O Mindset para a Mudança em Negócios Jurídicos

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bit.ly/2Bs2hkd | Muito tem se escrito e falado sobre as novas habilidades ou habilidades do futuro, também chamadas de soft skills por muitos autores e consultores de comportamento em negócios. Mas não nos assustemos! Esse linguajar todo pode chocar aos mais desavisados, gerando um desconforto até pela terminologia em inglês, mas não é assim um bicho de sete cabeças.

Vamos lá. O termo mindset pode ser traduzido ao português como mentalidade, ou seja, sobre comportamentos humanos decorrentes de uma pré-disposição a padrões de comportamento. O termo em inglês ficou popularizado para o ambiente de negócios - principalmente - a partir do livro publicado em 2017 por Carol S. Dweck, referindo-se, em síntese a dois tipos de crenças observadas ao longo das pesquisas propostas pela autora: o mindset fixo e o mindset de crescimento.

Se você possui como característica crenças que o levam a pensar que isso é assim mesmo; isso jamais vai mudar; eu nasci assim, com essa natureza ou minhas capacidades são limitadas, você está no mundo das pessoas com o mindset fixo. De outro lado, se você tem como característica acreditar que pode mudar sempre, melhorar suas habilidades, modificar até o tipo de pessoa que é, há uma mentalidade de crescimento.

Contextualizando. Todos nós - formados na área jurídica - temos lacunas de treinamento e aprendizado inerentes às omissões do sistema de ensino em nos capacitar para finanças, negócios, gestão de pessoas, criatividade, dentre diversas outras habilidades - sejam elas hard ou soft skills. O desafio, portanto, está posto já há algum tempo, agora acelerado por efeito da COVID-19: como gerar negócios rentáveis em um mercado de serviços comoditizado?

O que, de acordo com a quase unanimidade dos profissionais de RH, é definido como foco é propor a mudança, a transformação. Mas isso é assim tão drástico? Acredito que nem tanto assim. Vejo que a mudança de mindset dos profissionais jurídicos deve observar a necessidade de se capacitar. Isso é, hoje, viável e acessível a todos por plataformas digitais com preços muito atrativos. Ademais, a referida transformação não pode significar uma virada completa e brusca. Não é sustentável que assim seja.

A reestruturação dos serviços jurídicos deve observar o simples para se chegar ao que pode ser óbvio, mas não era, antes, visto por todos nós. A visão é sempre limitada e viciada por dogmas e posições do tipo "sempre foi assim". A mudança deve partir de uma guinada do mindset fixo para um mindset de crescimento. Tal ponto parece inegociável.

O mercado jurídico e as suas tradições fizeram com que houvesse zonas de conforto. A partir da premissa de que qualquer mudança demoraria anos ou décadas, nós - profissionais jurídicos - ficávamos deixando a maré nos levar. Ocorre que a maré nos colocou em uma posição desconfortável. O advogado vê seus honorários reduzidos. O jurídico interno vê seu orçamento cada vez menor. Os gestores públicos observam demandas cada vez mais complexas com alternativas cada dia mais inviáveis.

Vemos que ferramentas padronizadas nem sempre geram mesmos resultados. Somos um país continental, com problemas distintos em cenários complexos. Além de tudo, estamos atrasados com a nossa inteligência de dados, o que nos priva de estruturações, validações de negócios e de parcerias público-privadas capazes de resolver demandas importantes.

Concluindo, portanto, pode-se dizer que ferramentas, tecnologias e capital humano são abundantes em todo o globo. Necessidades, no mesmo sentido, também são. Podemos tomar como mentalidade que somos incapazes de aprender com as objeções e problemas, mantendo o status quo, ou efetivarmos também no mercado jurídico o mindset do crescimento. As habilidades necessárias para tanto parecem estar escondidas em nosso interior. Mas as possuímos em grande parte. Caso não as tenhamos, podemos sim treiná-las. Comunicação, colaboração, empatia, visão sistêmica e integração de conhecimentos são algumas ferramentas para pavimentar o caminho. Podem até ser simples, mas de forma alguma são fáceis. A transformação deve, assim, partir de cada um de nós para que essa trilha consiga ser percorrida com êxito.

Rafael Pereira,
Advogado e Professor.

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