Não se iluda: não é fácil viver da advocacia no Brasil!

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bit.ly/facil-adv | Alguns dias da semana passada, com dores no joelho, resolvi trabalhar em casa, com uma bolsa de gelo para aliviar minhas dores.

Dado o clima gostoso de Goiânia (40 graus e 11% de umidade relativa do ar), liguei o ar-condicionado, o umidificador, e estava trabalhando de bermuda, havaianas e sem camisa, na sala da minha casa.

Minha esposa foi almoçar em casa, comigo, e perguntou por que eu estava tão feliz.

Falei que eu tinha acabado de fechar um contrato, e que o cliente iria pagar à vista, 5.000 reais de honorários iniciais, fora o êxito.

Esse valor, 5 mil reais, é o que minha esposa ganha por mês, como farmacêutica de uma distribuidora, trabalhando de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Nessa hora, ela me falou: “É, eu devia ter ouvido a minha mãe e ter feito Direito, para virar advogada.”

Eu, como advogado que já está há quase 4 anos com o próprio escritório, rebati: “Você ia estar quebrada e, provavelmente, buscando outra fonte de renda!”

“Não se iluda: não é fácil viver da advocacia”, eu disse!

Por que os advogados têm dificuldade de viver bem da advocacia?

Por que eu respondi minha esposa assim, sendo que eu vivo defendendo a carreira da advocacia em meus artigos?

Já falei tanto sobre estratégias de atração de clientes na advocacia, que parece absurdo eu defender que uma pessoa não possa viver de advocacia.

Mas a ideia aqui é simples: boa parte dos advogados (a maioria mesmo) não consegue – e jamais conseguirá – viver da advocacia.

Isso se deve a uma série de fatores, mas, para mim, o pior empecilho de todos é: a dificuldade de cobrar honorários iniciais.

Advocacia não funciona como na medicina, infelizmente!

Pense comigo: algum dia, na sua vida, você pensou em ir ao médico, sem ser da rede pública ou plano de saúde, e não pagar pela consulta?

A resposta é bem óbvia, não é?

E assim deveria ser na advocacia!

Ao contrário dos pacientes na medicina, muitas pessoas se sentem ofendidas se o advogado cobrar honorários iniciais.

Paga de bom grado a consulta do médico, e se for realizar algum procedimento não coberto pelo plano, não questiona o pagamento adiantado.

Por outro lado, acha um absurdo adiantar honorários ao advogado.

E não estou falando de pessoas sem condições financeiras.

O mercado da advocacia se “prostituiu” de tal forma que, se o profissional cobrar honorários iniciais, ele será visto como golpista ou alguém que está querendo ganhar antes de trabalhar.

O conteúdo ajudou a construir minha autoridade

Eu atuo bastante na área de PAD’s (Processo Administrativo Disciplinar) de servidores públicos.

E já consegui construir minha autoridade neste segmento de mercado.

Para pegar esse tipo de demanda, cobramos honorários iniciais que variam entre R$ 3.000,00 a R$ 10.000,00 (fora os honorários de êxito), a depender do grau de complexidade da demanda, análise documental necessária, gravidade e urgência da situação do servidor.

Boa parte dos servidores que me procuram, o fazem por conta da autoridade que eu conquistei nessa área, principalmente devido ao conteúdo que produzo nos meus canais (blog, perfil no JusBrasil, redes sociais).

É um cliente que, por me ter como autoridade, e me procurar justamente por isso, não barganha honorários e não faz leilão de honorários.

Temos adotado a política de não negociar o valor dos iniciais, mas apenas as condições de pagamento, que podem ser facilitadas, em função das condições do cliente.

Aliás, sobre isso, eu já escrevi um outro artigo, explicando o motivo pelo qual o Kakay não precisa fazer marketing digital, mas nós precisamos:

E foi com o marketing digital que, hoje, clientes me procuram, aceitam os termos da contratação, pagando honorários iniciais de bom grado, sabendo que estão tomando uma excelente decisão, entregando suas causas para nossa banca.

