A armação do filho de Erasmo, de 14, quebrou uma semana depois que ele fez a troca das lentes no comércio. "Como eles [ótica] manipularam, entendi que o erro foi deles", explicou o advogado, que recebeu a nota com a 'ofensa' após dizer que acionaria a Justiça se a substituição não fosse feita.
O estabelecimento afirmou, por meio de nota à imprensa, que o documento foi escrito na hora da troca e houve um erro de digitação. De acordo com a ótica, a data '03/10/2024' indica a intenção de escrever que o "cliente trouxe" a armação naquele dia, e não "cliente trouxa", como está no texto.
O advogado afirmou que, apesar de ainda não concordar com o argumento do erro de digitação, considerou que a repercussão nacional do caso fez com a mulher refletisse sobre a própria atitude.
"Fico feliz pela atitude da funcionária e eu libero o meu perdão à ela [...] Assim todos crescem, eu como indivíduo, a funcionária, que ficará mais atenta, e a empresa, que deve ter revisto suas políticas internas", disse Erasmo.
O advogado, no entanto, afirmou que não pretende voltar a comprar na unidade da Belliótica em questão, localizada no bairro Aparecida, até que o comércio entre em contato com ele.
Erasmo disse ter enviado uma mensagem para a loja, mas ressaltou que não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
O que diz a funcionária?
A funcionária, que preferiu não se identificar, afirmou ao g1 que trabalha há 11 anos na empresa e se sentiu culpada por ter cometido um erro de digitação que poderia atrapalhar a 'imagem' da ótica. "Tentar insultar uma pessoa não é procedimento da empresa, nem do meu caráter", disse ela.
A mulher contou ter ficado "tão abalada" emocionalmente com a situação que precisou ir ao hospital após passar mal com a pressão alta e enxaqueca. "Isso [repercussão] não tinha necessidade de ter acontecido até porque no ato eu pedi desculpas para ele [Erasmo] pelo erro", afirmou a funcionária.
Funcionária chamou cliente de 'trouxa' em recibo de ótica em Santos (SP) — Foto: Arquivo pessoal
O caso
O advogado explicou que procurou a ótica, no dia 17 de setembro, porque o grau do óculos do filho tinha mudado. Como o adolescente gostava da armação que foi comprada no mesmo local há quase dois anos, Erasmo aceitou a proposta de um atendente de trocar apenas as lentes.
Em 24 de setembro, ele foi até a ótica retirar o óculos com as novas lentes e, uma semana depois, o filho informou que a armação havia quebrado. "Estava no rosto e simplesmente quebrou [...] bem na junta onde está o parafuso. Como eles [ótica] manipularam, eu entendi que o erro foi deles", disse.
Erasmo levou o óculos quebrado no estabelecimento no dia 3 de outubro e escutou de uma funcionária que a troca não seria realizada porque tratava-se de um problema de mau uso. Ele afirmou à ela que acionaria a Justiça, já que acreditava que o dano foi causado pelo esforço do profissional na troca da lente.
Depois do desentendimento entre a funcionária e o cliente, Erasmo contou que ela conversou com um supervisor e fez a troca por uma outra armação parecida. Mesmo não sendo a mesma, o advogado explicou que aceitou porque o filho ficava com dores de cabeça sem óculos.
'Cliente trouxa'
Com o problema resolvido, Erasmo foi assinar o recibo de troca e viu que estava escrito 'cliente trouxa'. Segundo o advogado, a funcionária tentou tirar o papel da mão dele, alegando ter sido um erro de digitação e que teria confundido com as palavras 'troca' ou 'trouxe'.
"É um pensamento e direito dela de pensar que eu sou um trouxa. Mas, colocar isso no papel, eu achei que foi muito abusivo e vergonhoso. Me senti humilhado", afirmou Erasmo.
Em nota, a ótica explicou que o documento foi escrito na hora da troca e houve um erro de digitação. De acordo com o estabelecimento, a data '03/10/2024' mostra que a intenção seria escrever que o 'cliente trouxe' a armação naquele dia e não 'cliente trouxa', como está na nota que foi emitida.
A loja afirmou que não houve uma adjetivação ao advogado que, ainda segundo a ótica, foi grosseiro e agressivo com as atendentes. "[O cliente] busca reverter a sua reprovável conduta contra uma mulher aproveitando-se do erro de digitação. Lamentável'", afirmou estabelecimento, em nota ao g1.
Por outro lado, Erasmo afirmou não acreditar que foi um erro de digitação e destacou não ter sido grosseiro com as funcionárias do local. "Foi uma ofensa totalmente desnecessária [...]. Eu não fui ignorante e nem grosso [ao pedir a troca]. Eu fui impositivo e exigi um direito que eu tenho", explicou.
Por Gyovanna Soares, g1 Santos
Fonte: @portalg1
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