O conteúdo, que já ultrapassa 1 milhão de visualizações no Instagram e no TikTok, tem chamado atenção não apenas pelo alcance expressivo, mas principalmente pelo teor das declarações. Os posicionamentos firmes e, para muitos, polêmicos sobre a advocacia rapidamente estimularam debates entre estudantes e profissionais do Direito.
Durante a conversa, o advogado Jânio Queiroz (@janioqueiroz_) foi questionado sobre um tema recorrente no meio jurídico: afinal, a advocacia está saturada? A resposta veio sem rodeios, e com potencial claro para dividir opiniões.
“A advocacia não está saturada. O que existe é muita gente com carteira da OAB, mas pouca gente com vocação.”
A frase, curta e direta, tornou-se o principal recorte do vídeo e ajudou a impulsionar sua viralização. Em poucos segundos, Jânio sintetizou uma percepção que encontra eco em parte da categoria, mas que também desperta resistência. Para ele, o problema do mercado não está no excesso de profissionais, mas na falta de preparo, compromisso e entendimento sobre o real papel da advocacia.
“Ou você é advogado, ou você não é”
Ao longo da entrevista, o advogado sustenta que a profissão exige mais do que formação acadêmica ou inscrição na Ordem. Segundo ele, a advocacia não admite atuação pela metade.“Ou você é advogado, ou você não é advogado. Não existe meio termo.”
O tom categórico reforçou o engajamento do vídeo e alimentou a discussão nos comentários. Enquanto alguns seguidores enxergaram sinceridade e coragem ao dizer o que muitos pensam, outros avaliaram a fala como dura demais. Ainda assim, o consenso foi um só: o conteúdo provocou reflexão.
Outro trecho que ganhou destaque foi a crítica ao perfil de profissional excessivamente combativo:
“Quanto mais barulhento, mais briguento, mais vazio.”
A afirmação foi interpretada por muitos como um recado direto a comportamentos comuns nas redes sociais e no início da carreira jurídica, ampliando ainda mais a repercussão do vídeo.
O que está por trás das frases que viralizaram
Em entrevista concedida posteriormente à nossa equipe DN, Jânio Queiroz explicou que suas falas não têm a intenção de desqualificar profissionais, mas de chamar atenção para a responsabilidade que a advocacia carrega.Para ele, “ter carteira” não é sinônimo de exercer plenamente a profissão. “A advocacia exige estudo permanente, maturidade emocional e constância. Não é apenas um título, é uma responsabilidade diária”, afirmou.
Sobre a crítica ao advogado “barulhento”, ele reforça que autoridade não se constrói no confronto. “Firmeza não precisa de grito. Muitas vezes, o excesso de barulho esconde insegurança”, disse.
Mercado, realidade financeira e constância
No vídeo que circula nas redes, o advogado também falou abertamente sobre os altos e baixos da carreira, inclusive no aspecto financeiro. Citou meses de faturamento elevado, mas deixou claro que os resultados são fruto de uma trajetória construída ao longo do tempo.Atuando em diferentes regiões do país, incluindo São Paulo, Brasília, com passagens por tribunais superiores, e o Nordeste, com destaque para São Luís (MA), ele afirma que a advocacia oferece oportunidades reais, mas não imediatas.
“A profissão recompensa quem se prepara e persiste. Não é sorte, é constância”, resumiu.
Os números da advocacia no Brasil hoje
Dados recentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) mostram que o país possui mais de 1,3 milhão de advogados inscritos, um dos maiores contingentes jurídicos do mundo. Em termos de proporção, isso já significa cerca de um advogado para cada 160-170 brasileiros, o que alimenta debates sobre o equilíbrio entre profissionais formados e oportunidades de trabalho. Especialistas apontam que esse elevado número reflete, entre outros fatores, a grande quantidade de cursos de Direito no país e a dinâmica do exame de Ordem, que atrai milhares de bacharéis a cada ano.Quando a sinceridade vira combustível para o debate
O sucesso do vídeo evidencia como discursos diretos, sem filtros e com frases de impacto encontram espaço nas redes sociais, especialmente quando abordam temas sensíveis. Ao afirmar que a advocacia não está saturada, mas “misturada”, Jânio Queiroz tocou em um ponto que mobiliza diferentes gerações de profissionais do Direito.Vista como sinceridade necessária por uns e como polêmica desnecessária por outros, a entrevista cumpriu um papel claro: provocou debate. E, no ambiente digital, provocar reflexão costuma ser o primeiro passo para viralizar.
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