Mas, isso não acontece com todo mundo.

No caso de alguns clientes que vêm por indicação, não há o filtro do conteúdo.

Daí, alguns costumam a dar problema quando digo que cobro honorários iniciais.

A ofensa com a cobrança de honorários iniciais

A título de exemplo, no começo deste mês, uma servidora pública (professora de uma Universidade Federal) me procurou, pois estava com algumas demandas para resolver.

O problema dela era bem complicado, pois envolvia 3 frentes distintas: PAD + Tribunal de Contas + Ministério Público.

E mais: já estava correndo prazo, e eu teria uma semana para fazer uma das defesas dela.

Ela me ligou, desesperada, falando que um colega havia recomendado meu trabalho, que eu era especialista na área.

Pediu para que eu analisasse a documentação e lhe apresentasse uma proposta de trabalho.

Feita as análises, propus: R$ 5.000,00 (para as 3 frentes de trabalho), e, no êxito, mais R$14.000,00.

Para essa precificação, também considerei os rendimentos da servidora (disponíveis no portal da transparência), para não propor nada fora da sua realidade.

Considerando 13º e férias, ela ganha cerca de R$280.000,00 anuais, líquidos.

Isso significa que meus honorários, somando inicial e êxito, corresponde a menos de 7% do que ela ganha em um ano.

Um patamar bastante razoável, levando em consideração a situação do cliente.

Lembrando que essas ações podem levá-la a ser demitida do serviço público e ficar sem a sua aposentadoria (ela já tem mais de 35 anos de contribuição como servidora no seu cargo).

Agora vem a história: quando eu apresentei minha proposta de honorários… sério, parecia que eu tinha xingado essa mulher da pior coisa do mundo.

Vocês não imaginam o quão nervosa e desaforada ela me respondeu.

Parecia que eu tinha injuriado a sua mãe, ou feito uma proposta indecente ou muito grave!

Depois de me falar várias coisas, ela disse que iria procurar um advogado que não a extorquisse dessa maneira.

Note que, essa cliente nos procurou por conta de uma indicação, não tendo acesso (nem interesse) em nosso conteúdo, que é o que constrói nossa autoridade.

Certamente, ela conseguiu algum advogado que fez tudo por uns R$1.500,00 reais iniciais (ou nem cobrou iniciais), e mais uns R$ 1.500,00 no êxito.

Um outro caso desalentador

Agora, mais um exemplo, e vindo de um escritório famoso e renomado.

Atendi uma cliente há pouco tempo: servidora aposentada, proventos acima de R$ 15.000,00, apresentando relativamente trabalhosa, mas com boas chances de sucesso.

Também foi indicada, por uma amiga advogada (a cliente era amiga da mãe dela).

A questão se resolveria com 2 ações, e eu cobraria, normalmente, uns R$ 3.500,00 inicial para fazer essas duas, além do êxito.

Como era amiga da mãe da minha amiga, fiz por R$2.500,00 como cortesia.

A cliente simplesmente disse que não me contrataria, pois ela JAMAIS imaginou que teria que pagar pelo serviço antes do sucesso da demanda.

Isso mesmo, ela JAMAIS imaginou que teria que pagar para ter serviços advocatícios.

Minha amiga ainda questionou se eu não poderia fazer somente com honorários no final (afinal, o êxito dá, tranquilamente, entre R$15.000,00 e R$20.000,00).

Eu disse calma e objetivamente que não poderia.

Então, essa amiga perguntou para mim se teria algum problema de passar a demanda para algum advogado que aceitasse receber somente no êxito.

Eu disse, igualmente calmo, que não.

Ela me mandou uma mensagem, posteriormente, avisando que um advogado iria buscar a documentação comigo.

