Esse novo perfil de advogado vai além do conhecimento jurídico convencional. Ele precisa entender profundamente as tecnologias emergentes, a inovação constante e as dinâmicas de negócios dessas empresas. Não basta conhecer o direito; é fundamental dominar os desafios específicos do setor tecnológico e saber como aplicar o direito de forma eficaz e ágil. Esse profissional moderno deve ser capaz de oferecer respostas rápidas, claras e personalizadas, muitas vezes utilizando ferramentas tecnológicas para otimizar processos e melhorar a eficiência dos serviços jurídicos prestados.
Um dos elementos mais marcantes dessa nova advocacia é a criação de produtos jurídicos. Diferente dos serviços tradicionais, os produtos jurídicos são soluções desenhadas para atender necessidades específicas das empresas, com um enfoque preventivo e de automação. Esses produtos podem incluir desde contratos inteligentes baseados em blockchain até plataformas de compliance automatizado, permitindo que as empresas gerenciem riscos de maneira proativa e eficaz, sem depender constantemente da intervenção direta de um advogado. Essa abordagem não só atende às demandas por eficiência e agilidade, mas também se alinha com a mentalidade tecnológica das empresas, que valorizam soluções escaláveis e replicáveis.
O Brasil conta com cerca de 2 milhões de advogados, muitos dos quais ainda estão ancorados em práticas tradicionais. No entanto, a nova advocacia exige um movimento de renovação, que passa pela necessidade de abraçar esses novos profissionais e integrá-los ao contexto da modernidade. Esses novos advogados trazem consigo uma mentalidade mais aberta à inovação, ao uso de tecnologia e à experimentação. Eles estão mais inclinados a questionar o status quo e a buscar maneiras de melhorar a prática jurídica por meio da adoção de novas ferramentas e métodos de trabalho. Para as startups e demais empresas de tecnologia, que já nascem imersas no digital, esse novo advogado é um aliado valioso, capaz de entender suas demandas e oferecer soluções compatíveis com seu ritmo e suas expectativas.
É essencial que a advocacia reconheça a existência de um mercado crescente que evita o advogado tradicional. Esse mercado, composto principalmente por startups e demais empresas de tecnologia, valoriza a praticidade, a eficiência e a inovação. Essas empresas preferem advogados que possam acompanhar seu ritmo acelerado, que compreendam os desafios específicos do setor e que estejam dispostos a abandonar práticas obsoletas em favor de abordagens mais modernas e adaptadas às suas necessidades. Ignorar esse movimento é correr o risco de perder relevância em um mercado que está cada vez mais disposto a explorar alternativas ao modelo tradicional de prestação de serviços jurídicos.
A nova advocacia, voltada para startups e demais empresas de tecnologia, representa uma mudança significativa no perfil do profissional jurídico. Ela exige uma abordagem moderna, que vá além do conhecimento jurídico tradicional e que seja capaz de integrar tecnologia e inovação na solução de problemas. A criação de produtos jurídicos e a necessidade de abraçar novos advogados são elementos centrais nessa transformação, que busca a atender um mercado que rejeita o advogado tradicional em favor de soluções mais ágeis e eficazes. Nesse contexto, o advogado moderno não é apenas um prestador de serviços, mas um verdadeiro parceiro estratégico, capaz de compreender e atuar de maneira proativa nas demandas de um mercado em constante evolução. A advocacia que abraça essa mudança está destinada a se destacar e a conquistar seu espaço em um mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial e pela inovação.
Por Ticiano Gadêlha*
*Advogado especialista em direito da propriedade intelectual (PUC/RJ). Fundador da ComoRegistrar e do escritório Tôrres Gadêlha Advocacia
Fonte: @correio.braziliense
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