Homem que ateou fogo em pitbull confessa crime, mas responderá em liberdade

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bit.ly/2zcAWhb | O crime que envolveu a morte do cão pitbull, incendiado vivo na noite de sexta-feira, foi esclarecido ontem numa ação conjunta entre a Polícia Civil, por meio do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), Associação Limeirense de Proteção a Animais (Alpa) e Departamento de Proteção e Bem-estar Animal de Limeira. Investigadores descobriram que o proprietário do animal foi o autor do crime. Ele responderá em liberdade.

O cão foi encontrado em chamas por populares numa área que divide os bairros Graminha e Jequitibás. Em seguida, a Alpa promoveu o acolhimento e os atendimentos iniciais, mas o animal não resistiu e morreu na manhã de domingo.

Antes mesmo da morte, os policiais civis do Garra e representantes dos dois órgãos de proteção aos animais já se mobilizavam na tentativa de identificar o nome do proprietário, além de descobrir se ele também tinha relação com a violência contra o pitbull.

Ontem, sob supervisão do delegado João Jorge, os policiais do Garra se reuniram com Cassiana Fagoti (Alpa) e Cristiane Kucska Masutti (Departamento de Bem-estar Animal) para elaboração de um boletim de ocorrência de maus-tratos no 4º Distrito Policial (DP).

Enquanto o boletim de ocorrência era registrado, uma equipe de policiais ficou de prontidão nas imediações da residência do homem identificado como proprietário do cão, R.C.O., de 27 anos, que mora no Residencial Guimarães. “Conseguimos informações que auxiliaram na investigação. O cão passou por uma consulta com veterinário em abril. Também temos imagens do momento do crime. Câmeras de um imóvel registraram a chegada de um automóvel de cor escura, com um ocupante que desembarca, joga o animal em meio ao mato e depois o incendeia”, descreveu Márcio Barhun, supervisor do Garra.

A Polícia Civil também pediu à Justiça um mandado de busca para a residência do suspeito, na tentativa de encontrar algo que o ligasse ao crime, como combustível ou outros objetos que comprovassem a ligação dele com a morte do animal.

No início, dono negou

O proprietário do pitbull foi encontrado pelos policiais civis Rafael, Anderson, Tiago e Gladison quando deixava sua casa. Ele foi convidado a ir até a Delegacia Seccional para prestar esclarecimentos, pois, até então, ainda não havia ligação dele com a violência contra o pitbull.

Na casa, os policiais encontraram um automóvel Apollo, de cor escura, semelhante ao observado nas imagens capturadas por uma das câmeras do imóvel. Apesar da evidência, em sua chegada na delegacia R. negou envolvimento com o caso. “O animal não me pertencia mais e não tenho qualquer relação com o que foi feito com ele. Inclusive, tenho outro cão em casa”, descreveu à imprensa. Na casa dele, há outro cão que está saudável e, no momento da condução para a delegacia, o rapaz até fez carinho no animal, na frente dos policiais.

Na coletiva de imprensa, o delegado seccional Antonio Luís Tuckumantel informou que trata-se de um crime grave. “É um crime grave que chocou a população de limeirense, mas a Polícia Civil e os órgãos de proteção aos animais agiram de forma rápida”, descreveu.

O delegado João Jorge explicou que o caso se encaixa na lei de crime ambiental, como maus-tratos.

Colhemos fotos e imagens do caso e, com a identificação do proprietário, tentamos entender o motivo que levou ao crime. O autor irá responder por maus-tratos, conforme prevê a lei que trata sobre crimes ambientais, a 9.065 de 1998, em seu artigo 32. Além do incêndio, há sinais de lesões provocadas por agressões. Para esses e outros casos semelhantes, haverá a responsabilização do crime e esse trabalho em parceria com os demais órgãos será permanente. Trata-se de um crime violento e que, como determina nosso delegado seccional, crimes de menor ou maior potencial serão investigados”, apontou.

