O g1 entrou em contato com a defesa do acusado, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
A instituição informou que Hayashi foi indicado pelo seu departamento de saúde "após análise de documentos, informações prestadas pelo médico e notícias encontradas em redes sociais, bem como referências apresentadas pelos seus 25 anos de serviços prestados como médico, não se tendo conhecimento do processo criminal informado".
Segundo a Justiça de São Paulo e denúncia do Ministério Público, o crime aconteceu em 2022, na residência de Milton Hayashi, durante uma visita da sobrinha. De acordo com os autos, durante uma interação na piscina, o médico tocou a vulva da vítima, que tinha 9 anos à época.
No dia seguinte, Milton conversou pessoalmente com a mãe da criança, que gravou o diálogo. Na ocasião, o médico chegou a confessar o crime e disse estar arrependido e "morrendo de vergonha".
Segundo a 1ª Vara Criminal de Birigui, a materialidade delitiva ficou provada em razão de diversos elementos, como registro de boletim de ocorrência, relatório da Polícia Civil, a própria gravação da conversa e a prova oral colhida "sob o crivo do contraditório e da ampla defesa".
Na decisão de primeira instância, Milton foi condenado a 16 anos e 4 meses de reclusão — a pena foi aumentada em razão de ele ser tio da vítima. Após recurso do médico, a pena foi reduzida em dois anos, mas a decisão de primeiro grau foi confirmada pela 8ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.
O g1 entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) para saber se a situação de Milton permanece inalterada após a condenação por estupro em duas instâncias, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Seu registro como médico especialista em cirurgia plástica segue ativo.
Em nota, a Alesp disse que o evento mencionado é de inteira responsabilidade da associação e que o espaço foi solicitado pelo gabinete do deputado Capitão Telhada (PP) - filho do ex-deputado Coronel Telhada, atual subprefeito da Lapa.
"Cabe ressaltar que esse item distribuído - Medalha Cinquentenário das Forças de Paz do Brasil - não está entre as honrarias oficiais do Parlamento Paulista", afirma o texto.
O deputado estadual Capitão Telhada, do Partido Progressistas (PP), discursa na Alesp. — Foto: Divulgação/Alesp
Repercussão após homenagem
Ao agradecer a homenagem, o médico disse que a medalha recebida "representa o que eu acredito: a cirurgia plástica é sobre dignidade, autoestima e transformação de vidas — especialmente de quem mais precisa. Meu sentimento é de alegria, gratidão e responsabilidade renovada".
O Ministério Público de São Paulo foi informado que, durante a solenidade, foi cogitada a possibilidade de o réu fazer uma viagem ao Japão a pretexto de receber uma outra homenagem naquele país, mas com suposta intenção de fuga do Brasil. Em razão disso, o órgão solicitou a apreensão do passaporte do acusado.
As autoridades então foram informadas de que o passaporte de Milton Seigi Hayashi já havia sido apreendido em 2022, mas ainda há o receio de que o médico tenha outros documentos que possibilitem sua saída do país.
O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça e com a Polícia Federal para obter mais detalhes, incluindo o motivo de o médico não estar preso, apesar da condenação em duas instâncias, e aguarda retorno.
Em nota, a Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz disse que não tinha conhecimento da ação criminal antes da solenidade e que, após ser informada, irá instaurar um procedimento interno para avaliar se a honraria dada ao médico poderá ser cassada.
Por Gustavo Honório, Deslange Paiva
Fonte: @portalg1
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