Com esse entendimento, o ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, manteve a condenação do promotor de Justiça Daniel Balan Zappia a 45 dias de afastamento sem remuneração, devido a uma perseguição processual contra o ministro Gilmar Mendes e sua família.
Em outubro do último ano, o Plenário do CNMP decidiu punir o promotor de Mato Grosso pelo "abuso processual", devido ao ajuizamento excessivo de ações com o intuito de dificultar a ampla defesa e o contraditório da família Mendes.
Ao STF, Zappia pedia a conversão da penalidade de suspensão em multa, com base na Lei Complementar Estadual 416/2010.
Porém, o relator observou que a norma confere à Procuradoria-Geral de Justiça a liberdade, e não obrigatoriedade, de converter a pena de suspensão em multa. "Eventual deliberação sobre a modificação da penalidade de suspensão em multa cabe ao órgão com competência para processar e julgar o processo administrativo disciplinar", ressaltou Nunes Marques.
Além disso, o ministro lembrou que o regime jurídico dos servidores públicos civis da União submete a conversão da pena ao "juízo de conveniência e oportunidade da autoridade administrativa competente para aplicar a sanção".
Histórico
Em 2017, Zappia moveu duas ações civis públicas contra Gilmar e seus irmãos, Francisco Ferreira Mendes Júnior e Maria Conceição Mendes França, pelo uso indiscriminado de agrotóxicos em plantações de soja e milho em Diamantino (MT), cidade natal do magistrado. Segundo o promotor, as atividades agrícolas dos Mendes não seriam ambientalmente sustentáveis, já que as terras exploradas estariam dentro de uma área de proteção ambiental das nascentes do rio Paraguai.O juiz André Luciano Costa Gahyva, da 1ª Vara Cível de Diamantino, considerou que a família Mendes não teria promovido irregularidades e mandou Zappia apresentar provas das acusações.
Já em 2018, Zappia passou a atacar a faculdade União de Ensino Superior de Diamantino (Uned), outro investimento da família Mendes. A universidade era de Maria Conceição, mas foi adquirida pelo governo de Mato Grosso em 2013, por R$ 7,7 milhões. O promotor apontou supostas ilegalidades na transação e queda na qualidade dos cursos. A ação em si não envolvia nenhum Mendes, mas sim o ex-governador Silval Barbosa e outros agentes públicos que atuavam à época da venda.
No total, sem passar pelo crivo do Judiciário, o promotor abriu sete inquéritos, para ouvir Gilmar, seus familiares, amigos e conhecidos. Mesmo com grande repercussão, nenhuma das ações prosperou.
Dentre as investidas também esteve o caso da "avenida Gilmar Mendes". A cidade de Diamantino batizou uma de suas vias com o nome do ministro. Zappia contestou a medida usando uma lei federal que veda nomes de pessoas vivas a logradouros pertencentes à União, apesar de a rua pertencer ao município.
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MS 38.363
Por José Higídio
Fonte: Conjur
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