Via @canalcienciascriminais | Devo confessar que o primeiro flagrante foi a primeira vez que me deu menos frio da barriga. Isso porque eu havia feito estágio na delegacia de plantão da minha cidade, responsável pelos flagrantes, então eu já conhecia a estrutura da delegacia, o que por si só já poderia me gerar inseguranças.

Costumo dizer, o que adianta saber o que fazer se não souber qual porta abrir? Então, se possível, tenha um “primeiro flagrante” antes mesmo de atuar sozinho. Dito isso, no meu primeiro, que era um caso de um suposto tráfico de drogas, eu busquei conteúdo de pessoas que eu via como referência nessas atuações.

O grupo MindJus me ajudou muito com isso, em muitas reuniões esse tema já havia sido tratado por outros profissionais mais experientes, e ouvir suas experiências e dicas me ajudou demais.

No dia em questão, era de dia (único flagrante até hoje que fiz ainda com sol), e eu estava no escritório adiantando uma peça, quando meu colega me questionou se eu teria disponibilidade para atuar. Fui do jeito que estava e com o que eu portava na bolsa: documentos, minha garrafinha d’água e uma barrinha de cereais (essencial, principalmente em flagrantes que duram madrugada a fora).

Chegando lá, a primeira coisa que fiz foi me apresentar para a família que havia me contratado, passar a tranquilidade que senti que precisavam, sem prometer resultado, é claro, e já acertei os valores acordados anteriormente.

Após, me apresentei aos policiais presentes e pedi para falar com o flagranteado, o que, apesar de ser negado em um primeiro momento, o que eu acredito que foi uma forma de intimidar (isso acontece muito nesses ambientes), em conversa com outro policial consegui a “autorização” – muitas vezes nem precisamos pedir, só avisar, mas varia de equipe para a equipe, e meu modo de atuar sempre foi, e acredito que assim será, pautada na cordialidade.

Depois de conversar com os rapazes que haviam sido presos, pedi para avisarem que eu iria subir para conversar com a autoridade policial de plantão. Tendo me apresentado, aguardei que o flagrante fosse recebido e que as partes fossem ouvidas para poder acompanhar os depoimentos, e depois busquei conversar novamente com a delegada.

Apesar de o resultado em si não ter sido o esperado, já que a autoridade achou por bem ratificar a prisão, saí convicta de que teria feito um bom trabalho. Com isso, aqui vão algumas dicas:

1. Converse com colegas mais experientes ou busque dicas em grupos que proporcionem esse conteúdo;

2. Deixe sempre o seu celular carregado ou leve o carregador, já passei aperto por conta disso;

3. Não esqueça sua água e algum lanche, principalmente se tiver que virar a noite;

4. Acerte valores antes de ir, para não perder a viagem, e não tenha medo de parecer mercenário, é o seu trabalho!

5. Converse com os presos e com a família, a função do advogado passa também um pouco pela de psicólogo;

6. Não deixe de conversar com a autoridade policial sobre o caso;

7. Lembre-se: aquele é o seu local de trabalho, e se Deus quiser estará lá mais vezes como profissional, então não deixe de agir como tal.

Saiba que cada flagrante é um flagrante, muita coisa pode acontecer, então esteja preparado e atento a tudo, e, se possível, vá acompanhado. Aquele é um ambiente inóspito para um advogado criminalista!

Giulia Miranda
Fonte: Canal Ciências Criminais