Advogado que levou socos de policial diz à corregedoria que foi ameaçado de morte pelo agressor, diz OAB

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Via @portalg1 | O advogado Orcelio Ferreira Silvério Júnior que foi filmado ao levar série de socos de um policial disse, nesta sexta-feira (23), em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar e Civil que foi ameaçado de morte pelo agressor, conforme a Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO). Vídeos registraram a ação, em Goiânia. Um policial foi afastado.

O depoimento foi acompanhado pelo membro da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB Alexandre Pimentel. Por por meio de ofício, a comissão solicitou à Secretaria de Segurança Pública (SSP) que garanta a segurança e proteção do advogado e de sua família.

“Ele relatou à corregedoria da Polícia Militar e da Civil que nas dependências da Central de Flagrantes, quando estava algemado e detido indevidamente, ele recebeu ameaça do agressor no sentido de que conhece onde a família dele mora, onde ele mora, que sabe a ficha dele e que iria matá-lo”, contou Pimentel.

O G1 solicitou um posicionamento à SSP por e-mail enviado às 21h07 e aguarda um retorno.

Conforme a OAB, o depoimento à Corregedoria da Polícia Civil foi em relação à denúncia de que ele foi agredido na Central de Flagrantes e que uma agente da corporação presenciou e o ouviu pedindo por socorro, mas que não fez nada.

A delegada Nilda Andrade, responsável pela investigação, disse que deve concluir a investigação em até 30 dias e que vai analisar os exames de corpo de delito para verificar se, de fato, houve uma segunda agressão quando ele já estava na triagem da Polícia Civil.

"Já requisitamos as imagens internas da central de flagrantes. Caso seja apurada a responsabilidade deles, eles poderão responder penal e administrativamente", disse a delegada.

Em nota, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) informou que instaurou inquérito civil público para apurar a suposta prática de ato de improbidade administrativa por parte dos policiais militares.

Nesta quarta, um grupo de advogado enviou um abaixo-assinado ao MP pedindo a prisão preventiva dos policiais que aparecem nas imagens. Os advogados afirmam que os agentes cometeram pelos menos três crimes - tortura, lesão corporal grave e abuso de autoridade.

O Promotor de Justiça Felipe Oltramari, responsável pelo caso, defende que a PM de Goiás use câmeras para gravar as abordagens, como já acontece em outros estados do país.

“É um importante mecanismo de colheita de provas dentro da atuação da Polícia Militar”, disse.

Abordagem na frente do pai

Orcelio Ferreira Silvério, pai do advogado, disse que o filho chegou a desmaiar por três vezes. As imagens mostram que um PM chega a imobilizar o advogado apertando o pescoço dele com as pernas.

"Estou me sentindo um homem morto, porque um pai que vê um filho ser espancado e não poder fazer nada. Um homem de 62 anos que toma remédio controlado. Eu fiz três pontes de safena há três anos. É muito revoltante", lamentou Silvério.

A aposentada Neuza Maria Costa, 70 anos, que aparece de bengala nas imagens, disse que tentou ajudar o advogado ao pedir para os policiais pararem com as agressões.

"Foi a hora que eu abaixei e pedi para não fazer aquilo porque estava enforcando ele. Eu senti que foi muita violência, não precisava daquilo tudo não", destacou.

Momento em que advogado fica com pescoço preso entre as pernas de PM, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

PM afastado

A Polícia Militar disse em nota que afastou das funções operacionais o policial que aparece nos vídeos dando socos no advogado. A corporação informou ainda que não compactua com qualquer tipo de excesso e que o caso está sendo apurado com o devido rigor.

De acordo com a PM, a confusão começou quando a equipe abordava um flanelinha no estacionamento do camelódromo, em frente ao terminal Praça da Bíblia. Segundo o boletim de ocorrência, o cuidador de carros estava ameaçando motoristas a pagarem por terem estacionado no local.

Segundo a equipe, durante esta abordagem, o advogado se aproximou com o celular em mãos filmando a ação. Consta que, ao ser questionando pelo motivo da gravação, Orcelio respondeu estar a trabalho, sem dizer sua qualificação ou função ou o porquê de “estar invadindo o perímetro de segurança da abordagem policial”.

Os PMs disseram que precisaram conter o advogado porque ele desobedeceu a corporação, desferiu chutes e mordeu o dedo de um policial.

Agressão em delegacia

O advogado denuncia que foi agredido novamente pelos policiais. Desta vez, dentro da Central de Flagrantes da Polícia Civil, para onde foi levado após a abordagem em frente ao camelódromo.

"Fui agredido dentro do pátio da delegacia, já entregue, e dentro da triagem também. Pedi socorro, e uma policial civil que não quis se identificar foi negligente no momento que estava sendo torturado", denunciou o advogado.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que está tomando as medidas cabíveis para esclarecimento dos fatos e, se necessário, comunicará a Corregedoria para as devidas providências.

Por Guilherme Rodrigues, G1 GO
Fonte: g1.globo.com

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