"Eu fui vivendo vários dias de terror, porque eu via que nada era feito. Eu achei que a pessoa que era de confiança, o síndico, iria resolver a situação", disse a vizinha do médico, que foi identificado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) como Igor José Diniz e é investigado pela Polícia Civil por importunação sexual.
A mulher também contou que chegou a filmar o reflexo do homem na televisão de casa. Segundo a vizinha, era possível ver o médico vigiando seu apartamento e de outras vizinhas. O caso foi denunciado à polícia, mas as imagens foram consideradas insuficientes para investigar o homem.
“Eu fiz uma gravação pela sombra da minha TV que dava para pegar ele. Você vê que ele estava olhando para o meu apartamento, você vê que ele estava olhando para o apartamento de baixo. Nesse dia, eu liguei para a proprietária do prédio, para o síndico e para a polícia”, contou a vítima.
Ainda de acordo com a mulher, essa primeira denúncia foi feita no mês de junho, poucos dias após ela perceber comportamentos suspeitos do médico pelo corredor.
“A portaria me interfonou e eu desci para pegar a comida. Quando ele escutou a minha porta abrindo, ele entrou dentro de casa e fechou o apartamento. [...] Quando eu voltei, ele estava [no corredor] com a mão dentro da calça. Ele tirou a mão rapidamente e levantou o joelho para eu não ver [sua genitália]. Ele ficou muito nervoso. De antemão, eu comecei a prestar mais atenção nisso”, disse a vítima.
Ela também contou que o vídeo de Igor Diniz vigiando os apartamentos das mulheres pelo reflexo da televisão foi feito dois dias após ter flagrado o médico com a mão dentro da roupa no corredor pela primeira vez. A polícia chegou a ir ao prédio, mas ele se trancou em seu apartamento.
“Eu sabia que ele estava mal-intencionado, alguma coisa estava acontecendo ali, porque ele passava horas nisso. Eu comecei a me sentir muito ameaçada, porque eu moro sozinha. [...] A polícia tentou, só que a gente não tinha provas. Eu mostrei o vídeo pra polícia, mas só mostra olhando ele olhando para o apartamento”, disse a vizinha.
Após a denúncia, a mulher disse que passou um tempo sem ver o homem no prédio, até que voltou a percebê-lo rondando pelo corredor. Assustada, ela pediu a ajuda de um vizinho para que pudessem criar provas para denunciar o caso novamente à polícia. Junto com outra moradora, eles se organizaram para gravar as imagens utilizadas como prova para a prisão em flagrante.
O g1 procurou o síndico do condomínio Green Life, localizado no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife, onde o caso aconteceu, e questionou:
- O que o condomínio fez em relação ao caso;
- Se existem câmeras de segurança nos corredores e nas áreas comuns do prédio;
- Se, em algum momento, foram conferidas as imagens para verificar as atitudes suspeitas do médico.
O síndico do condomínio não respondeu aos questionamentos até a última atualização desta reportagem. O g1 tenta entrar em contato com a defesa do médico Igor José Diniz.
Investigação policial
Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada através do 13º Batalhão para uma ocorrência de importunação sexual. Segundo a corporação, os agentes encaminharam os envolvidos para a Central de Plantões da Capital (Ceplanc), no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife.
Também por meio de nota, a Polícia Civil disse que:
- Registrou a prisão em flagrante de um homem de 32 anos por importunação sexual contra uma mulher também de 32 anos;
- O homem foi detido por testemunhas até a chegada da equipe policial, que o conduziu até a Ceplanc;
- Ele foi autuado em flagrante e passou por audiência de custódia.
Solto após pagar fiança
Em nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco afirmou que, com parecer favorável do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Igor José Diniz obteve a liberdade provisória após pagar fiança no valor de cinco salários mínimos.
Na sessão realizada na quarta-feira (18), no Polo de Audiências de Custódias da Capital, a Justiça também determinou que o médico cumpra as seguintes medidas cautelares:
- Comparecer a todos os atos do processo e se apresentar mensalmente à Justiça para informar e justificar suas atividades;
- Não se ausentar da comarca em que mora sem autorização da Justiça;
- Não mudar de endereço sem comunicar previamente à Justiça;
- Não repetir o crime;
- Fornecer número de telefone para contato, CPF e comprovante de residência;
- Não manter contato com a vítima;
- Não retornar ao local do ocorrido.
Por Iris Costa, g1 PE
Fonte: @portalg1
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