IN MEMORIAM: Aracelli, Ana Lídia, Carlinhos, Fera da Mamadeira, Isabella Nardoni e Henry Borel

aracelli ana lidia carlinhos isabella nardoni
bit.ly/39T0hzw | “Se, porém, não houver nenhuma dúvida razoável, devem declarar culpado o acusado...” (Juiz do Júri – Filme “12 Homens e Uma Sentença”).

Perguntas retóricas! Ou seja, NÃO precisa responder, basta refletir sobre o assunto, quieto, sem a necessidade de externar sua resposta!

Nobre leitor(a), quando você assiste o noticiário sobre algum crime “bárbaro”, sua preocupação é achar um culpado ou torcer por justiça?! Fazendo um paralelo com a psicologia Freudiana, com a devida licença poética, reitero meu questionamento: pulsão de vida ou pulsão de morte?! Desfecho Irmãos Naves ou Fera da Penha?! 

Reformulando a provocação: ao assistir notícias do gênero citado acima, qual a sua tendência?! Acreditar nas palavras (ou no silêncio constitucional) do pretenso réu ou lavar as mãos e acreditar em tudo o que o cioso profissional da segurança pública venha apresentar contra o (pretenso) réu?!

Há quem advogue a tese de que Pilatos foi um covarde, respeito, mas ouso discordar dessa corrente óbvia! Amo ler nas entrelinhas, e no meu entender, ele foi muito mais vaidoso do que covarde, foi movido pelo orgulho de ser conhecido como aquele que condenou o único que dividiria a história em Antes e Depois do que algum sentimento tímido ou retraído. 

Lembre- se vanitas vanitatum et omnia vanitas - “(...) vaidade de vaidades, tudo é vaidade!” – Eclesiastes 1:2

***RESSALVA IMPORTANTE***

Em memória de todas as crianças que tiveram suas vidas interrompidas por algum gesto criminoso, que por algum motivo fora do nosso alcance foram vitimadas por alguma ação humana criminosa.

A intenção do articulista não é apresentar argumentos de defesa, não é apontar injustiças em nenhum dos casos que serão apresentados, tampouco tratar o assunto de forma pejorativa. Muito pelo contrário, apresento com muito respeito às crianças que partiram de forma abrupta e inesperada, bem como aos familiares e entes queridos que diariamente sofrem com essa dor interminável.

 Não utilizo a escrita como “palco de visibilidade”, mas sim, como forma de sublimação para todas as minhas inquietações, bem como para plantar alguma semente de ceticismo crítico (ou não) em cada um dos leitores. 

A LEITURA PERTURBADORA...

Conversando com um amigo no final do ano passado, fui agraciado com uma excelente indicação de leitura! Para se ter uma ideia, de tão instigante e atiçador que o livro é, terminei em um dia! Em menos de vinte e quatro horas já estava começando a reler e fazer minhas marcações no dossiê que acabara de estudar. Eu precisava processar, entender e conectar a quantidade de informações (absurdas) ali constantes!

 Perdoem os bibliófilos, mas uma obra dessas, com tremenda riqueza de detalhes e com documentos “retirados” dos autos do processo deve ser chamada no mínimo de “book” ou “livro gourmet”, livro por si só, seria muito comum.  

 Pouquíssimos livros me causaram “ressaca literária”. Dentre eles, “Temperamentos Transformados”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “O Erro de Descartes” e a indicação do meu amigo: “O PIOR DOS CRIMES – A HISTÓRIA DO ASSASSINATO DE ISABELA NARDONI” – Autor: Rogério Pagnan – Editora Record.

“Léo você precisa ler esse livro! Você vai ficar angustiado com o relato e como você mesmo diz, é um livro perturbador.” (e realmente é). 

Pequeno adendo sobre esse meu amigo que indicou o livro: ele é profissional da Segurança Pública, Delegado de Polícia. É o tipo de Delegado que ama o que faz, que respira investigação policial, que respira e estuda todos os casos criminais de maior repercussão e que mais causam nojo e revolta em qualquer ser humano. É o clássico amante da profissão e que há pelo menos dez anos, atua na área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. 

Na época chegamos à mesma conclusão (continuamos com a mesma sensação), mas ainda assim, eu te imploro para que leia e estude o livro “O Pior dos Crimes”.

Importante ressaltar que em 2017, pouco tempo após lançar a primeira edição do livro “Casos de Família”, Editora Darkside, obra autoral da respeitável e admirável, criminóloga e escritora Ilana Casoy, praticamente fiz a mesma coisa: comprei o livro e o devorei em pouco mais de um dia. Livro bom, mas guardadas as devidas proporções, não li nada que não tivesse visto, ouvido e assistido nos mais diversos noticiários da época. 

Ora! Dois livros relatando o mesmo fato, dois autores respeitáveis e com reputações ilibadas, narrando o fatídico acontecimento e eu te desafio a ler o “Pior dos Crimes”, visto que a obra do Rogério Pagnan apresenta inúmeras inconsistências que fazem muito ou total sentido, bem como o autor apresenta diversos aspectos fundamentais do caso que foram omitidos pela acusação

Você sabia que o edifício London era recém- construído e por isso havia diversos apartamentos vazios?! Sabia que esses apartamentos vazios (não vendidos / alugados) não foram averiguados?! Sabia que nos fundos do recém- construído edifício London havia uma espécie de terreno baldio e que o mesmo não fora averiguado?! Você sabia que Luminol muda de cor ao entrar em contato com qualquer substância que contenha Ferro?! Você sabia que o sangue encontrado no apartamento do casal não era da vítima?! Bom, estou aqui fazendo campanha pela leitura do livro e vou ficar dando spoiler?! Não mesmo! Meu desejo é que você passe pela mesma “angustia” que senti ao ler cada página do Pagnan...

