Julgamento de Flordelis é suspensa após insinuação de que advogada teria influenciado testemunhas

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Via @cnnbrasil | O julgamento da ex-deputada federal Flordelis e de outros quatro réus foi suspenso na noite desta quarta-feira (9) após promotores do Ministério Público apresentarem trecho de um livro que sugeria que a advogada Janira Rocha teria influenciado testemunhas do caso.

A advogada de Flordelis e de outros três acusados de participação no assassinato do pastor Anderson do Carmo, em 2019, se manifestou em plenário negando a informação. À CNN, Janira afirmou que é uma profissional zelosa e que apenas conversou com as testemunhas, mas não deu nenhuma orientação para mentirem.

Após a confusão, a defesa de Flordelis pediu para que a jornalista que escreveu o livro fosse chamada para prestar depoimento e esclarecer o trecho do livro apresentado pelo MP. A sessão foi suspensa e a juíza Nearis dos Santos não autorizou a oitiva requerida. A previsão é de que o julgamento seja retomado nesta quinta-feira (10), às 9h.

No terceiro dia de sessões, quatro testemunhas foram ouvidas. Uma delas foi Daiane Freires, filha afetiva de Flordelis. Através de videoconferência, ela disse que havia prática de rachadinha (quando parte do salário do funcionário é devolvida ao parlamentar) no gabinete de Flordelis.

Daiane também contou que presenciou abuso sexual por parte do pastor Anderson. Segundo ela, Flordelis teve conhecimento da situação, mas minimizou.

“De fato, uma noite ele entrou no nosso quarto e alisou nossa irmã”, afirmou.

Além disso, a filha afetiva da ex-parlamentar chorou e relatou que tinha uma relação distante com a mãe.

“Não tinha diálogo. Dentro daquela família, nós criamos outra família. […] Criamos inimizades dentro da casa porque minha mãe não queria a a gente feliz”, concluiu.

Também prestou depoimento nesta quarta Raquel Silva, neta afetiva de Flordelis. Ela contou que uma das netas biológicas da pastora anunciou a morte de Anderson comemorando.

Além disso, foram ouvidas outras duas testemunhas: Luana Rangel, nora de Flordelis, e Daniel Santos, filho afetivo. Ao tribunal do júri, Luana afirmou que os aliados de Flordelis tinham atribuições diferentes no planejamento da morte do pastor Anderson Carmo e que a ex-deputada já teria tentado envenenar o marido, colocando uma substância suspeita no suco entregue a ele. Já Daniel contou que Flordelis tentava manipula-lo para acreditar que Anderson não era “santo”.

Outras 17 testemunhas devem prestar depoimento nos próximos dias. O julgamento, inicialmente previsto para ser concluído nesta quarta, pode se estender até o fim de semana.

Segundo o advogado de Flordelis, Rodrigo Faucz, as testemunhas de defesa devem começar a ser ouvidas nesta quinta. A defesa alega que não há provas do envolvimento dos réus na morte de Anderson do Carmo.

“Não existe nenhuma prova que ligue a Flordelis, a Marzy, a Rayane e o André ao homicídio. Eles ficam falando sobre religiosidade, ritual e qualquer outra coisa que não diz respeito ao crime, justamente para ficar impactando os jurados a partir de situações que não tem a ver com o crime. A defesa considera isso lamentável”, afirmou Faucz.

Além da ex-deputada federal, quatros réus estão sendo julgados: a filha biológica de Flordelis Simone dos Santos, a neta Rayane dos Santos e os filhos afetivos André Luiz e Marzy Teixeira. Simone passou mal durante a sessão desta quarta e precisou ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Flordelis é acusada de ser a mandante do assassinato e responde por homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima -, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

O pastor Anderson do Carmo era casado com Flordelis há 25 anos. Ele foi executado a tiros no dia 16 de junho de 2019, na garagem da casa onde morava com a família em Pendotiba, na cidade de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo os laudos dos peritos, foram identificadas 30 perfurações de de arma de fogo no corpo.

Rafaela Cascardo, da CNN
Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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