O MPT pede que Guimarães seja condenado a pagar R$ 30,5 milhões como reparação por danos morais coletivos por causa das acusações de assédio sexual e moral enquanto presidiu a Caixa.
Além de Guimarães, também são alvos da ação sete membros do Conselho de Administração da estatal. No caso deles, o MPT pede que eles sejam condenados a pagar R$ 3 milhões, cada um deles, pela “omissão de cada um em fiscalizar os atos dos dirigentes da estatal”.
A Caixa Econômica Federal também é alvo da ação. O MPT pede que a estatal pague R$ 305,3 milhões por reparação pelos danos morais coletivos pela prática assédio sexual, assédio moral e discriminação. Para o Ministério Público, o banco deve ser punido “em virtude de sua responsabilidade solidária por ato de seu preposto e pela omissão na investigação de tais atos”.
A ação foi apresentada à Justiça do Trabalho e corre em sigilo de justiça. A CNN teve acesso ao pedido apresentado pelo MPT.
Desde que as acusações de assédio sexual contra Guimarães vieram à tona, em junho, o ex-presidente da Caixa sempre negou que tenha cometido qualquer crime. Em nota enviada à CNN nesta quinta (29), a defesa do executivo reforçou esse posicionamento e chamou a ação de “eleitoreira” (leia mais no fim da reportagem).
O MPT apresentou o relato de dezenas de testemunhas que acusam Pedro Guimarães de ter cometido assédio sexual.
Uma delas, por exemplo, afirmou que, “com os abraços desconfortáveis, Pedro [Guimarães] passou a colocar a mão na cintura da depoente; que Pedro falava ‘adorei sua roupa de hoje’, colocava a mão na cintura e foi descendo a mão pelo corpo da depoente; que a depoente tirava a mão de Pedro do seu corpo; que, em outra situação, dentro da sala de Pedro, ao estar sentada em uma cadeira, Pedro sentou ao seu lado e colocou a mão na perna da depoente; que reagiu tirando a mão de Pedro de seu corpo”.
Segundo o MPT, funcionárias foram vítimas de assédio sexual durante a gestão de Pedro Guimarães, que pelo menos um funcionário e uma funcionária foram alvos de agressão física pelo ex-presidente da Caixa, que ele quebrava aparelhos celulares em momentos de raiva e proibia, de forma velada, o uso de vermelho.
Guimarães ainda é acusado de tratar funcionários da estatal aos gritos e palavrões, de ter cometido assédio moral com funcionárias que negavam investidas sexuais e com a vice-presidente da Caixa por providências a partir das denúncias internas recebidas.
Ainda de acordo com o MPT, a média anual de afastamentos por doenças mentais aumentou cerca de 27% na gestão de Guimarães e a média anual de denúncias de assédio cresceram 303% enquanto ele esteve à frente da estatal.
A CNN entrou em contato com a defesa de Pedro Guimarães e com a assessoria de imprensa da Caixa para um posicionamento tanto da estatal quanto dos demais acusados.
Em nota, a defesa de Guimarães disse que “o Ministério Público, de maneira açodada e às vésperas da eleição, ajuíza uma ação manifestamente improcedente e eleitoreira”.
“Pedro Guimarães que juntamente com a sua equipe ganhou todos os prêmios durante a sua gestão na Caixa Econômica Federal, nega categoricamente a prática de qualquer ato irregular”, completou.
A Caixa Econômica Federal e seu Conselho de Administração responderam que “reiteram que não toleram nenhum tipo de desvio de conduta por parte dos seus dirigentes ou empregados e que, desde que tomaram conhecimento das acusações, adotaram todas as providências necessárias para investigar as denúncias, proteger os denunciantes, os empregados do banco e a própria Instituição.”
“Cabe destacar que, ainda em 30 de junho, foi determinada a contratação de uma auditoria externa e, em seguida, constituído um comitê independente, para a investigação de todas as denúncias. Além disso, o canal de denúncias, operado com garantia de sigilo, foi reforçado com profissionais especializados no acolhimento às possíveis vítimas”, diz a nota.
Gabriel Hirabahasi e Gabriela Coelho, da CNN
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Postar um comentário
Agradecemos pelo seu comentário!