Falsa advogada é presa após cobrar R$ 50 mil por soltura de envolvido em sequestro de jornalista

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Via @portalg1 | Uma mulher, de 34 anos, foi presa na manhã desta quinta-feira (23), por tráfico de influência, no bairro Mecejana, em Boa Vista. Ela fingiu ser advogada e ter intimidade com a juíza relatora do caso Romano dos Anjos, para enganar a família de um dos policiais militares presos na Operação Pulitzer, que investiga o sequestro do jornalista.

A mulher era monitorada há dois dias. A prisão foi realizada em ação conjunta entre equipes do Departamento de Inteligência (DEINT) da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), da Polícia Civil e Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MPRR).

Segundo o Deint, a estelionatária pediu R$ 50 mil da família sob pretexto de influenciar a soltura do policial militar. Para dar credibilidade ao golpe, a mulher chegou a produzir uma falsa conversa com a juíza Graciete Sotto Mayor em aplicativo de mensagens e encaminhou os prints aos familiares do PM.

A Rede Amazônica teve acesso ao conteúdo das conversas. No primeiro momento, a estelionatária pergunta o que podem fazer para dar "aquela ajudinha" para ele ser solto. Em outro, a falsa juíza diz que o Ministério Público não iria interferir na soltura (veja abaixo).

Estelionatária produziu falsa conversa com juíza relatora do caso para dar credibilidade ao golpe — Foto: Reprodução

Após a cobrança dos valores, a família do policial registrou boletim de ocorrência e provas sobre o golpe. A mulher foi localizada em posse de certa quantia em dinheiro pago pelos familiares. Também foram apreendidos medicamentos, um aparelho celular e documentos pessoais.

Após a prisão, a mulher foi encaminhada à sede do Distrito de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil e autuada em flagrante por tráfico de influência. Se for condenada, poderá receber pena superior a 5 anos de prisão.

As investigações continuam e novas prisões poderão ocorrer nos próximos dias.

Caso Romano dos Anjos

O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu na noite do dia 26 de outubro do ano passado. Ele foi levado de casa no próprio carro. O veículo foi encontrado pela polícia queimado cerca de uma hora depois.

Ele teve as mãos e pés amarrados com fita e foi encapuzado pelos suspeitos. Romano passou a noite em uma área de pasto e dormiu próximo a uma árvore na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Na manhã do dia 27, ele começou a andar e foi encontrado por um funcionário da Roraima Energia.

O delegado Herbert Amorim, que conversou com o jornalista no trajeto do local onde foi encontrado até o Hospital Geral de Roraima (HGR), disse que depois de ter sido abandonado pelos bandidos, Romano conseguiu tirar a venda dos olhos com o braço e soltar os pés.

No HGR, ele relatou aos médicos ter sido bastante agredido com pedaços de pau.

No dia, a Polícia Civil afirmou, em coletiva à imprensa, que ele poderia ter sido vítima de integrantes de facção. No entanto, a polícia não descartou outras linhas de investigação, como motivação política ou por Romano trabalhar como jornalista de um programa policial.

Quatro dias após o sequestro, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), foi até a Polícia Federal pedir que a instituição investigasse o crime, afirmando que o jornalista havia citado ele e um senador no depoimento à Polícia Civil.

No dia 28 de janeiro, a Polícia Federal em Roraima divulgou nota à imprensa. O pedido para instauração de inquérito "foi indeferido, não se verificando elementos que subsidiassem eventual atribuição da Polícia Federal no caso."

O sequestro era investigado pela Polícia Civil numa força-tarefa, que prorrogou o trabalho por ao menos três vezes. O inquérito corre em segredo de Justiça.

Este ano, no dia 16 de setembro, foi deflagrada a operação Pulitzer, onde foram presos sete investigados e cumpridos 14 ordens de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Outros quatro foram presos em outubro, incluindo o deputado Jalser Renier (Solidaridade), apontado como mandante do crime.

Por g1 RR — Boa Vista
Fonte: g1.globo.com

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