O serial killer foi condenado a 276 anos e três meses de prisão por assassinar sete mulheres em 1998, além de estuprar e roubar ao menos uma dezena ao longo de dois anos. Pela contagem formal, ele só estaria quite com a Justiça em 2274. Mas, pela Lei de Execução Penal, poderá ser solto em 2028, ao completar 30 anos de reclusão — limite máximo de cumprimento da pena na época da condenação. Para que isso ocorra, no entanto, Caroline teria que fazer o pedido de soltura à Justiça. “Não farei. Por mim, ele ficará preso para sempre”, afirma.
A advogada defende que o detento só deixe a prisão após passar por avaliação psiquiátrica rigorosa, feita por peritos nomeados pela Justiça. Para ela, o comportamento atual do ex-motoboy é inquietante: ele recusou-se a participar de um documentário se não recebesse, antes, um tratamento dentário completo, um rádio e um par de patins. Repetiu os mesmos pedidos à defesa e às mulheres que lhe escrevem cartas na prisão. “Ele exige dentes de porcelana. Não aceita dentadura nem resina”, disse a defensora.
Os problemas na boca de Francisco começaram ainda na adolescência, quando foi diagnosticado com amelogênese imperfeita, condição genética rara que compromete o esmalte dentário e causa o esfarelamento de toda a arcada. Hoje está completamente desdentado. O pedido por tratamento poderia parecer legítimo, não fosse o histórico sombrio: laudos do Instituto Médico-Legal (IML) revelaram que, durante os crimes, Francisco mordeu e chegou a arrancar com os dentes partes do corpo de algumas vítimas.
Apesar da gravidade dos crimes, o serial killer jamais foi submetido a exame criminológico — avaliação forense conduzida por psicólogos e psiquiatras especializados. No sistema penal, esse tipo de análise só é exigido quando o preso solicita progressão para regimes mais brandos, o que nunca ocorreu no caso dele. Como cumprirá integralmente os 30 anos em regime fechado, poderá sair sem nenhuma avaliação psiquiátrica recente.
A advogada Caroline Landim — Foto: Reprodução
Entre 1996 e 1998, o Maníaco do Parque abordou cerca de 200 mulheres com falsas promessas de trabalho como modelo. Levava-as ao Parque do Estado, em São Paulo, onde cometia os crimes. Diagnosticado como psicopata por uma banca do Hospital das Clínicas — que utilizou inclusive o teste de Rorschach —, ele escolhia alvos com baixa autoestima e usava a lábia para manipulá-las. Preso em 13 de agosto de 1998, declarou à Justiça em diversos interrogatórios que voltaria a matar se fosse solto.
Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque — Foto: José Luiz da Conceição/Agência O Globo
Hoje com 57 anos, Francisco cumpre pena na penitenciária de Iaras, no interior de São Paulo, unidade destinada a estupradores e autores de crimes sexuais. Tornou-se tecelão: passa os dias confeccionando tapetes de sisal, vendidos e disputados por visitantes e funcionários. Engordou mais de 100 quilos ao longo dos anos e ficou uma década sem receber visitas, cartas ou ligações da família. O abandono o isolou emocionalmente — só recentemente voltou a ter contato com a mãe e o irmão.
Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, na prisão — Foto: Foto de arquivo
Por UIlisses Campbell — São Paulo
Fonte: @jornaloglobo
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