Homem é inocentado e ganha liberdade após 3 anos vivendo injustamente na cadeia

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Via @portalg1 | Um morador de São Vicente, no litoral de São Paulo, se ajoelhou e foi às lágrimas ao ser considerado inocente por um júri popular, após ficar três anos preso. Thiago Augusto Alves de Souza era acusado de ter participado de um assalto a um supermercado, em janeiro de 2019, mas conseguiu provar, junto com seus advogados, que não participou da ação, e que estava longe do local do crime.

O caso ocorreu em um supermercado localizado no bairro Parque São Vicente, no dia 17 de janeiro de 2019. Um trio de assaltantes entrou no local e atirou cinco vezes contra o segurança, por volta das 12h50. A vítima sobreviveu ao ataque, passou por um procedimento cirúrgico e fez reconhecimento fotográfico de dois suspeitos ainda no hospital.

Por conta disso, Thiago Augusto foi considerado suspeito e permaneceu preso. Thiago já havia sido preso em 2011, quando foi condenado por tráfico de drogas, e cumpriu pena por cinco anos. Ele trabalhava com o pai em uma oficina de carros. O jovem, porém, alegou que não estava envolvido no caso, e que estava na casa da mãe da namorada, em São Vicente, no momento do crime.

Imagens de câmeras de monitoramento mostraram que Thiago e os atiradores usavam roupas diferentes no dia do crime. As gravações, feitas no prédio onde ele morava com a mãe, mostram Thiago saindo de casa com uma bermuda vermelha e uma blusa branca com bolso preto, duas horas antes do crime. O circuito de monitoramento do mercado flagrou a ação dos assaltantes, e revelou que nenhum dos criminosos usava uma bermuda vermelha.

Além das imagens, os advogados Sirat Hussain Shah, Thiago Passos e Eduardo Elias, que defendem Thiago, conseguiram juntar outras provas. Um exame residuográfico realizado após a prisão atestou que não foi encontrado resíduo de pólvora nas mãos de Thiago.

“Além disso, o porte físico do Thiago é totalmente diverso dos atiradores. Eles eram muito mais magros, isso dá para perceber nas imagens. O trabalho do júri, conduzido pelo Dr. Eduardo, foi feito mostrando várias contradições dos PMs, mostrando várias questões, mas, principalmente, que Thiago tinha um álibi, que ele estava em um local diverso no horário do delito, e usando roupas diversas, também”, disse Passos.

Os advogados também questionaram o fato de a vítima ter dado o depoimento e feito o reconhecimento fotográfico apenas quatro horas após tomar cinco tiros. “Quando foram apresentadas as imagens dos atiradores, ela não reconhece expressamente como se o Thiago fosse um dos atiradores”, explica.

A namorada de Thiago, a mãe e o padrasto dela também prestaram depoimento em juízo, afirmando que eles estavam juntos o tempo todo.

No dia 15 de março, Thiago foi submetido a júri popular. Os jurados, após ouvirem as exposições da acusação e da defesa, decidiram absolver Thiago. “Foi muito gratificante ver a Justiça sendo feita, mesmo após ele ficar três anos preso injustamente”.

Ao ouvir a decisão proclamada pelo juiz, Thiago se ajoelhou diante do júri e agradeceu por, finalmente, ter a liberdade garantida. “A cena foi emocionante, eu pude tirar aquela foto, ele basicamente desabou. Assim que ele ouviu a sentença de absolvição, ele caiu de joelhos”, conta Passos.

Durante o tempo que ficou preso, segundo os advogados, Thiago perdeu o crescimento da filha, emagreceu na prisão e mal conseguia ver a família, já que foi transferido a uma penitenciária em Lavínia, no interior de São Paulo. Por isso, os advogados também estudam entrar com uma ação de danos materiais e morais em favor de Thiago. “Foram mais de dois anos preso, durante o período de pandemia, teve racionamento de água, teve superlotação. Vários abalos psicológicos, não só dele como da família, que não serão pagos, são inestimáveis".

*Veja o vídeo da matéria na íntegra, aqui

Por Mariane Rossi, g1 Santos
Fonte: g1.globo.com

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