Para meu espanto, o advogado é de uma banca famosa e conceituada de Goiânia, que, teoricamente, não precisa ficar pegando ações somente no êxito.

Essa é a dura realidade

A dura realidade é que boa parte dos advogados jamais conseguirão viver da advocacia.

Se não bastasse termos mais de 1,3 milhões de advogados no Brasil, 1 para cada 190 habitantes, segundo estudo da OAB (concorrência absurda), muitos não cobram honorários iniciais.

Isso criou uma cultura, fortemente sedimentada, de que advogado não pode cobrar antes de entregar resultado, mesmo considerando que a advocacia é uma atividade de meio.

Isso sem contar que existem escritórios que abocanham uma boa fatia do mercado com captação ilegal (captadores na porta do INSS, por exemplo).

Infelizmente, a atitude de buscar um médico, sabendo que terá que desembolsar uma quantia significativa para custear a consulta, não existe na advocacia (e tenho dúvidas se essa cultura se estabelecerá nesse momento da advocacia brasileira).

E quem vive dessa advocacia de êxito sabe o desespero que é trabalhar sem receber nada, esperando um resultado (provável) que pode levar anos para chegar.

A depender da área de atuação, mais de 5 anos.

O problema é que não há fluxo de caixa que suporte uma atividade profissional que leva 5 anos para faturar.

Se você não tem reservas (ou uma outra atividade profissional ou negócio paralelo), a espera significa algo líquido e certo: falência.

Você vai quebrar seu escritório com demandas que não lhe garantem o pagamento antecipado.

“Ah, Sérgio, se os clientes não contratam, não é melhor cobrar apenas no êxito? Melhor do que nada!

É claro que honorários no êxito é melhor do que nada.

Mas está longe de garantir a saúde financeira do seu escritório.

A maioria dos advogados liberais ou pequenas sociedades não tem caixa suficiente para esperar os resultados financeiros chegarem.

Desde quando abri meu escritório, eu me propus a não pegar ações cobrando somente no êxito.

Não só por uma questão de saúde financeira (eu não podia esperar pelo êxito que levaria 1 a 2 anos para chegar), mas por posicionamento.

É claro que, no início, foi muito difícil sobreviver com essa filosofia de negócios.

Sem ter construído ainda a minha autoridade como especialista, foi muito difícil fechar contratos cobrando inicial dos clientes.

Por esse motivo, persisti e investi em marketing digital.

Produzir conteúdo e promovê-lo estrategicamente acelerou meus resultados.

O processo de construção de autoridade veio mais rápido do que eu pensava.

Pois eu tinha a forte percepção de que não poderia depender apenas de indicações.

Afinal, clientes de indicações davam mostra de que não vieram pela minha autoridade, mas pela força da indicação.

E, por este motivo, não queriam pagar antecipado, por conta do valor do meu trabalho (e do meu conteúdo).

Eu sabia que precisava atrair clientes que me tinham como autoridade, por conta do meu conhecimento, da minha expertise.

Por isso, apostei tanto em produzir conteúdo, focado nos problemas e dores dos clientes que eu queria atrair.

Hoje, vivo bem da advocacia.

Vivo da advocacia e ainda mantenho minha política de não pegar ações somente com honorários de êxito.

Só que essa, como eu disse, não é a realidade do mercado.

A realidade é que muitos advogados não conseguem viver só da advocacia.

Muitos colegas, com anos de OAB, estão dando aulas em universidades pequenas, para ganhar R$1.200,00 ou R$1.500,00 extra mensais, para poder fechar a conta do mês.

Ou, então, trabalhando como Uber ou abrindo um negócio paralelo, para complementar a renda.

É claro que também existe o inverso: professores que ganham rios de dinheiro dando aula em cursinhos e até abrem mão da advocacia, mas essa é uma situação de exceção.

Só a título de exemplo, em uma especialização que fiz, recentemente, os professores ganham entre R$5.000,00 a R$7.000,00 por módulo (1 módulo = sexta à noite + sábado o dia inteiro).

