ocorreu no fim de 2012. De acordo com Caseiro e a advogada que o representa agora, Clécia Rocha, a prefeitura fez o depósito judicial junto com os honorários advocatícios, juros e correções, um total de R$ 84,9 mil. Com os rendimentos, o valor final ficou em R$ 88,9 mil.
À época, Lindinalva não comunicou o cliente da situação e, em 2013, como tinha procuração dele, solicitou à Justiça o levantamento do dinheiro. Ela pagou os honorários da outra advogada que atuou no caso e, segundo relatou ao g1, usou o dinheiro para comprar próteses para a mãe, que estava doente e teve a perna amputada.
Segundo Caseiro, a advogada que retirou o dinheiro e não fez o repasse cometeu um erro, mas resolveu pagar por ele. O médico também acredita que ela foi bastante exposta na mídia durante as denúncias e que aprendeu uma 'lição'.
Sendo assim, não encontrou motivos para manter o assunto nas Justiças Civil e Criminal e na Ordem Brasileira dos Advogados (OAB), onde protocolou uma denúncia.
“Não foi nem o valor daquele evento [cerca de 62 mil] e nem os R$ 250 mil que seriam [atualmente, com juros e correção monetária]. Foi um valor intermediário que ficou legal. Deram tudo de uma vez e ficou tudo certo”, explicou.
Descoberta do crime
Caseiro descobriu o crime em janeiro deste ano, quando a suposta secretária da advogada que atuou com Lindinalva enviou uma mensagem pelo WhatsApp. O texto dizia que ele havia vencido o processo, mas que para resgatar o valor precisaria pagar um percentual.
A abordagem levantou suspeitas e, com a ajuda da atual representante jurídica, descobriu que tinha sido vítima de apropriação indébita. Ao pedir o desarquivamento do processo, Clécia descobriu o golpe e denunciou a dupla à OAB.
Médico Marcos Caseiro recebeu mensagens sobre liberação de ordem de pagamento do processo — Foto: Arquivo pessoal
Achou que médico havia morrido
Ao g1, a advogada Lindinalva confirmou o envolvimento no caso e disse que a colega não sabia de nada. A mãe dela, à época com quase 80 anos, havia amputado a perna esquerda em decorrência de complicações da diabetes. Ela disse ter usado cerca de R$ 30 mil do montante para comprar próteses, mas não explicou o que fez com o restante.
"Eu errei, porque eu não mandei carta, não mandei nada, fui pessoalmente [ao prédio]. A partir dessa notícia [sobre a suposta morte], eu deixei esse dinheiro na conta por um período. Nesse período, a minha mãe perdeu a perninha".
Ela comprou uma prótese convencional e outra para o banho da idosa. "Não foi uma coisa proposital, foram as circunstâncias. Eu sei que nada justifica", disse Lindinalva.
O g1 tentou novo contato com as duas advogadas que haviam sido denunciadas por Caseiro, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
Por Nicole Vasques, g1 Santos
Fonte: @portalg1
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