Áudios de militares revelam articulação para golpe após a eleição de 2022

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Via @bandtv | O ministro Alexandre de Moraes deve mandar, nesta terça-feira (26), para a Procuradoria-Geral da República o inquérito sobre uma tentativa de golpe de estado e um plano para matar autoridades. 37 pessoas foram indiciadas , entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Novos áudios mostram conversas de militares que, de acordo com a investigação da PF, preparavam o golpe depois da eleição de 2022.

“Kid preto, o presidente, ele tem que fazer uma reunião petit comitê. Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião. Tem que ser petit comitê, pô. Tem que ser a rataria. Ele e a rataria. Com o comando do exército, mas petit comitê.”

Essa mensagem foi compartilhada em um grupo de militares que, segundo a Policia Federal, planejavam impedir a posse de Lula e Alckmin.

Em outro, o general Mario Fernandes, na época número 2 da Secretaria-geral da presidência, fala que conversou com o então presidente Jair Bolsonaro.

“Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, ‘pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades.’”

Nesta segunda-feira (25), Bolsonaro divulgou um vídeo - gravado por apoiadores- com o ex-ministro do turismo Gilson Machado. Ele se defende das acusações.

“Alguns falam que o meu defeito foi jogar limpo num pais que tinha muita coisa escondida”, disse o ex-presidente.

Segundo a PF, o plano para matar as autoridades foi impresso no Palácio do Planalto, no dia 6 dezembro, e levado para o Palácio da alvorada - a residência oficial do presidente. O inquérito não deixa claro porque o plano - batizado de "punhal verde amarelo"- não foi concluído.

A reunião que definiu a logística do golpe, de acordo com a Polícia Federal, foi no dia 12 de dezembro de 2022, na casa do general Braga Netto - ex ministro e candidato a vice de Bolsonaro. 

Em outro áudio, ainda de acordo com a investigação, o coronel Roberto Raimundo Criscuoli pressiona o general Mario Fernandes.

“Vai esperar virar uma Venezuela para virar o jogo, cara? Democrata é o cacete, não tem que ser democrata mais agora. 'Ah, não vou sair das quatro linhas', acabou o jogo. não tem mais quatro linhas.”

Os áudios de militares que tinham sido apagados foram recuperados, incluindo do braço direito de Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid.

De acordo com a investigação, Cid chega a sugerir uma data para um golpe.

"Vou conversar com o presidente. O negócio é que ele tem essa personalidade às vezes, né? Ele espera, espera, espera, espera pra ver até onde vai, né? Ver os apoios que tem. Só que às vezes o tempo tá curto, né? Não dá pra esperar muito mais passar, né? Dia 12 seria. Teria que ser antes do dia 12, né?"

A PF ainda não conseguiu chegar a todos os militares que participaram do grupo que discutia o golpe. Três deles, que cadastraram chips de celular em nomes de laranjas, ainda não foram identificados.

Por Túlio Amâncio
Foto: Isac Nóbrega/PR
Fonte: @bandtv

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