MPF denuncia hacker, Glenn Greenwald e mais cinco por invasão de celular de autoridades

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bit.ly/2RdYM5Z | O Ministério Público Federal apresentou denúncia nesta terça-feira contra sete pessoas, incluindo o jornalista Glenn Greenwald, pela invasão do Telegram de autoridades públicas. O caso é investigado na Operação Spoofing. Para o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, da Procuradoria da República no Distrito Federal, Glenn Greenwald foi "partícipe" nos crimes de invasão de dispositivos informáticos e monitoramento ilegal de comunicações de dados, além de ter cometido o crime de associação criminosa.

Também foram denunciados o hacker Walter Delgatti Neto, que admitiu ter invadido as contas e repassado as conversas para o jornalista, e outras pessoas ligadas a Delgatti: Thiago Eliezer Santos, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Luiz Henrique Molição.

Dentre os alvos das invasões estavam o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, Deltan Dallagnol. Segundo as investigações, as conversas copiadas do Telegram de Deltan foram repassadas ao site "The Intercept Brasil" e subsidiaram reportagens com base nos diálogos.

A investigação da Operação Spoofing teve acesso a diálogos entre um dos hackers e Glenn Greenwald. Segundo a denúncia, as conversas de Greenwald com uma das pessoas do grupo de hackers mostrariam que ele orientou o grupo a se desfazer das mensagens e apagar provas que pudessem vinculá-los às invasões.

"Diferentemente da tese apresentada pelo jornalista, Glenn Greenwald recebeu o material de origem ilícita enquanto a organização criminosa ainda praticava condutas semelhantes, buscando novos alvos, possuindo relação próxima e tentando subverter a noção de proteção ao 'sigilo da fonte' para, inclusive orientar que o grupo deveria se desfazer das mensagens que estavam armazenadas para evitar ligação dos autores com os conteúdos 'hackeados', demonstrando uma participação direta nas condutas criminosas", diz a denúncia.

Prossegue o procurador: "Greenwald, então, indica que o grupo criminoso deve apagar as mensagens que já foram repassadas para o jornalista de forma a não ligá-los ao material ilícito, caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos".

As conversas estão anexadas à denúncia. No documento, o procurador aponta que não foi possível aprofundar as investigações sobre Glenn Greenwald porque existe uma decisão liminar vigente que o impedia de ser investigado.

O procurador apresentou denúncia tendo como base relatório finalizado pela Polícia Federal no fim do ano passado, mas a PF considerou que não havia cometimento de crimes por parte de Glenn Greenwald. No relatório, o delegado Luiz Flávio Zampronha escreveu: "Assim, pelas evidências obtidas até o momento, não é possível identificar a participação moral e material do jornalista Glenn Greenwald nos crimes investigados".

Wellington Marques é o mesmo procurador que denunciou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Felipe Santa Cruz por suposto crime de calúnia contra o ministro Sergio Moro, por declarações concedidas por Santa Cruz. A denúncia foi rejeitada pela Justiça Federal.

Aguirre Talento e Leandro Prazeres
Fonte: O Globo

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