O caso aconteceu no final da tarde do último sábado, 28. Acompanhada das duas filhas e de dois netos, a idosa finalizava as compras no valor de R$ 600,00 quando foi abordada grosseiramente por uma atendente, que não a deixou sair do local antes da chegada da segurança. A colaboradora acusou a cliente de furto no próprio estabelecimento.
"A atendente não deixou a minha avó sair do caixa, (dizendo) 'a senhora roubou esses chinelos e tem que pagar, não vai pagar por eles não?'. E a minha avó disse que era a filha dela que tinha comprado em outra loja e dado de presente. Tinha nota fiscal. É muito desrespeitoso esse tipo de abordagem", contou Johnny Rodrigues, neto de Milta, ao UOL.
A idosa negou o crime, e a abordagem gerou revolta entre outros clientes. Após confirmar as imagens de segurança, viram que Milta não era a criminosa procurada. A funcionária pediu desculpas à idosa. A família foi até uma delegacia registrar um boletim de ocorrência. No local, a senhora começou a sentir dores no peito, fadiga e ânsia de vômito.
Imediatamente os familiares a levaram para a UPA de São Sebastião. No local, foi atestado a gravidade do caso de Milta. Ela estava prestar a ter um infarto e precisava urgentemente de uma vaga na UTI. Mesmo com o relatório médico em mãos, os parentes não estavam conseguindo um leito na capital.
"O médico disse que, se a gente tivesse demorado mais cinco minutos, a minha avó poderia não estar mais viva. Ela foi estabilizada, mas precisava da vaga de UTI. Fizemos uma campanha nas redes sociais e depois de muita luta conseguimos a vaga", explicou Johnny.
Hoje de madrugada, no dia em que completou 75 anos, a idosa foi transferida para a UTI do Hospital Universitário de Brasília. Durante o dia, passou por procedimentos e amanhã deve fazer um cateterismo. O quadro de saúde é estável, porém sem previsão de alta.
Funcionária é afastada; atacadista abre investigação interna
O departamento jurídico do Grupo Super Adega, a empresa atacadista envolvida no incidente, informou que resolveu afastar a funcionária do caixa assim que tomou ciência da situação. Uma investigação interna foi aberta para verificar o fato ocorrido no final de semana. Por meio de uma nota, a empresa disse que prestou toda a assistência à cliente e lamentou o caso."Sentimentos muito pelos fatos relatados e, desde já, pedimos desculpa pelo ocorrido. A nossa empresa preza pelo bom relacionamento e gentileza com nossos clientes, é um grupo sério e não compactua ou incentiva qualquer tipo de ação ou omissão que possa causar constrangimento ou gerar situação discriminatória, vexatória, de injúria ou racismo aos nossos clientes", diz o comunicado.
A nota dizia ainda que "o Grupo Super Adega repudia, veementemente, toda e qualquer atitude passível de provocar e/ou promover constrangimento e/ou discriminação".
"A empresa sente profundamente pela situação e informa que a senhora Milta e sua família possuem canal direto com os diretores do nosso Grupo, que estão à disposição para atender quaisquer demandas", acrescenta o texto.
Policia Civil vai ouvir envolvidos nessa semana
O episódio ocorrido na rede atacadista será investigado pela Polícia Civil. O delegado responsável pelo caso, Ulysses Luz, da 30° Departamento de Polícia, afirmou que essa semana vai começar a ouvir os envolvidos no caso."Os fatos já foram registrados, culminando na abertura de uma investigação, e está agendado a oitiva dos familiares que acompanhavam a senhora para amanha. Naturalmente, também serão ouvidos as pessoas do mercado", informou.
Questionado sobre qual crime a atendente poderia responder, ao final do inquérito policial, o delegado ressaltou que, no momento, ainda é cedo para dizer.
"A princípio, injúria, sem prejuízo. Com o desenrolar das investigações, podem surgir novos fatos que tipifiquem outros delitos. Mas é muito prematuro, por hora, fazer essa análise", explicou.
Vinícius Rangel
Colaboração para o UOL, em Vitória (ES)
Fonte: noticias.uol.com.br
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