O que a agressão de PMs a advogado tem a ver com representação de classe na OAB?

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Por @luisuffermann | As nojentas e repugnantes cenas de violência foram protagonizadas por "policiais militares" do estado de Goiás, viralizadas nas redes sociais, contra um advogado, Orcélio Ferreira Silvério Júnior, 32 anos, após o colega tentar intervir na abordagem, que considerou violenta e desmedida, praticada pelos mesmos "policiais" a um morador de rua.

E, mesmo algemado, além de imobilizado na sarjeta pelos covardes da PM, o colega suportou uma série de socos violentos e foi arrastado pelo chão pelo mesmo clã de vagabundos fardados que desonram a nobre instituição da Polícia Militar e se colocam ao nível do pior dos criminosos, se não o pior.

Não se trata apenas de um advogado agredido! E, sim, da cidadania, socada e arrastada pelo próprio Estado, violentada de forma animalesca por aqueles que ostentam o dever de ofício de preservar a integridade do cidadão, qualquer cidadão, e perseguir a ordem e a paz social.

Difícil acreditar, não fosse o registro de outro cidadão, e este ameaçado pela trupe fardada por tal registro, todavia consumado e digno não apenas de repúdio formal ou desagravo público, mas da adoção de duras e efetivas medidas repreensivas e exemplares a esses transgressores que sujam a farda pela própria existência.

Infelizmente, em tempos em que a vigilância e a atenção ao redor das instituições democráticas tornaram-se rotina em nosso ofício, não difere muito da violência praticada contra o advogado quando raras "lideranças" de nossa própria corporação — a OAB — desviam o olhar e cerram seus ouvidos ao próprio colega e, por consequência, à classe num todo.

Quando se escolhe ou prioriza sua representação como dirigente de classe, seletiva-se a própria missão funcional no dever de externar a voz de todo e qualquer colega, ainda que outrora estes encamparam apoio a outra bandeira que não a do vencedor, e de forma legítima, de modo a fazer ruir, por si, o compromisso assumido perante a classe, pós-pleito, vencido através de processo democrático, oportunidade em que se espera — e assim deveria ser — o honrado desvencilhamento de paixões cegas, por vezes causadas no lapso eleitoral, assumindo para si a bandeira de toda classe, a da advocacia! 

Aliás, o contrário não demonstra tão somente a própria ausência de hombridade (sf. 2. Nobreza de caráter; honradez. 3. Grandeza de ânimo; bravura, coragem), mas escancara a fuga de quem tem por dever a defesa da advocacia, indistintamente, promovendo o levante de bandeiras de exceção, independentemente de cor, ego inflado ou crença em sua vaidade à frente de seus representados.

Igualmente, e de forma vergonhosa aos seus pares, borram esses "raros" a nossa própria entidade de classe com tal pequenez de alma e diante da reiterada fuga do seu dever de representação indistinta da advocacia.

Mais do que discursos vazios por si, ainda que travestidos de boas intenções no palanque, a advocacia necessita de lideranças por vocação, jamais por interesses cegados pelo próprio ego.

Não aceitemos os covardes, como os "policiais" ou as "lideranças de plantão", mas sejamos "Orcélios" em toda e qualquer situação, esbravejando o que foge do justo e da retidão, e seja a quem for.

E nunca esqueçamos: quando um advogado é agredido, todos nós somos!
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Luís Felipe Uffermann Cristovon é advogado e sócio do escritório Delgado Advogados Associados.
Fonte: Conjur

1/Comentários

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  1. Linhas certas e escrita objetivamente clara. A advocacia não se deve dobrar à violência de espécie alguma. Viva Sobral Pinto.

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