Advogado assassinado: Sotero é condenado a mais de 30 anos e perde cargo de delegado

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bit.ly/35MMiGV | Após três dias de julgamento, o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de Amazonas condenou Gustavo Sotero, na noite desta sexta-feira (29), a mais de 30 anos de prisão por três crimes cometidos dentro de uma casa noturna de Manaus, localizada na Zona Oeste, no dia 25 de novembro de 2017. A ação resultou na morte do advogado Wilson Justo Filho.

Em relação à morte de Wilson Lima Justo Filho, o réu teve a pena fixada em 15 anos e 10 meses de reclusão.

Conforme a sentença, Sotero cometeu crime de lesão corporal contra Fabíola Rodrigues, esposa de Wilson, que resultou na pena de 3 anos e 6 meses de reclusão. Já a lesão corporal contra Yuri José Paiva resultou em 2 anos e 6 meses.

Em relação a Mauricio Carvalho, Sotero teve a pena fixada em 8 anos e quatro meses de reclusão, somando definitiva a pena de de 30 anos e 2 meses de reclusão que deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado. O agora ex-delegado não poderá recorrer da sentença em liberdade.

Conforme a decisão, Gustavo Sotero cometeu homicídio privilegiado com duas qualificadoras, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O motivo fútil foi negado.

Dinâmica do julgamento 

Após mais de uma hora de reunião para decidir a sentença, componentes do júri e o juiz Celso Souza de Paula retornaram para a sessão. Não houve réplica e nem tréplica, pois durante o decorrer dos três dias, dois peritos e 16 testemunhas já haviam sido ouvidas. Hoje, apenas o réu prestou depoimento

Durante a leitura da decisão, o juiz Celso esclareceu que foi necessário somar as penas, pois a maioria foi por crime privilegiado e qualificado.

"Foi dificultoso fechar esse caso, mas conseguimos ter êxito. Muitas testemunhas para ouvir, muitas imagens para analisar e o trabalho para julgar o réu foi tenso. Entretanto, a conclusão foi definida e o caso encerrado", disse.

Representantes do Ministério Público do Estado (MPAM) e a Ordem dos Advogados do Amazonas (OABAM) deram suas considerações finais agradecendo ao júri pelos dias de julgamento, à imprensa que acompanhou o caso e deram palavras de conforto aos familiares da vítima e do réu.

"É um resultado justo. O argumento de legítima defesa não poderia passar. Houve um excesso doloso. A defesa inclusive deve entrar com recursos para tentar reverter a situação, mas o máximo que pode conseguir é um pedido de habeas corpus para o acusado pagar a sentença em liberdade. Acredito que só consigam isso devido à circunstância do caso", disse o promotor do MPAM, George Pestana.

O assistente de acusação, Anielo Aufiero, comentou o caso que demorou dois anos para o desfecho.

"Sempre entendemos que o caso não foi legítima defesa. No tribunal do júri não há vencedores, só perdedores. Isso porquê tem o réu que será penalizado, a família da vítima que não terá mais o ente querido, e os sobreviventes que ficaram traumatizados com a desagradável experiência", disse o assistente.

Questionado sobre falha na defesa por conta do réu não ter sido absolvido, Cláudio Dalledone, advogado de Sotero, disse que a defesa conseguiu reverter duas tentativas de homicídios para lesões corporais. Ele falou sobre os recursos impetrados nos próximos dias para ajustar a pena.

"Desclassificamos duas tentativas de homicídio para lesão corporal. Tiramos qualificadoras e colocamos a tese do homicídio privilegiado. Eu continuo com a certeza de que esse homem merece a absolvição. Agora ele tem direito ao habeas corpus para responder em liberdade", explicou.

A viúva de Wilson, Fabíola Rodrigues, falou com a imprensa muito emocionada e disse que seu desejo é mostrar para as filhas, quando crescerem, o quanto lutou pelo esposo. Ela disse que está exausta por ter que relembrar os momentos da morte do marido.

"Eu acho que a justiça foi feita, mas acho que a condenação ficou longe do que ele realmente merecia. Espero conseguir seguir minha vida e nada vai trazer o meu marido de volta. Aqui eu não ganhei, eu só perdi", lamentou.

A família de Sotero preferiu não se pronunciar.

Fonte: d.emtempo.com.br

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