MP denuncia advogada por calúnia e injúria racial contra promotor de Justiça

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Via @portalg1 | A advogada Suzana Ferreira da Silva foi denunciada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por calúnia e injúria racial contra o promotor de Justiça Milton Marcolino dos Santos Júnior. A denúncia se refere a uma fala de Suzana durante um podcast, ainda em 2021, na qual ela se refere ao promotor em tom debochado como “aquele moreninho”, após ele, de acordo com a advogada, pedir seu telefone pessoal durante uma audiência. Ela ainda alega que o promotor a perseguiu em seu processo. O MPGO ofereceu a denúncia em fevereiro.

Popular enviou uma mensagem para o escritório da advogada às 7h34 deste sábado (11) pedindo um posicionamento, mas até a publicação desta matéria não houve retorno.

Suzana foi entrevistada pelo canal do YouTube AdHoc Podcast no dia 30 de setembro. Até a data de publicação desta matéria, o vídeo já alcançou mais de 7 mil visualizações. Na ocasião, ela fala sobre as dificuldades em ser mulher no meio jurídico e que já passou por muitas situações de assédio.

“Para mulher é muito mais difícil, sobretudo se você for vaidosa... Difícil dentro de presídios, delegacias e cadeias de cidades do interior. Já tive problemas com promotor, policial, cliente, polícia penal... Com tudo”, diz.

Então, a advogada relata que estava em uma audiência e, sem citar nomes, ela afirma que um promotor estava gesticulando em direção ao celular para que ela pudesse lhe passar seu número de telefone.

“Fui fazer uma instrução e julgamento de um processo de homicídio na Comarca de Aparecida de Goiânia. E eu tô fazendo a audiência e o promotor tá assim *segura o celular e faz gesto de apontar para o aparelho e estalar os dedos*; eu olhava para ele e ele pedia o meu telefone. Eu parei a audiência e disse ‘ô excelência, avisa aí pro promotor que eu não tô aqui pra dar meu telefone pra esse inferno não... Esse ‘cão chupando manga'”, diz a advogada.

Em seguida, ela continua. “Ele é meio moreninho, ficou meio roxo lá, sei lá que inferno aquilo e aí virou perseguição no meu processo, né... aí tipo assim, o cara ficou preso dois anos sem nenhuma prova, não tinha excesso de prazo, não tinha ‘porra’ nenhuma no processo. Aí cheguei no dia do júri do menino, o mesmo infeliz pede a absolvição dele, porque não tinha prova... Aí eu falei: cê manteve ele preso por esse tempo todo por que, capeta?", finaliza Suzana.

O MP-GO afirma que, mesmo que a advogada não tenha citado nomes, é possível identificar o promotor pois, na época, ele era o único titular da promotoria com atuação nos crimes contra a vida da Comarca de Aparecida de Goiânia, e negro.

De acordo com a denúncia, após a apuração dos fatos, constatou-se que nunca houve contato em audiência entre a advogada e o promotor. É afirmado que Suzanna “excedeu em suas falas, proferindo sérias inverdades, imputando falsamente o crime de prevaricação à vítima (o promotor), além de tê-la injuriado, ofendendo sua dignidade e decoro, inclusive utilizando de elementos referentes a cor”.

O documento afirma que as falas da advogada, além dos canais do blog, foram reproduzidas nas redes sociais da autora. O conteúdo já foi retirado de uma das redes, mas ainda permanece em outras e, por isso, é pedido à Justiça que seja retirado todos os vídeos contendo as injúrias e calúnias em desfavor do promotor.

Por Ysabella Portela, g1 Goiás
Fonte: g1.globo.com

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