O que aconteceu
Zambelli tem evitado lugares públicos desde que fugiu para a Itália. Segundo o advogado que a representa, ela vive em um ambiente controlado. "Ela não está tendo uma vida boa, está sem acesso a medicamentos e a hospital."
Ainda segundo o advogado, a deputada foragida tem poucos recursos financeiros. "Ela está vivendo os últimos suspiros que tem de recursos", diz Pagnozzi. O marido de Zambelli, o coronel Aginaldo Oliveira, exonerado do cargo de secretário municipal de Segurança Pública de Caucaia não está mais com ela, segundo o advogado.
Explosiva, deputada tem adotado postura "controlada", segundo advogado. Pagnozzi disse que a deputada teme dar declarações e "ser advertida" pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Defesa diz que Zambelli espera pela decisão do governo italiano para saber se ela será extraditada. Caso o Ministério da Justiça italiano decida pela extradição, defesa entrará com recurso. "Vamos pedir para que ela não seja extradição alegando cidadania italiana. Na posição atual dela não teria como vir para o Brasil. Ela ainda responde pelos processos da arma e das fake news."
Previsão da defesa de Zambelli é que decisão do governo italiano saia entre o fim de agosto e início de setembro. "Não tem prazo, tem férias de agosto na Itália. Imagino que se tudo correr rápido em setembro pode ter movimentação."
Classificação de exilada não cabe à situação de Zambelli, explica cientista político. Segundo o cientista político da FGV-SP, Marco Antônio Teixeira, exilado é a pessoa que é forçada a deixar seu país por alguma perseguição política. "Ela é uma pessoa que responde na justiça por um crime e fugiu do país para evitar que fosse presa ou punida", disse. "Não faz sentido nenhum essa utilização do título de exilado político."
Zambelli grava vídeo e se diz 'perseguida'
De boné e em um local fechado, Zambelli disse ser uma "perseguida política no Brasil". "Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a [primeira-ministra da Itália] Giorgia Meloni, para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", disse a deputada foragida.
Ela também disse que o comentário de Flávio Bolsonaro a ajudaria na tentativa de obter abrigo político. "Tudo isso que vem acontecendo só vem facilitar o nosso entendimento aqui, porque se não estivesse acontecendo tudo isso, com a sanção, com uma série de coisas, realmente não daria para entender o que está acontecendo comigo."
Deputada gravou mensagem após senador Flávio Bolsonaro pedir à Itália que abra as portas para ela. As declarações do senador foram dadas em entrevista ao portal Metrópoles. "Quero pedir às autoridades italianas, publicamente, que abram as portas do governo para essa perseguida política, porque ela foi para lá por saber que não enfrentaria um processo justo e imparcial —já está pré-condenada", disse Flávio.
Zambelli é considerada foragida pela Justiça brasileira. Em junho, após o anúncio da viagem da deputada para a Itália, o ministro do STF Alexandre de Moraes acatou o pedido da Procuradoria-Geral, e pediu a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol.
Condenada a dez anos de prisão e mandato cassado
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão pela Primeira Turma do STF em maio. Ela também foi condenada à perda do mandado. A Primeira Turma da Corte decidiu por unanimidade que ela cometeu os crimes de falsidade ideológica e invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O relator foi o ministro Alexandre de Moraes.
Condenação aponta que ela atuou em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto. Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), Zambelli planejou o ataque virtual que inseriu no sistema do CNJ decisões judiciais forjadas, como um mandado de prisão contra o próprio Moraes, com o trecho: "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", diz o documento falso.
Hacker foi condenado na mesma ação a oito anos e três meses de prisão. Além das penas, o relator Moraes determinou que ele e Carla Zambelli paguem, solidariamente, R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos. Moraes também fixou multas individuais: cerca de R$ 2,1 milhões para a deputada e aproximadamente R$ 520 mil para Delgatti.
Zambelli ainda responde a outra ação penal no Supremo. Ela é ré por porte ilegal de arma e constrangimento arado, por ter perseguido um homem com pistola nas ruas de São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento já tem maioria pela condenação, mas foi interrompido por pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.
Ela também foi cassada pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) por desinformação eleitoral. Em janeiro, o TRE-SP decidiu cassar o mandato da deputada por abuso do poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Fabíola Perez
Foto: Marcos Corrêa/PR
Fonte: @uolnoticias
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