Cristiane informou que o departamento ainda não definiu o valor da multa, mas que, administrativamente, ela ocorrerá. “O Código Municipal de Meio Ambiente prevê multa de até 500 Ufesps para casos considerados leves. Para casos graves, a penalidade é maior, a partir de 501 Ufesps, como ocorreu com o caso do cavalo, cuja multa chegou a R$ 13 mil”, disse. Questionada sobre os casos frequentes de violência contra animais, Cassiana informou que eles sempre existiram. “Ocorre que agora há uma exposição maior”, citou.

Confissão

Durante seu depoimento à Polícia Civil, já quando a entrevista coletiva tinha sido concluída, R. confessou aos policiais que foi ele quem ateou fogo no animal. De acordo com agentes, ele descreveu que o animal tinha cinomose e tentou matá-lo com agressão. Depois, o levou para a área verde e ateou fogo no animal. Ele foi responsabilizado por crime ambiental e responderá em liberdade.

O pit bull, após ser socorrido, recebeu o nome de Titan. Porém, o nome dele era Bob e tinha cerca de seis meses de idade. A Alpa aguarda resultado de exame de necropsia que irá determinar a extensão das lesões causadas pelo fogo e também pela violência anterior. A Polícia Civil informou que crimes como esses e outros podem ser denunciados por meio do telefone 197.

Para MP, crime é chocante, mas lei é branda

A Promotoria de Defesa do Meio Ambiente acompanhou o desenrolar na esfera policial do caso do “Titan”, como ficou conhecido o cão incendiado vivo na última sexta-feira. O titular da pasta, promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua disse que o crime é chocante, “mas, infelizmente, a legislação prevê penas brandas”. Após a conclusão dos trabalhos da Polícia Civil, o caso deverá ser denunciado pelo Ministério Público (MP).

Deverá incorrer na Lei de Crimes Ambientais pelo artigo 32, com pena de detenção de três meses a um ano – praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: pena de detenção, de três meses a um ano, e multa. O parágrafo segundo diz que a pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal, como aconteceu. O MP poderá pedir a máxima.

Por ter sido um caso cruel, desarrazoado, que causou sofrimento desnecessário no animal, que não estava atacando, é possível que seja pedido o afastamento das benesses da lei, como a suspensão condicional do processo e transação penal.

O MP teve a informação preliminar de que o homem não tem outros antecedentes criminais e, então, não enfrentará pena de prisão, mas a restritiva de direitos, se for o caso. (Renata Reis)

Diagnóstico precoce e tratamento correto podem curar cinomose

O proprietário e acusado de atear fogo no pitbull alegou que agiu daquela forma porque o animal tinha cinomose. Embora não haja confirmação de que o cachorro estava com a doença, fica o alerta, pois se diagnosticada precocemente, pode ter cura.

A cinomose é uma doença viral que pode levar o animal a óbito, sendo a infecção por meio de contato com secreções de outros animais pelo trato respiratório. Assim, o vírus multiplica por todo organismo por meio do sistema linfático, até chegar ao sistema nervoso. “Quando mal diagnosticado e, consequentemente, não tratado corretamente, o animal passa a ter o andar desorientado e tremores musculares, que podem evoluir para crises de convulsões e morte”, explica o dr. Henrique, do Hospital Veterinário Vetlim.

Segundo o veterinário, a cinomose tem cura dependendo da fase do diagnóstico e as sequelas também vão depender do tratamento e do quanto esse vírus lesionou o sistema. “O animal pode ficar com tremores musculares, andar desordenado e/ou crises convulsivas por toda sua vida, mesmo não portando mais o vírus. Neste caso, o animal sequelado terá de ter auxílio de sessões de fisioterapia e acupuntura para melhorar o quadro, além de fazer uso de anticonvulsivante”, salienta.

Conforme o profissional, o vírus é sensível a qualquer tipo de desinfetante e sua ‘vida’ no local previamente frequentado por algum animal infectado é de aproximadamente 3 meses. “Um período muito curto se comparado ao vírus da parvovirose, que pode ficar até dois anos no local. Para evitar tudo isso, basta realizar a vacinação anual do seu cachorro, aplicada por um médico veterinário. Quando a família decidir ter um filhote, leve sempre para uma orientação profissional”, alerta.

Ivan Lucas
Por Denis Martins/GAZETA DE LIMEIRA
Fonte: www.radiosanca.com.br

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