Mais três mulheres denunciam cirurgião plástico preso por crimes sexuais em Porto Alegre

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Via @portalg1 | Mais três mulheres procuraram a Polícia Civil, nesta quarta-feira (10), para relatar supostos abusos cometidos pelo cirurgião plástico Estevão Rodrigues, preso preventivamente na terça em uma operação contra crimes sexuais em Porto Alegre. Elas devem prestar depoimento nos próximos dias.

"Mesmo que isso tenha ocorrido há bastante tempo, é importante que elas venham à delegacia, a gente formaliza esse depoimento. Porque eles servem no bojo do contexto probatório para demostrar o modus operandi desse médico, para provar a forma como ele agia ao longo dos anos, [já que] ele tem pelo menos 30 anos de atuação no mercado", diz a delegada Jeiselaure de Souza.

O advogado do cirurgião, Rafael Alvim, classificou as denúncias como "inverídicas" e "de natureza improcedente".

"A defesa garantirá que sejam preservados os direitos e garantias constitucionais do investigado e provada sua inocência, uma vez que os objetos e acessórios apreendidos não condizem com a realidade fática da atividade profissional do investigado", diz o advogado.

Com elas, sobe para 12 o número de vítimas que teriam, supostamente, sofrido importunações sexuais em uma clínica. Além do mandado de prisão, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em locais nos bairros Três Figueiras e Chácara das Pedras.

Defesa do médico Estevão Rodrigues nega os relatos — Foto: Reprodução/RBS TV

Uma das supostas vítimas, que prefere não ser identificada pela reportagem da RBS TV, detalha como aconteceriam os abusos.

"No começo, eram investidas constrangedoras, mas não tão agressivas quanto as últimas. Foi quando ele veio para cima de mim e eu estava no canto do sofá, sentada, ele veio por cima e não consegui sair, não tive como sair. Porque eu sou mais alta que ele de pé, então ele não conseguia, sabe. Mas quando eu estava sentada, eu estava totalmente vulnerável. Ele veio para cima de mim, segurou minha cabeça com as duas mãos e tentou enfiar a língua dele na minha boca", descreve.

A polícia também quer esclarecer por que foi encontrado na clínica um medicamento que é usado no chamado "Boa Noite, Cinderela", ou seja, em que a pessoa que toma essa substância fica semi-inconsciente e não consegue reagir ao que está acontecendo.

"Isso dentro de um contexto de uma investigação de violência sexual merece ser analisado com muito rigor pela Polícia Civil. Nós precisamos que essas mulheres que, eventualmente, tenham se sentido desconfortáveis de alguma forma procurem a Polícia Civil para fazer o seu relato", solicita a delegada.

Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em Porto Alegre — Foto: PC/Divulgação

Como surgiram indícios de que a clínica também fazia outros procedimentos que não poderiam ser realizados fora do ambiente hospitalar, a polícia deve ampliar a investigação e abrir um inquérito por lesão corporal.

Um dos casos envolve uma cirurgia plástica para fazer o reparo no olho de uma mulher que, segundo a filha, acabou provocando ainda mais lesões no olho da mãe. Ela ligou para a clínica e conversou com uma funcionária. Sem saber que estava sendo gravada, a mulher alertou a paciente, que tentava marcar uma consulta com o cirurgião.

"Ele disse assim que tu ia ligar para marcar. Que aí é para 'mim' marcar. Só que eu não acho bom tu vir sozinha. Esse cara não é brincadeira. Ele nunca perde, tu sabe, né?", diz a funcionária.

Para comprovar as denúncias, a delegada Aline Fernandes pede que as supostas vítimas levem algum documento com foto, que sirva de base para essa nova frente de investigação.

"Nós nos deparamos com uma clínica clandestina, com condições de higiene e saúde questionáveis, e mulheres que sofreram alguma lesão decorrente de ato médico. Nós orientamos que tragam documentação, façam registro de ocorrência, porque isso sim vai ser encaminhado para perícia e poderá ser instaurado um procedimento policial por lesão corporal", explica.

O Conselho Federal de Medicina do RS (Cremers) afirma que "abriu sindicância para investigar a existência de ilícito ético no exercício da Medicina".

Nota do Cremers:

Em relação às informações divulgadas pela imprensa sobre a detenção de cirurgião plástico por suspeita de abuso de pacientes, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) informa que recebeu denúncia da Polícia Civil e abriu sindicância para investigar a existência de ilícito ético no exercício da Medicina. Como sindicâncias e processos correm em sigilo, por conta dos trâmites determinados pelo Código de Processo Ético Profissional (Resolução CFM 2.145/2016), o Cremers fica impedido de fornecer mais informações para não incorrer qualquer nulidade aos processos em andamento.

*Veja os vídeos da matéria na íntegra, aqui

Por Jonas Campos, g1 RS e RBS TV
Fonte: g1.globo.com

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