Uma renda considerável, já que muitos que atuam há anos como advogados não conseguem sobreviver da advocacia.

Como diz a lenda: só se ganha dinheiro na advocacia a partir do quinto ano de atuação. Será mesmo?

No último fim de semana, estive com um amigo que advoga desde 2008.

Ele passou em um concurso de nível médio, ainda na faculdade, e até hoje não conseguiu largar o cargo (que paga por volta de R$ 4.000,00).

De manhã, ele trabalha no serviço público e, para complementar a renda, além de advogado, trabalha a tarde em um negócio próprio (sem relação com a advocacia).

Na prática, não tem tempo para advogar e nem vai no escritório.

Quando eventualmente tem que receber um cliente (o que é raro), um colega lhe empresta sua sala de reuniões.

Ou seja, aquela máxima que a partir do quinto ano de advocacia o advogado começa a ganhar dinheiro e se estabiliza não é mais uma verdade absoluta!

Recentemente, recebi um contato de um conhecido, perguntando se eu ainda estava advogando.

Achei estranha a pergunta, já que em todas as redes sociais, mesmo quem não me conhece, vai ter a certeza que sim, eu estou advogando e vivo a advocacia diariamente.

Mas, depois ele me explicou o porquê da pergunta.

Ele, que também se formou em Direito, e é concurseiro, viu um antigo parceiro de advocacia meu em algum concurso da magistratura.

Ele imaginou que eu também tivesse enveredado para esse lado.

Não que seja errado querer ser juiz.

Mas essa deveria ser uma escolha puramente vocacional, e não por motivos financeiros.

É claro que eu não acharia ruim ter R$ 40.000,00 mensais garantido, todo mês, pingando na minha conta.

Mas, eu pretendo ganhar isso na advocacia privada, no meu escritório, e não no serviço público.

Assim como o exemplo dos professores, boa parte dos bacharéis em direito fazem concurso público não por vocação, e sim por não conseguir ganhar dinheiro na advocacia.

Então não vale a pena advogar?

Preste atenção no que vou dizer aqui, porque essa não é a mensagem que eu quero passar.

Note que eu vivo de advocacia e não pretendo abandonar a carreira por algum concurso ou outra atividade.

O que eu quero dizer é que a maioria dos advogados não conseguem viver da advocacia.

Estou constatando uma realidade, por mais ruim que isso possa parecer.

Não conseguem viver da advocacia e acabam partindo para o concurso público ou procuram fontes de rendas alternativas.

É difícil constatar, mas a culpa dessa situação é nossa (dos advogados).

Se houvesse um esforço para estabelecer a cultura de se cobrar honorários condizentes com a complexidade das demandas, a situação seria outra.

Se o serviço com cobrança no êxito não fosse a regra, nossa classe seria muito mais valorizada, e não veríamos tantos advogados quebrados e insatisfeitos com a profissão.

A advocacia é uma profissão linda e apaixonante, mas, não se iluda: não é fácil viver dela!

O que fazer para VIVER BEM da advocacia, sem ter que esperar 5 anos

O que vou te trazer aqui é um resumo da nossa experiência, a partir das estratégias que implementamos e validamos em nosso escritório.

Ela pode servir como inspiração para você tentar virar a chave da sua advocacia.

Mas, cuidado: não se trata de uma fórmula milagrosa, que basta ser aplicada para você ter sucesso com seu escritório.

Você precisa avaliar se essa experiência é válida para a sua advocacia.

Trago, portanto, um pequeno guia, que vai te dar condições de, efetivamente, praticar uma advocacia saudável, do ponto de vista profissional e financeiro.

Vai te ensinar o que é preciso ser feito para cobrar honorários iniciais sem gerar revolta em seus clientes.

1. Construir autoridade é mais importante do que captar clientes

Captação de clientela é proibida na advocacia.

