Presidente do TJD é indiciada por suspeita de fraude para desviar herança milionária

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A presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Rio de Janeiro (TJD), Renata Mansur, foi indiciada pela Polícia Civil por estelionato e associação criminosa.

Renata é suspeita de ter falsificado documentos para beneficiar Jaqueline de Assis, que planejava ficar sozinha com a herança milionária dos pais, o casal Otto Francisco de Assis e Zenira Gonçalves de Assis.

Entre os bens adquiridos pelo casal ao longo da vida estão hotéis em pontos valorizados no Rio e na Baixada Fluminense, além de imóveis de luxo, como uma mansão com deck para embarcações e até um heliporto.

Otto e Zenira tiveram três filhos. Ele teve ainda outro filho fora do casamento.

A disputa pela herança do casal já se arrasta há quatro anos. Em 2017, o segundo filho do casal, Charles de Assis, desconfiou que a irmã Jaqueline negociou parte da herança sem avisá-lo.

Cartório suspeito

A pedido do Ministério Público, a Polícia Civil passou a investigar Jaqueline e descobriu que a filha fraudou documentos da própria mãe.

Segundo as investigações, ela não agiu sozinha. Jaqueline é suspeita de ter usado uma rede de colaboradores para falsificar documentos, entre eles funcionários de cartórios e uma advogada.

O inquérito aponta que Renata e Jaqueline se associaram para obter vantagem ilícita na venda dos imóveis que pertenciam a Zenira.

Segundo a Polícia Civil, o primeiro documento forjado pela dupla seria um testamento, onde Zenira passava diversos imóveis só para o nome de Jaqueline.

O documento teria sido supostamente assinado por Zenira logo depois dela ser internada em um hospital na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, para tratar de um tumor maligno no cérebro.

Dois laudos médicos foram anexados ao inquérito. Em um deles, os especialistas indicam que Zenira jamais poderia assinar documentos e contratos porque as funções mentais estavam comprometidas.

Mesmo assim, o testamento acabou sendo feito em um cartório no Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Oeste.

Em posse do documento, Jaqueline conseguiu negociar um dos hotéis da família em Duque de Caxias. O imóvel, às margens da rodovia Washington Luís, foi vendido por R$ 6 milhões.

Renata Mansur teria ficado com 7% desse valor, algo em torno de R$ 400 mil.

A polícia descobriu ainda que a procuração usada pela advogada Renata Mansur para representar Zenira também foi adulterada.

O laudo do Instituto de Criminalística do Rio afirmou que "a assinatura de Zenira Gonçalves de Assis foi subtraída de outro documento, recortada e posteriormente inserida".

O perito concluiu que o documento foi montado.

Mansão avaliada em R$ 5 milhões

As investigações apontam ainda que Renata Mansur e Jaqueline negociaram outros imóveis da família Assis.

Um dos exemplos é um apartamento na Av. Vieira Souto, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, vendido por R$ 6 milhões.

Outro imóvel vendido foi uma mansão em Cabo Frio, na Região dos Lagos. A casa foi avaliada em R$ 5 milhões. Contudo, a mansão foi negociada por R$ 2 milhões.

MP avalia se fará denúncia

Além de Renata e Jaqueline, a polícia indiciou ainda três funcionários de cartórios.

O inquérito da Polícia Civil foi encaminhado ao Ministério Público. O órgão vai analisar os documentos para avaliar se vai oferecer a denúncia contra os suspeitos.

Jaqueline atualmente mora em Portugal e não atendeu as ligações feitas pela equipe do RJ2.

Na última quinta-feira (8), Renata Mansur comandou a sessão de julgamentos no TJD. No local, a presidente do órgão foi questionada sobre o indiciamento.

"Eu não fui comunicada e isso não é pertinente ao tribunal", respondeu Mansur, sem dar muitas explicações.

Por Leslie Leitão, Felipe Freire e Fred Justo, RJ2
Fonte: g1.globo.com

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