Homem negro agredido por PM será indenizado em R$ 30 mil, decide TJDFT

homem negro agredido pm indenizado 30
O Tribunal de Justiça condenou o Distrito Federal a indenizar Welington Luiz Maganha, 31 anos, que foi agredido por policiais em junho do ano passado, quando saía de um supermercado em Planaltina. O vendedor ambulante deve receber R$ 30 mil por danos morais.

“Entendemos que, considerando o sofrimento suportado pelo Wellington, o valor é baixo, mas reconhecemos que representa um avanço no combate a abusos policiais como esse, já que até pouco tempo atrás essas situações eram tidas como comuns e sequer eram levadas ao Judiciário, e consequentemente não haviam quaisquer punições”, afirma Anderson Tiago, advogado de Wellington.

De acordo com o advogado, o vendedor se sente aliviado. “Me disse que pelo menos todo o sofrimento vai ser recompensado e os culpados serão punidos de alguma forma”, completa.

A Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) informou que ainda não foi intimada da decisão e acrescentou que irá analisar o cabimento do recurso assim que for notificada.

Conforme depoimento, a vítima saía de um supermercado no Setor de Áreas Especiais Norte de Planaltina por volta das 21h25, em 1º de junho de 2020. Wellington havia travado uma breve discussão com os funcionários do estabelecimento, que teriam apresentado resistência em viabilizar a senha da rede wi-fi.

Ao ser abordado no estacionamento do supermercado por policiais militares, Wellington foi agredido com golpes de cassetete e spray de pimenta.

O momento foi gravado por testemunhas. As imagens viralizaram e causaram muita indignação nas redes sociais.

Mesmo já se encontrando caído no chão, a vítima continuou sendo agredida. Os policiais também lhe arremessaram uma pedra.

Nas palavras de Welington, o medo foi o principal sentimento na hora das agressões. “Naquele momento, eu achava que ia morrer”, contou. Mas o vendedor ambulante também mostrou compreensão ao falar dos policiais.

“Eu aceito o perdão, eu perdoo. A gente tem que perdoar. Não sei o que deu na cabeça deles”, afirmou. “Que possam refletir sobre o que fizeram porque não está certo.”

“Não sou bicho”

Welington havia conversado com o Metrópoles sobre a abordagem dos policiais. “Eu não sou bicho para me tratarem assim”. Não encontraram nada suspeito, mas, segundo a versão da vítima, os militares começaram a agredi-lo sem motivo aparente. “Me enquadraram, mandaram eu calar a boca, me chutaram”, conta.

A partir daí, Welington não se lembra de muitas coisas, quantos golpes de cassetete levou, por exemplo. “É como se eu tivesse ficado cego, sabe? Apagou tudo”, diz.

Lembra das pauladas, de ter recebido um jato de spray de pimenta nos olhos, chutes e uma pedrada na cabeça. “Onde já se viu polícia jogar pedra? Eu já tinha sido abordado pela polícia antes, mas sempre tratei com respeito e sempre me trataram com respeito”, conta Welington, que vende doces, fones de ouvidos e porta-documentos em ônibus pela cidade.

Luísa Guimarães
Fonte: www.metropoles.com

0/Comentários

Agradecemos pelo seu comentário!

Anterior Próxima