Mas, mesmo que não fosse, ainda assim eu recomendaria você implementar estratégias de construção e reforço de autoridade, não de captação.

Estratégias de construção de autoridade são muito mais poderosas do que qualquer expediente de captação de clientela.

Se você é enxergado como autoridade pelo cliente que você quer atrair, você não terá maiores problemas em impor suas regras e termos no momento da contratação (desde que, claro, não sejam regras e termos abusivos rs).

O cliente que te percebe como autoridade ficará constrangido de questionar seu preço e suas condições.

Ele sabe que você é o especialista em resolver o problema dele.

Ele percebe que você é, na verdade, a melhor opção que ele tem.

Ele não supõe que você é bom, ele sabe que você é bom.

E como construir autoridade na advocacia?

2. Invista em marketing de conteúdo para construir autoridade

Há várias maneiras de construir autoridade na advocacia.

O caminho da reputação

Você pode construir uma sólida reputação, prestando um bom serviço e construindo uma carteira de clientes fiéis durante anos.

Esse é um caminho que funciona, mas demora bastante.

E, lembrando o que dissemos mais acima, a maioria não tem tempo para esperar.

O caminho acadêmico

Um outro caminho possível é se tornar um famoso doutrinador.

Isso vai exigir talento, estudo, pesquisa e uma dose de sorte, para conseguir ser publicado por boas editoras.

Além disso, não é um caminho barato.

Para quem já tentou publicar um livro, sabe que, no começo, quem financia a atividade é você mesmo.

A não ser que você comece a dar aula em um cursinho renomado, o que também exige dedicação, estudo e bons relacionamentos.

E tem o caminho do conteúdo

O caminho que recomendo é o do conteúdo.

Acredito que para a Advocacia, além de ser o mais adequado às restrições do Código de Ética, é também o mais rápido e eficiente.

A estratégia consiste em criar e promover conteúdo relevante e educativo para clientes potenciais.

Não é um caminho fácil, pois o advogado precisa reaprender a escrever ou a falar com o seu público.

Conteúdo orientado para clientes tem uma outra sistemática de produção e distribuição.

Tenho falado muito sobre copywriting, que é a técnica de escrita persuasiva para clientes.

Você precisa vender uma ideia, que não é a sua advocacia, nem tampouco os serviços que você presta, mas a sua autoridade.

O conteúdo não diz que você é bom e sabe o que está fazendo.

Ele mostra que você é bom e sabe o que está fazendo.

3. Não comece nada antes de definir seu posicionamento

Eu não jogo xadrez, mas um amigo que joga me contou que bons jogadores ganham as partidas porque posicionam corretamente as peças no início do jogo.

Se você não souber posicionar suas peças no início do jogo, dificilmente você conseguirá vencer a partida.

A não ser que você esteja jogando com alguém que também não saiba o que está fazendo.

Mas, nesse caso, ganhar ou perder se torna uma questão de sorte.

E não dá para depender da sorte.

Na advocacia, existem muitas peças a serem posicionadas.

Área de atuação é uma das peças e, a depender do seu posicionamento, nem é a peça mais importante.

Posicionamento é a forma como você quer ser enxergado pelos seus clientes.

A depender da forma como você é enxergado, você consegue (ou não) atrair os melhores clientes.

Todas as suas ações e a forma como você se comunica com seu público de potenciais clientes vai te posicionar.

Do seu cartão de visitas, a maneira que você se veste, como fala, sua identidade visual (física e digital) e, principalmente, a forma como produz e promove conteúdo.

Antes de agir, tome um tempo com a sua equipe para definir exatamente qual o perfil de advocacia que você vai “vender” e que perfil de clientes você quer atrair para seu escritório.

4. Assuma as tarefas de marketing como prioridade

Eu já ouvi tanto advogado falando que investiu em marketing e não teve resultados.

