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'Toró de parpite'; entenda expressão mineira usada por advogado de general Heleno no segundo dia de julgamento no STF

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Via @jornaloglobo | No segundo dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Matheus Milanez, que defende o general Augusto Heleno, chamou atenção ao recorrer a uma expressão típica de Minas Gerais: “toró de parpite”. A fala aconteceu quando Milanez comentava a reunião ministerial apresentada pela acusação como prova de que Bolsonaro e seus auxiliares teriam discutido medidas para questionar o resultado das eleições de 2022 e organizar os atos golpistas de 8 de janeiro.

Milanez, que foi o primeiro a apresentar a defesa nesta quarta-feira, buscou minimizar o peso do encontro, afirmando que não houve planejamento golpista, mas apenas falas desconexas:

"Excelência, trata-se de uma reunião ministerial, onde a dosagem de palavras não era necessária. Eu indago a Vossas Excelências: se em uma reunião fechada vocês medem as palavras tal qual em público?", disse o advogado de Heleno.

Na sustentação, o advogado argumentou que o general Heleno defendeu posições republicanas e que não houve definição de ordens ou planejamento concreto para os atos do 8 de janeiro, apenas um "toró de parpites":

“Essa reunião, com todo respeito à ministra Cármen Lúcia, e mais aos mineiros que tenho muito no coração, pois sou de São Paulo, seria um 'toró de parpite' na minha terra. Foram falas, falas, falas. O que ficou proposto?”, questionou Milanez.

Para reforçar sua tese, Milanez destacou que a própria reunião terminou com Bolsonaro apenas agradecendo os presentes, sem encaminhamentos práticos.

"O mais curioso é como termina essa reunião: o presidente Bolsonaro fala ‘senhores, sem cortar, muito obrigada a todos, porque senão não termina’. Então é assim que termina uma reunião que teria como objetivo preparar os atos do dia 8 de janeiro?”, disse Milanez.

O que significa 'toró de parpite'?

"Toró de palpites", ou “toró de parpite”, na forma como o advogado usou, é muito próximo da expressão “chuva de ideias”. Na rede social X, usuários chegaram a explicar que a expressão mineira relembra algo como o termo brainstorming (tempestade de ideias, em Inglês).

Quem é Matheus Milanez, advogado de general Heleno

O advogado de Augusto Heleno, Matheus Milanez, foi o primeiro a apresentar defesa no segundo dia do julgamento, na manhã desta quarta-feira. Em junho deste ano, ele já havia ganhado destaque ao ser ironizado pelo ministro Alexandre de Moraes, ao final da audiência que ouviu os primeiros interrogatórios dos oito réus na trama golpista. Na ocasião, Milanez pediu que os depoimentos fossem adiados alegando que precisava de mais tempo para jantar, já que só teria tomado café da manhã.

Advogado de general Heleno, Matheus Milanez, fez post nos stories do Instagram após ser ironizado por Moraes por ter pedido adiamento do início da sessão — Foto: Reprodução/Redes sociais

O advogado, no entanto, já chamava atenção antes disso. No início do ano, durante a análise da denúncia contra os réus pela Primeira Turma do STF, usou a expressão “terraplanismo argumentativo” em defesa de seu cliente.

Fora do tribunal, Milanez mantém presença ativa nas redes sociais. Em seu perfil no Instagram, se apresenta como professor, mestrando em Direito pela UnB e presidente da Comissão de Direito Militar da OAB-DF. Em uma publicação recente, afirmou ter “honra de ser advogado” e revelou carregar como amuleto um anel dourado herdado do pai, que considera um lembrete diário de sua missão: “defender histórias, acreditar naqueles que ninguém mais acredita”, escreveu.

Nesta manhã, minutos antes de entrar em cena na defesa de Augusto Heleno, ele postou um storie no Instagram dizendo: "hoje o dia promete".

Matheus Milanez abriu sua sustentação pedindo a anulação do processo por cerceamento de defesa. Entre os argumentos apresentados, o advogado afirmou que a Polícia Federal disponibilizou de forma desordenada as provas apreendidas na operação que teve o general como alvo. Ele destacou ainda que, durante o interrogatório de Augusto Heleno, a maioria das perguntas partiu do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Segundo Milanez, enquanto o Ministério Público fez 59 perguntas, Moraes formulou 302.

Por Anna Bustamante — Rio de Janeiro
Foto: Gustavo Moreno/STF
Fonte: @jornaloglobo

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