Médico que sofreu golpe de advogada aceita acordo e retira queixas da Justiça: 'reconheceu o erro'

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Via @portalg1 | O infectologista Marcos Caseiro, que denunciou duas advogadas por se apropriarem de R$ 62 mil que ele ganhou na Justiça da Prefeitura de Santos (SP), retirou as queixas da Justiça contra elas. A decisão ocorreu após as partes entrarem em um acordo. Ao g1, nesta segunda-feira (13), a vítima informou que aceitou uma proposta feita pela dupla: 'foi um valor intermediário', disse.

O médico de 61 anos moveu a ação em 2006 para conseguir um reenquadramento de cargo. A justificativa era a de que cumpria uma função superior e não teve reajuste salarial, então pediu a diferença dos valores com juros e correção. As advogadas que o representavam era Lindinalva Marques e uma segunda, que supostamente não sabia sobre a apropriação indébita.

A decisão favorável ao médico, de cerca de R$ 62 mil, ocorreu no fim de 2012. De acordo com Caseiro e a advogada que o representa agora, Clécia Rocha, a prefeitura fez o depósito judicial junto com os honorários advocatícios, juros e correções, um total de R$ 84,9 mil. Com os rendimentos, o valor final ficou em R$ 88,9 mil.

À época, Lindinalva não comunicou o cliente da situação e, em 2013, como tinha procuração dele, solicitou à Justiça o levantamento do dinheiro. Ela pagou os honorários da outra advogada que atuou no caso e, segundo relatou ao g1, usou o dinheiro para comprar próteses para a mãe, que estava doente e teve a perna amputada.

Segundo Caseiro, a advogada que retirou o dinheiro e não fez o repasse cometeu um erro, mas resolveu pagar por ele. O médico também acredita que ela foi bastante exposta na mídia durante as denúncias e que aprendeu uma 'lição'.

Sendo assim, não encontrou motivos para manter o assunto nas Justiças Civil e Criminal e na Ordem Brasileira dos Advogados (OAB), onde protocolou uma denúncia.

“Não foi nem o valor daquele evento [cerca de 62 mil] e nem os R$ 250 mil que seriam [atualmente, com juros e correção monetária]. Foi um valor intermediário que ficou legal. Deram tudo de uma vez e ficou tudo certo”, explicou.

Descoberta do crime

Caseiro descobriu o crime em janeiro deste ano, quando a suposta secretária da advogada que atuou com Lindinalva enviou uma mensagem pelo WhatsApp. O texto dizia que ele havia vencido o processo, mas que para resgatar o valor precisaria pagar um percentual.

A abordagem levantou suspeitas e, com a ajuda da atual representante jurídica, descobriu que tinha sido vítima de apropriação indébita. Ao pedir o desarquivamento do processo, Clécia descobriu o golpe e denunciou a dupla à OAB.

Médico Marcos Caseiro recebeu mensagens sobre liberação de ordem de pagamento do processo — Foto: Arquivo pessoal

Achou que médico havia morrido

Ao g1, a advogada Lindinalva confirmou o envolvimento no caso e disse que a colega não sabia de nada. A mãe dela, à época com quase 80 anos, havia amputado a perna esquerda em decorrência de complicações da diabetes. Ela disse ter usado cerca de R$ 30 mil do montante para comprar próteses, mas não explicou o que fez com o restante.

"Eu errei, porque eu não mandei carta, não mandei nada, fui pessoalmente [ao prédio]. A partir dessa notícia [sobre a suposta morte], eu deixei esse dinheiro na conta por um período. Nesse período, a minha mãe perdeu a perninha".

Ela comprou uma prótese convencional e outra para o banho da idosa. "Não foi uma coisa proposital, foram as circunstâncias. Eu sei que nada justifica", disse Lindinalva.

g1 tentou novo contato com as duas advogadas que haviam sido denunciadas por Caseiro, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.

Por Nicole Vasques, g1 Santos
Fonte: @portalg1

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