Se recebesse um real para cada advogado que me diz isso só no Instagram, podia abandonar a advocacia e viver disso.

Mas, quando vou sondar por que esses advogados não tiveram resultados, as respostas não variam muito: ou o marketing foi terceirizado ou passa longe de ser prioridade do escritório.

Afinal de contas, ninguém tem tempo para o marketing, pois as tarefas da advocacia já enchem 100% da agenda.

Não é legal brincar com os prazos da advocacia.

E os prazos nunca deixam tempo para nada.

O problema é que eu não conheço nenhum advogado ou escritório bem sucedido que não dedica muito tempo para o marketing.

Seja por dedicação pessoal, seja porque existe um sócio, um parceiro ou colaborador que se dedica exclusivamente às tarefas de gestão do marketing.

Aqui no escritório, o Ricardo assume a tarefa integralmente.

Fica por conta de revisar os conteúdos, fazer as postagens, definir as estratégias e coordenar o trabalho da equipe de marketing.

Sim, temos uma equipe de marketing dedicada ao escritório, para cuidar de todos os detalhes de nosso marketing jurídico.

Pode parecer exagero para você, mas não consigo ver a coisa funcionando de outro jeito.

Ou eu assumia o marketing, e outro advogado assumiria a advocacia, ou eu estaria no patamar de advocacia do início de carreira: clientes pingando aqui e ali, faturamento baixo e risco eminente e perpétuo de fechar as portas do escritório.

Existem dois problemas em terceirizar o marketing na advocacia

O primeiro, que o serviço do advogado, via de regra, é baseado em confiança pessoal.

Essa pessoalidade tende a se enfraquecer quando você terceiriza a produção do seu conteúdo para uma agência.

O segundo aspecto é que, dificilmente, profissionais de outras áreas vão conseguir criar um conteúdo que consiga impactar, a fundo, os clientes.

Só você pode conhecer a linguagem adequada, os problemas dos clientes, as dores que estão por trás desses problemas.

Sem conhecer isso, o conteúdo pode ficar irrelevante, enfadonho ou institucional demais.

Tudo bem que tem muito advogado escrevendo num juridiquês intragável para clientes, mas imagino que você já percebeu que para escrever para clientes, a linguagem técnica do Direito precisa ser totalmente reformulada.

5. Cuidado com os modismos na advocacia

Marketing digital já não é novidade na advocacia.

Todo mundo já faz (ou pensa em fazer) um trabalho, no mínimo, de redes sociais.

O problema aqui são os modismos, que ditam o que funciona e o que não funciona como estratégia para advogados.

Eu tenho visto o modismo do Instagram com maior desconfiança.

Está todo mundo lá, fazendo muito barulho, postando dicas, criando stories, fazendo selfie todo dia na porta do fórum, dizendo aos quatro ventos: sou advogado e posso resolver o seu problema.

Mas, será que os seus clientes estão lá para ver isso?

As duas grandes categorias de clientes

Eu costumo dividir os clientes em duas categorias: os pesquisadores e os seguidores.

Clientes pesquisadores são aqueles que tem um problema jurídico pontual, que precisa ser resolvido.

Ele pesquisa solução e advogado para resolver o problema.

Uma vez que ele contrata o advogado e resolve o problema, ele não vai continuar procurando por solução na Internet.

Já o seguidor, é o que tem problemas jurídicos que perduram no tempo.

Ele não pesquisa só para resolver um problema.

Aliás, mais do que pesquisar, ele está disposto a entrar numa jornada de aprendizado.

Um exemplo!

Um médico, amigo meu, me disse que está seguindo um advogado de São Paulo que posta stories com dicas de Direito Médico.

E porque disso?

A medicina foi tão profundamente judicializada nos últimos anos, que praticamente todos os atos médicos têm repercussão jurídica.

Há sempre o risco risco de um processo judicial ou junto ao órgão de representação.

Por esse motivo, assim como meu amigo, muitos médicos estão assumindo um perfil seguidor.

