Presidente da República xinga presidente do TSE de "idiota" e "imbecil"

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"Eleição vai haver, eu garanto", disse nesta sexta-feira (9/7) o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a mais um ofensa proferida pelo presidente Jair Bolsonaro contra as instituições da República.

Chamado de "idiota" e "imbecil" por Bolsonaro durante encontro com fãs de cercadinho pela manhã, em Brasília, o também ministro do Supremo Tribunal Federal disse ao colunista Josias de Souza, do UOL , que não pode "parar para bater boca".

No fim da tarde de hoje, o TSE divulgou uma nota oficial do ministro Barroso. Clique aqui para ler.

"A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feito em 2014", declarou o mandatário, repetindo a acusação infundada de que o então candidato Aécio Neves (PSDB) teria vencido o pleito contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A afirmação de Bolsonaro foi contestada pelo próprio Aécio, que disse não acreditar que tenha existido fraude naquela eleição.

Na quinta, o ministro Gilmar Mendes, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, disse: "A prova inequívoca de que não houve fraude foi a eleição de Jair Bolsonaro. Ele não era o candidato do establishment".

O presidente tem feito repetidas ameaças contra as eleições, numa radicalização de discurso que coincide com pesquisas de opinião que apontam o aumento de sua rejeição e o favoritismo de Lula em 2022.

O tom grosseiro das declarações de hoje foi o mesmo do de ontem em sua transmissão semanal pela internet, quando disse que não responderia ao pedido de explicações da CPI da Covid sobre supostas irregularidades no contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin. "Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada", disse.

Sobre o imbróglio da CPI nesta semana, o youtuber Felipe Neto criticou o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, que reiterou ameaças à comissão após o senador Omar Aziz (PSD-AM) fazer críticas sobre o envolvimento de militares em denúncias de irregularidades acerca da gestão da pandemia do novo coronavírus. 

"Prezado brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior. Vai ameaçar a puta que pariu, babaca. Pare de envergonhar as Forças Armadas, tome vergonha nessa tua cara e lembre-se que você trabalha pra gente, não o contrário", disse no Twitter.

Nesta sexta, o PSDB declarou, em uma publicação feita nas redes sociais, que discordâncias políticas são "até salutares" na democracia, mas que as atitudes recentes do presidente Jair Bolsonaro contra os opositores envergonham o país.

Em nota, o grupo Prerrogativas, que reúne juristas, advogados, professores, pareceristas e ex-membros do Ministério Público, prestou solidariedade ao ministro do STF e presidente do TSE. "Se ele [Bolsonaro] não consegue se comportar a altura da função para a qual foi eleito ou satisfazer minimamente os compromissos que jurou cumprir perante a nação brasileira, é necessário que seja democraticamente afastado do seu mandato. Basta! Impeachment já!"

Leia abaixo a nota do Grupo Prerrogativas: 

"Solidariedade ao ministro Barroso

Ao injuriar, no dia de hoje, o ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, mais uma vez, o presidente da República mostra não só o seu desprezo pelo Poder Judiciário, mas também o seu desequilíbrio e o seu destempero.

Não bastasse ter utilizado ontem palavras de baixo calão para dizer que não apresentaria nenhuma explicação à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre fatos que lhe são diretamente imputados acerca das graves denúncias que assolam o seu governo, agora, de modo desatinado e desqualificado, atinge a honra de um ministro da nossa Suprema Corte.

Novamente incorre em crime de responsabilidade.

É necessário que as nossas instituições e a nossa sociedade reajam a esse tipo de conduta destemperada, demonstrando que ofensas às nossas instituições e aos seus membros são intoleráveis.

Nunca a história brasileira, mesmo em seus dias mais sombrios, viveu algo parecido. Um presidente da República que não respeita as instituições, que rasga diariamente a Constituição que jurou cumprir, e ameaça a democracia, não pode mais permanecer um dia sequer no exercício do seu mandato.

Até quando as nossas instituições não reagirão a esse tipo de comportamento insano que expõe a nossa imagem perante o mundo? Até quando haverá complacência com a falta de compostura e de razoabilidade daquele que ocupa a Presidência da República? Até quando haverá a conivência com mais de meio milhão de mortes de brasileiros e brasileiras?

Quem não se dá ao respeito não se faz respeitar. É necessário que as instituições democráticas exijam respeito daquele que exerce a presidência da República. E se ele não consegue se comportar a altura da função para a qual foi eleito ou satisfazer minimamente os compromissos que jurou cumprir perante a nação brasileira, é necessário que seja democraticamente afastado do seu mandato.

Basta! Impeachment já!

Fonte: Conjur

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