As alas políticas, que rivalizam posicionamentos, adotaram o mesmo tom e fizeram ponderações ao definido pelo ministro na sexta-feira (4). O magistrado anulou a decisão de deputados e senadores que derrubava o aumento do IOF, assim como os decretos do governo que alteraram o imposto.
Os efeitos práticos fazem com que não haja qualquer mudança tributária e impedem ganhos por impostos pela União. Uma perspectiva criticada pelo líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ).
O parlamentar é um dos maiores aliados do governo Lula dentro da Câmara e considera que a falta de arrecadação pelo IOF levará o governo a adotar um novo contingenciamento de gastos em mais de R$ 10 bilhões. Segundo o político, esse aperto das contas deve ser formalizado ainda em julho.
“O STF cria uma falsa equivalência entre legalidade e ilegalidade. O efeito prático é permitir que a renúncia fiscal opere enquanto não há norma válida — jogando sobre o Executivo o ônus fiscal e político da paralisia“, afirmou, em posicionamento. “O STF precisa avaliar se vai tolerar que um PDL inconstitucional produza efeitos tão regressivos na gestão fiscal e social do Estado brasileiro”, complementou.
Em outra frente, oposicionistas celebraram que o aumento do imposto segue suspenso, mas endossaram críticas pela previsão de uma audiência conciliatória, convocada por Moraes para o próximo 15 de julho. O encontro busca um acordo para a crise do IOF.
Segundo o líder oposicionista da Câmara, deputado Zucco (PL-RS), a ação de reunir Planalto e Congresso abre um “precedente perigoso” e pode ter como desfecho uma interferência em uma decisão política.
“Abre um precedente perigoso e indesejável: transforma o Judiciário em um poder moderador de disputas políticas, interferindo num campo que é, por definição, prerrogativa do Congresso Nacional. A discussão sobre aumento de impostos, política fiscal e equilíbrio das contas públicas é um debate eminentemente político, que deve ser feito no voto, no Parlamento, com transparência e respeito à soberania popular”, pontuou.
Lula e Hugo Motta
Os grupos da base e oposição se distanciaram do tom conciliatório reproduzido pelo comando dos Poderes. Representantes do governo elogiaram o espaço conciliatório proposto por Moraes, conforme indicado pelo próprio presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Parece que tem uma guerra entre governo e Congresso. [Mas] deixa eu falar, eu sou muito agradecido à relação que eu tenho com o Congresso Nacional. Até agora, nesses dois anos e meio, o Congresso aprovou 99% das coisas que nós mandamos. Acho que nem no governo Sarney, nem no governo Fernando Henrique Cardoso, nem no governo de ninguém — nem no governo Bolsonaro —, se aprovou tanta coisa. Então, eu sou grato ao Congresso Nacional", afirmou.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a continuidade da anulação de impostos mantém o que foi defendido pelo plenário da Câmara, e que ele continua “aberto ao diálogo institucional”.
“A decisão do ministro Alexandre de Moraes evita o aumento do IOF em sintonia com o desejo da maioria do plenário da Câmara dos Deputados e da sociedade. Continuamos abertos ao diálogo institucional, com respeito e serenidade, sempre em busca do equilíbrio das contas públicas e do crescimento sustentável da economia”, pontuou.
Lis Cappi
Fonte: @portalr7
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