Como argumento de reforço, cabe ressaltar que o tétrico dia para a vítima aconteceu em Março de 2008, ano em que ainda vigorava nos lares da maioria dos brasileiros a “TV aberta”.  Grupos de whatsapp?! Youtubers?! Instagram?! Rede Social?! Naaaaaaaada! 

E tome- lhe de Ana Maria Braga, Bom Dia Brasil, Bom Dia Rio (e Bom Dia todos os outros estados), Jornal Hoje, Globo Repórter, Jornal da Band, Jornal da Record, Jornal da CNT, “Corta pra mim” e se pesquisarmos a fundo, até em algum programa televisivo religioso essa notícia liderou a audiência. O “Show da Vida” era a cereja do bolo das noites de domingo, esse programa surfou e muito nesse tsunami e apresentou o Barrabás Alexandre e a Barrabás Ana Carolina como um troféu! Consegue perceber como o direito fundamental de acesso à informação, art. 5º, XXXIII da CRFB/88 é violentado? 

Essa provocação em especial, será direcionada aos colegas de profissão: o casal se enquadrava em algum dos requisitos da prisão preventiva prevista no CPP?! Eu sei que os pretensos réus se enquadravam no CPPO*. Mas a preventiva foi fundamentada no CPP ou no CPPO*?

*CPPO = Código de Processo Penal do ORKUT

Até quando comportamentos e construções de narrativas levianas andarão de mãos dadas com o sensacionalismo?! A preocupação é buscar justiça e minorar a dor dos que ficaram ou vender jornal?!

A (famosa e habitual) PERVERSIDADE dos meios de comunicação:

Infelizmente casos como o da Aracelli, Ana Lídia, Carlinhos, Fera da Mamadeira, Isabella Nardoni e o da mulher que morreu por linchamento em Taubaté (vítima de fake News), nos permitem chegar à única convicção plena: há alguma lacuna / peça nesse quebra- cabeça que não encaixou e por conta disso, não houve efetivamente solução do caso. Todas as tragédias citadas chocaram e chocam até hoje o Brasil, não apenas pelo fato de todas as vítimas serem crianças, não só pela brutalidade dos crimes, mas por nenhum desses casos terem sido efetivamente solucionado.

Condenação não é sinal de justiça. Os Irmãos Naves foram condenados e a vítima que fora assassinada pelos irmãos reapareceu na cidade alguns anos depois! 

Reitero que a intenção aqui não é “causar reviravolta”, não é desqualificar o trabalho de ninguém, tampouco ser leviano ou pejorativo com nenhuma das partes envolvidas. Logo, não vou desenvolver os casos acima citados, visto que todos foram notoriamente expostos pelos meios de comunicação de forma leviana e sensacionalista. 

Como argumento de reforço, vou citar o fatídico caso da Eloá / Lindemberg em que GRANDE PARTE DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO acompanhava o caso em tempo real e os “especialistas” em segurança pública se questionavam sobre as ações da Polícia. Não foi força de expressão, pode pesquisar e você vai encontrar alguma Ana Maria revoltada por alguma “inação ou inércia” dos profissionais de segurança pública, que, diga- se de passagem, uma hora dessas, deviam estar com uma pressão absurda nas costas. 

Imagine você trabalhando e alguém te observando trabalhar. Seja a faxineira, seja seu colega de trabalho, seja seu filho (em tempos de home office), seja seu chefe, seja seu subordinado... Te incomoda e causa certa ansiedade em você. 

Imagina a Ana Hickmann pedindo “tchauzinho” para o sequestrador ao vivo no Jornal Hoje Em Dia (Rede Record)! Segue link: https://www.youtube.com/watch?v=O7-nsKMH-sU

Agora imagina você, policial do caso Eloá / Lindemberg, com o BRASIL INTEIRO TE ASSISTINDO, com o agravante de que os mesmos meios de comunicação e a mesma população que te “apoia e acredita em você” espera o menor deslize seu para jogar pedras e mais pedras na sua “falta de capacidade” em resolver tal situação, que no ponto de vista deles, era algo “fácil” de ser solucionado.

Reitero! Não estou aqui fazendo o papel de “especialista” e muito menos o de “engenheiro de obra pronta”. Não sou o profissional capacitado e qualificado para isso. Repilo qualquer interpretação tendenciosa, pejorativa e inadequada. Foca no problema e em todo o desdobramento natural que o mesmo vem causando há anos na seara criminal brasileira. 

Não te causa espanto até hoje, alguns crimes bárbaros ocorridos no Brasil, continuarem sem solução?! Ou melhor, com um “CPF condenado”, mas o caso em si, não foi solucionado.

“Não adianta só falar, tenho que provar” – Delegado Olim, responsável pelo correto indiciamento de Mizael Bispo, caso Mércia Nakashima.

“Uma coisa é você achar que é ele, outra coisa é você provar que é ele... eu tinha certeza que ele estava envolvido, mas eu precisava colocar ele na cena do crime” – Delegado Olim, responsável pelo correto indiciamento de Mizael Bispo, caso Mércia Nakashima.

Recentemente aqui no Rio de Janeiro mais uma criança faleceu, não vou ser leviano em falar em crime ou acidente ou qualquer situação que desconheço. O fato que tenho certeza é que infelizmente a criança não está mais entre nós. A dor da família é apenas da família, mas a luta por justiça, a luta pela verdadeira e cristalina justiça é de todos.

Acreditamos na justiça dos homens, vamos evitar os clichês oportunistas. 

Fontes de pesquisa: 

1. “O Pior dos Crimes” – Rogério Pagnan

2. “Casos de Família” – Ilana Casoy 

3. “Aracelli, Meu Amor” – José Loureiro

Por Leonardo R. Nolasco

1/Comentários

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