A resistência ganhou força nas últimas semanas e se combina a um impasse criado dentro do próprio governo: a mensagem formal de indicação ainda não foi encaminhada ao Congresso, embora o Planalto tenha anunciado Messias há mais de uma semana. A sabatina está marcada para o dia 10 de dezembro, mas sem o envio da mensagem o cronograma pode ser revisto.
O clima se agravou após Alcolumbre divulgar, neste domingo, uma nota pública expressando descontentamento com a condução do processo pelo governo.
No texto, o presidente do Senado cobrou “respeito institucional” e afirmou que a Casa “não será tratada como mera homologadora de decisões unilaterais do Executivo”. A manifestação foi interpretada por parlamentares como um sinal claro de que Alcolumbre está disposto a deixar o desgaste à mostra e não pretende facilitar o avanço da indicação.
Nos bastidores, senadores próximos a Alcolumbre avaliam que o atraso embaraça o processo e evidencia desorganização política do governo. O presidente do Senado já vinha demonstrando desconforto com a escolha de Lula - defendia um nome com trânsito mais amplo na Casa — e agora, com a demora na formalização, vê espaço para consolidar a rejeição.
A percepção entre opositores e parte da ala independente é que Messias não construiu relação com o Senado ao longo dos últimos anos e é visto como excessivamente alinhado ao governo, o que aumenta as resistências. Para alguns parlamentares, Lula anunciou o nome sem antes buscar um acordo mínimo com a cúpula do Senado, repetindo desgastes de indicações anteriores.
Dentro do Planalto, auxiliares admitem preocupação. Assessores de Lula relatam que o presidente pretende intensificar, nos próximos dias, conversas diretas com líderes partidários e com o próprio Alcolumbre, numa tentativa de reverter a tendência desfavorável. Governistas reconhecem que o ambiente é “muito mais hostil do que o calculado”.
A demora no envio da mensagem também alimenta leituras de que Lula tenta ganhar tempo para medir o tamanho da resistência e negociar apoio. Parlamentares afirmam que, se o documento não for enviado ao Senado até o início da próxima semana, a sabatina dificilmente será mantida para o dia 10, abrindo margem para que opositores ampliem a pressão.
Aliados de Alcolumbre sustentam que o número de votos contrários pode até aumentar caso o Planalto tente forçar o cronograma sem costurar apoio político. Governistas, por sua vez, veem risco concreto de derrota, mas apostam que Lula ainda conseguirá virar parte dos votos antes da votação final.
O que era para ser uma indicação relativamente controlada transformou-se em um dos maiores testes de força entre o governo e o Senado neste ano. Entre parlamentares, a avaliação é de que, independentemente do desfecho, o Planalto já pagou um preço alto pela condução da escolha — e que a batalha por Messias está longe de ser simples.
Por Túlio Amâncio
Fonte: @bandtv

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