Julgamento adiado: advogado é multado em 15 salários mínimos por ausência em júri

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bit.ly/2o8vEBs | O advogado Domingos Sávio de Mendonça foi multado em 15 salários mínimos nesta quarta-feira (23) por não comparecer ao júri popular de um de seus clientes, um ex-policial acusado de matar um homem na saída de uma boate na Região Oeste de Belo Horizonte, em 2015. Este foi o segundo adiamento do julgamento, que seria no Fórum Lafayette.

Além da multa, o juiz Ricardo Sávio de Oliveira, que preside o júri, determinou o pagamento dos gastos da próxima sessão do júri, agendada para o dia 4 de novembro. O G1 tenta contato com o escritório do advogado.

No processo, consta o nome do advogado Domingos Sávio de Mendonça. Segundo o juiz Ricardo Sávio de Oliveira, do Segundo Tribunal do Júri de Belo Horizonte, não houve um comunicado formal do não comparecimento. "Ele mandou comunicar, informalmente, no último minuto que não poderia comparecer por estar acometido de alguma doença e estaria procurando atendimento médico", disse.

O magistrado explica que, em situações como esta, há previsão de aplicação de multa.

"Em casos em que o não comparecimento não é devidamente e formalmente justificado, o advogado fica sujeito a uma multa pelo abandono do processo. E é o que está sendo aplicado hoje. Se, no futuro, ele trouxer formalmente a justificativa, essa multa poderá ser revista, se a justificativa for aceita", afirmou.

Herick Viriato Parreiras Paulino foi assassinado em fevereiro de 2015. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o ex-policial Nedilson Rocha Andrade estava na boate Platina’s Show Bar com uma mulher, quando a vítima acidentalmente derramou cerveja nela. Irritado, ele começou a discutir com Herick, iniciando a briga.

Após a confusão e a intervenção dos seguranças, o militar saiu da boate. Em seguida, o irmão da vítima a convenceu a ir embora também. Ainda de acordo com o MPMG, já na rua, Herick foi surpreendido pelo ex-militar, que atirou diversas vezes contra ele.

Logo que chegou ao Fórum Lafaytte, a mãe da vítima, a cuidadora de idosos Selma Gomes Parreiras, soube do segundo adiamento do julgamento. Bastante abalada, ela disse que, mais uma vez, terá de esperar para que a justiça seja feita.

"Hoje eu estou péssima, eu não dormi nada essa noite. Quatro anos se passaram desde a morte do meu filho. (...) Para uma mãe, não é fácil. Eu estou vivendo à base de remédios. Hoje eu chego no fórum e recebo uma notícia dessas. Mais uma vez eu vou ter que esperar a justiça ser feita. Que esse homem pague por essa dor que eu estou sentido", desabafou.

Primeiro adiamento

No dia 12 de agosto deste ano, a sessão chegou a ser iniciada no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, mas foi adiada depois de três testemunhas serem ouvidas e o réu ser interrogado.

Também presidido pelo juiz Ricardo Sávio de Oliveira, o julgamento foi interrompido na ocasião porque um CD com imagens do caso, que para acusação são imprescindíveis, estava quebrado.

No interrogatório em agosto, o ex-policial confirmou a autoria do assassinato, mas disse que tentou separar uma confusão entre o jovem e uma terceira pessoa. Segundo ele, Herick estaria armado. Mas, de acordo com o processo, nenhuma arma foi achada no local do crime.

O advogado Domingos Sávio de Mendonça afirmou, em agosto, que o ex-policial também teria sido ameaçado por Herick durante a confusão. Ainda segundo ele, o rapaz teria passagens pela polícia.

Novo júri

De acordo com o juiz, a data definida para a nova sessão é 4 de novembro.

"Apesar de a pauta estar absolutamente cheia, eu fiz questão de marcar para data breve para que não haja impressão de que atitudes como essa podem surtir efeito para atrasar o processo", disse.

Ainda segundo o magistrado, apesar de o réu já ter sido interrogado e ter havido o depoimento de testemunhas em agosto, o novo julgamento é iniciado do zero. Ele explica que, como o grupo de jurados será diferente, todos os procedimentos serão repetidos para que os novos julgadores tenham acesso às informações.

*(Foto meramente ilustrativa: reprodução Internet)

Por Raquel Freitas
Fonte: g1.globo.com

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