O que aconteceu
Ministério Público denunciou o agressor por tentativa de feminicídio na sexta-feira. No documento, ao qual o UOL teve acesso, o órgão apontou qualificadoras, como crime com emprego de meio cruel e por motivo fútil, praticado no contexto de violência doméstica e familiar.
Para o MP, Pedro teve ''evidente intenção de matar''. ''A vítima foi socorrida e encaminhada ao hospital, onde recebeu eficiente atendimento médico. Assim, por circunstâncias alheias à vontade do acusado, o crime não se consumou.''
A denúncia foi aceita no mesmo dia pela 4ª Vara do Júri da Capital. A juíza Luciana Menezes Scorza escreveu em sua decisão que há fundamentos suficientes para instaurar o processo judicial.
É um "grande passo em busca por Justiça'', afirmou a advogada Mansur. O UOL não informará o nome da vítima para preservá-la.
Médica ficou em estado grave
Mulher ficou internada em estado grave na UTI e teve alta em 27 de julho. Logo após o espancamento, ela ficou sob cuidados no municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha, na capital paulista, e foi transferida para Baixada Santista dois dias depois.
Ela teve fraturas no crânio e face, com cortes no rosto e na cabeça. Nos primeiros dias, a vítima teve dificuldades para respirar e precisou ser intubada. Ela também foi submetida a diversas cirurgias reconstrutivas, informou Gabriela.
"Meio que saí de mim", disse fisiculturista
Policiais acharam a mulher caída na sala do apartamento no dia 14 de julho após serem acionados por um vizinho. Os militares entraram no imóvel depois que tocaram a campainha e não tiveram resposta. Segundo o boletim de ocorrência, eles ouviram um som que parecia uma respiração ofegante.
Casal estava na capital para comemorar o aniversário da vítima. Eles alugaram um apartamento em Moema, zona sul da capital, para passar o fim de semana e deveriam sair naquele mesmo dia. O crime aconteceu horas antes, na madrugada.
Pedro disse não lembrar sobre o que aconteceu naquela madrugada. Em um trecho da audiência de custódia ao qual o UOL teve acesso, o fisiculturista afirmou que quebrou o metacarpo (osso entre o punho e os dedos) durante "confusão" com a namorada.
Na audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida para preventiva por tentativa de homicídio. "O modus operandi denota covardia, descontrole emocional e periculosidade concreta por parte do custodiado, homem fisiculturista de robusto porte físico, que teria socado intensamente o rosto de sua namorada'', escreveu o juiz Diego de Alencar Salazar Primo na decisão.
Aos policiais, Pedro teria confessado o crime e justificado ciúmes como motivação. Ele disse, segundo a polícia, que tinha visto conversas da mulher com outro homem no celular dela.
O que diz a defesa
À Justiça, defesa alegou problemas de saúde de Pedro, como Transtorno Alimentar de Bulimia Nervosa. Um relatório psicológico anexado pelos advogados ao processo também cita abuso de anabolizantes, esteroides e medicamentos psiquiátricos. Documento diz ainda que o réu não continuou com o atendimento psicológico.
Qualquer manifestação sobre o caso é prematura, disse o advogado do fisiculturista, à imprensa. Em nota, Danilo Pereira argumenta que ainda faltam etapas burocráticas. "Deverá prevalecer o respeito às partes e seus respectivos familiares, de modo que toda e qualquer manifestação será realizada exclusivamente no bojo dos autos, após franqueada a íntegra da documentação".
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
Luana Takahashi
Fonte: @uolnoticias
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