Ou seja, estão buscando aprender cada vez mais sobre o Direito Médico, para lidarem com os riscos inerentes ao exercício da medicina.

Os canais do cliente pesquisador e seguidor

Ora, perceba que se o cliente que você quer atrair para o seu escritório tem um perfil pesquisador, não adianta você ficar fazendo stories no Instagram todo dia.

Pesquisadores vão te encontrar no Google ou no Youtube, que são ferramentas de busca para este tipo de pesquisa.

É disso que eu falo sobre os modismos.

Você precisa avaliar se a estratégia da moda também vale para o seu posicionamento.

Tem muito advogado contratando soluções equivocadas de marketing, ou implementando ações que nada tem a ver com o tipo de clientes que ele busca atrair.

Recentemente, escrevi sobre as selfies tiradas por advogados na porta do fórum.

Que isso não podia ser chamado de marketing jurídico.

Na verdade, poder, até pode.

Mas, não é isso que vai dar resultado.

O comportamento copiado dos digital influencers, que até estão na moda, ignora que o modelo de negócios por trás da influência digital não tem nada a ver com a advocacia.

O que o digital influencer está vendendo é audiência.

A estratégia do advogado nem pode ser focada em vender.

Advogado constrói autoridade, para atrair, indiretamente, o cliente.

São estratégias completamente diferentes.

É preciso tomar cuidado com os modismos.

O ideal é você entender os princípios do marketing jurídico, para saber o que pode ser usado e o que dá resultado para o seu modelo de advocacia.

Quer aprender mais sobre o processo de atração de clientes na advocacia?

O Ricardo Orsini e eu gravamos um minicurso, com 4 vídeo aulas, compartilhando os bastidores das nossas estratégias de atração de clientes.

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Sérgio Merola
Advogado - Especializado em Administração Pública
Sérgio Merola é advogado, especializado em Administração Pública, com foco em demandas de Servidores, Concursos Públicos, Improbidade Administrativa, Direito Anticorrupção (compliance) e Licitações. É fundador da Sérgio Merola Advogados, com atuação presencial em São Paulo, Goiânia e Brasília. Através do atendimento online, tem ajudado pessoas não só no Brasil, mas em vários países do mundo, como Estados Unidos, Portugal e Inglaterra. Bacharel na Universidade Salgado de Oliveira em 2009, é pós-graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes e pós-graduando em Compliance e Direito Anticorrupção pelo CERS. Também atua na área de gestão de riscos negociais, por meio de consultoria especializada e atuação em causas envolvendo contratos e parcerias com o Poder Público.
Fonte: sergiomerola85.jusbrasil.com.br

2/Comentários

Agradecemos pelo seu comentário!

  1. Prezado Dr., gostei muito de seu texto. Me identifiquei com ele.
    Advogado a 4 anos (desde que fui formado) e optei por colocar escritório próprio, mas nos 3 primeiros anos conciliei com outro emprego fora da advocacia. Advogo em cidade pequena e com pessoas de renda baixa, possuo dificuldade em cobrar horários iniciais, embora analiso cada demanda. Cobrar consulta é dar um tapa em muita gente. Parabéns pelo texto.

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  2. Que texto espetacular, muito bom mesmo, para complementar a leitura, recomendo este artigo sobre seo local isso não pode ficar de fora da sua estratégia de marketing. SEO local é uma excelente maneira de conseguir clientes a curto prazo. O texto a seguir também fala sore o assunto e aborda A influência do SEO local no faturamento de escritórios de advocacia.

    Para concluir, recomendo a leitura do texto A importância em ter uma comunicação eficiente no escritório de advocacia , com as dicas do texto, e as dicas que tem nesses artigos que recomendei, com certeza você não será o mesmo.

    É bom lembrar, que em que pese as dicas serem direcionadas para advogados, elas valem para qualquer negócio.

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