'Brasil é um faz de conta', diz juíza ao decretar prisão de motorista que matou bebê em acidente

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Via @portalg1 | A Justiça de Roraima decretou, nesta segunda-feira (8), a prisão preventiva do motorista Almir Mota Lira, de 49 anos, que causou o grave acidente de trânsito que matou um bebê de 1 ano e deixou um menino, de 7 anos, ferido nesse domingo (7), em Boa Vista. Ele estava embriagado na hora do acidente, conforme a Polícia Rodoviária Federal.

Lira teve a prisão preventiva decretada durante audiência de custódia. Em 2018, ele já havia sido flagrado pela PRF dirigindo sob efeito de álcool.

Na decisão, a juíza Joana Sarmento entendeu que a liberdade do suspeito pode trazer "perigo a ordem pública e paz social" e citou a necessidade em mantê-lo preso, tendo em vista a reincidência no crime de embriaguez ao volante.

"Certamente se o flagranteado tivesse ficado preso na primeira vez a vida de um bebe de apenas 01 ano de idade teria sido preservada. Infelizmente cumprimento de pena no Brasil é um faz de conta: o réu finge que cumpre pena, uma vez que fica solto mesmo sendo motorista profissional e respondido por crime relacionada a embriagues [sic] ao volante", citou a juíza na decisão.

A defesa do suspeito foi procurada, mas não retornou as ligações e nem respondeu às mensagens enviadas.

Prisão

O motorista foi preso em flagrante pela Polícia Rodoviária Federal ainda no local do acidente. Ele se negou a fazer o teste do bafômetro, mas os agentes identificaram que ele estava com uma "série de sinais de alcoolemia". O homem trabalhava para o senador Chico Rodrigues (DEM), flagrado com dinheiro na cueca no ano passado.

Lira conduzia uma caminhonete e bateu contra um carro de aplicativo onde estavam o bebê, o irmão dele, de 7 anos, a mãe, de 30, além do motorista e uma outra pessoa. O acidente foi Km 503, na Avenida Brasil, perímetro urbano da BR-174.

O bebê, identificado como Dom Rhavi Marques Soares deu entrada no hospital em parada cardíaca, não resistiu aos ferimentos e morreu, informou nesta segunda-feira (8) a prefeitura da capital, responsável pela unidade. Ele morreu por volta de 18h40.

Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram o trabalho dos Bombeiros no resgate às vítimas e o momento em que o suspeito foi preso pela PRF.

O g1 entrou em contato com a irmã do motorista que o acompanhou na delegacia e ela disse não estar a parte de todos os fatos, mas que aguarda a audiência de custódia. Afirmou, ainda, que o suspeito "causou uma desgraça na família da criança e na própria família."

O acidente

Os dois meninos eram irmãos e estavam em um carro de aplicativo com a mãe, de 30 anos, o motorista, de 20, e uma outra pessoa. O veículo foi atingido pela caminhonete e ficou completamente destruído.

A mãe das crianças se feriu e precisou ser levada ao hospital pelo Resgate dos Bombeiros. Já o motorista e a outra pessoa sofreram ferimentos leves, informou a corporação. O menino de 7 anos segue internado.

Além do carro de aplicativo e da caminhonete, o acidente envolveu um outro veículo de passeio, mas os três ocupantes não se feriram e permaneceram no local do acidente, segundo os Bombeiros.

Após o acidente, Chico Rodrigues divulgou uma nota nas redes sociais afirmando ter exonerado Lira do cargo. No entanto, o nome dele ainda consta no portal da transparência do Senado como sendo motorista do senador, com salário de R$ 4.498,14.

Nas redes sociais, Chico Rodrigues (DEM) lamentou o acidente e informou que o motorista foi exonerado — Foto: Reprodução

Homicídio Culposo

Preso pela PRF, Almir Mota Lira foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil. Na delegacia ele foi autuado em flagrante por crime de homicídio culposo - quando não há intenção de matar - na direção de veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa.

Além disso, também foi autuado por desacato, resistência, lesão corporal culposa grave ou gravíssima na direção de veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.

Ele se negou a fazer o exame de alcoolemia e se negou a prestar depoimento, afirmando que só responderia em juízo, informou a Polícia Civil.

Após o procedimento na Central de Flagrante, o homem foi encaminhado para Audiência de Custódia, uma vez que o crime não cabe fiança em razão da alteração do Código de Trânsito Brasileiro que prevê a prisão de motoristas que dirigem embriagados e provocam acidentes com vítimas.

O acidente foi Km 503, na Avenida Brasil, perímetro urbano da BR-174.

Por g1 RR — Boa Vista
Fonte: g1.globo.com

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