A principal delas seria a causa da laceração hepática que teria provocado a morte do menino. Tauil admitiu durante audiência na 2 Vara Criminal do Rio de Janeiro uma série de omissões de informações no primeiro laudo de necropsia, como lesões aparentes para qualquer leigo, como arranhões no rosto, até a ausência de achados médicos dentro do corpo de Henry. Por muitas vezes, Tauil se mostrou arrependido de não ter detalhado as lesões – o que fora fazer apenas 45 dias depois após quesitos formulados pelo delegado que investigou o caso.
Foram justamente estas omissões e contradições que os advogados Cláudio Dalledone (@drdalledone) e Flávia Fróes (@flaviafroesoficial), Fabiano Lopes (@dr_fabiano_lopes) e Renan Canto (@renanpcanto) que defendem Jairinho, exploraram durante mais de 12 horas de depoimento. A primeira omissão revelada foram as fotos do corpo de Henry e, mesmo após a audiência, ninguém consegue responder quando elas foram tiradas e por quem, já que Tauil admitiu que não foi ele. As fotos teriam sido usadas, “numa perícia indireta”, para descrever diversas lesões apontadas em laudos complementares. Até mesmo lesões não mostradas nas fotos foram descritas. “Eu usei as minhas anotações”, se defendeu Tauil, que já revelou que as jogou fora. “Anotações de uma necropsia você não joga fora, você as arquiva, justamente para comprovação do laudo e evitar questionamentos”, explicou Sami.
O perito ainda explicou cientificamente, uma a uma, as 23 lesões por “ação violenta” apontadas por Tauil e pelo Ministério Público. E concluiu que muitas delas foram causadas pelos médicos do Barra D’Or durante a exaustiva tentativa de reanimação de Henry – e que nada teriam a ver com Jairinho e Monique.
Lesões graves na conta do hospital – Os depoimentos dos peritos colocaram em xeque até a reconstituição dos fatos feita dentro do apartamento de Jairinho e Monique que, curiosamente, contou com a presença, nada habitual, da cúpula do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Uma vez que esta reconstituição apontou que Henry Borel teria morrido dentro do apartamento.
Sami El Jundi disse que com base nas informações do prontuário médico do Barra D’Or e do raio-x feito no hospital é perfeitamente possível afirmar que a lesão hepática pode sim ter sido provocada, mesmo que de forma involuntária, pelos médicos. “O prontuário do Barra D`or informa que Henry Borel chegou no hospital em PCR (parada cardiorrespiratória), mas com presença de sinais vitais, portanto, vivo. Rapidamente iniciou-se o procedimento de reanimação feito por cinco profissionais (médicos e enfermeiros) que por duas horas realizaram 12 mil compressões contra o tórax de Henry para que o coração voltasse. São 12 mil ‘pancadas’ no corpo de Henry para reanimá-lo. E que depois o raio-x comprovou que causou contusão nos dois pulmões”, afirmou em longo depoimento.
Reviravolta – “A defesa do médico e ex-vereador Jairinho conseguiu comprovar nesta audiência que muitas das agressões relatadas nos precários laudos assinados pelo Dr Tauil são perfeita, médica e cientificamente explicadas pelo trabalho de reanimação feita pelos médicos no Barra D`Or. O Dr Jairinho não espancou o menino Henry, não provocou sessões de tortura no Henry, como acusam os promotores. Ainda precisamos investigar o que de fato aconteceu com o menino, mas os peritos deixaram claro que não havia qualquer indício de maus tratos contra Henry. E que, sim, a morte de Henry não aconteceu dentro do apartamento. Toda a reconstituição dos fatos caiu por água abaixo por uma simples constatação: Henry chegou com sinais vitais, com vida, no Barra D’Or”, explicou Dalledone.
Diante das interrogações postas em toda a investigação da morte de Henry Borel, os advogados de Jairinho pediram à juíza Elizabeth Louro para ouvir as médicas e enfermeiros do Barra D`Or que atenderam o menino. “É fundamental remontarmos este quebra-cabeça já que novas informações foram trazidas pelos peritos. Jairinho não bateu em Henry, não matou o menino e isso será comprovado”, disse Flávia Fróes.
Bate boca vai terminar no CNJ – Os promotores do MP foram contrários ao pedido da defesa de Jairinho e a magistrada deve se manifestar nos próximos dias. A juíza Elizabeth, que acabou batendo boca com os advogados de Jairinho, pode ser alvo de uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O advogado Dalledone disse que irá acionar o CNJ nos próximos dias para apurar a conduta da magistrada durante todo o processo da morte de Henry.
“Hoje ela deixou claro que não está com os controles emocionais dentro do que se espera de um juiz”, disse Dalledone, citando o momento da audiência em que a juíza perguntou ao perito Tauil se ele achava que Henry podia ter batido a cabeça três vezes no chão, fruto de uma queda. O perito respondeu que seria “improvável”. Em seguida, a magistrada comentou: “só se fosse uma bola de vôlei e ficasse quicando”.
A partir daí começou o bate boca que deve ser resolvido no CNJ.
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