Fundador e ex-presidente do MPD (Movimento do Ministério Público Democrático), Barros diz que o controle do sigilo fiscal e bancário funciona como proteção corporativa de ministros, e que as sessões virtuais, fechadas, impedem uma maior fiscalização da sociedade.
O ex-promotor também critica a omissão da advocacia, pois não há uma reação institucional.
A manifestação a seguir foi motivada pelas recentes declarações do presidente do STJ, ministro Herman Benjamin, que, em entrevista à Folha, definiu o escândalo como "fatos isolados de poucos servidores que destoam da maioria dos integrantes da corte".
"Enquanto o sigilo fiscal e bancário só puder ser quebrado por juízes continuará a ser instrumento corporativo de proteção.
Essa afirmação do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Herman Benjamin, "a crise do STJ é o volume gigantesco de processos", no contexto, parece ter sido lançada apenas para reduzir o tamanho da corrupção (venda de sentenças).
Mesmo que os ministros tenham um bode expiatório (assessor ou funcionário), sabe-se que em grande número a venda de sentenças decorre de omissões diretas.
O certo é que se a corte fosse aberta, nos termos da lei, com sessões presenciais, públicas e com sustentações orais dos advogados e acompanhamento pela imprensa, a venda de sentenças não ocorreria com tanta facilidade como acontece nos clandestinos ambientes de julgamentos virtuais.
De outro lado, o alegado assoberbamento do STJ é falácia. Grande número de processos existe em todas as instâncias.
De qualquer forma, o STJ nem chega a julgar 1% dos recursos que chegam à corte.
Na verdade, 99% deles são barrados na primeira triagem, no carimbão, sob o pretexto de não preenchimento dos requisitos de admissibilidade.
É como se os eminentes ministros quisessem também aí encontrar outros culpados por sua direta omissão.
Colocam a culpa nos advogados, como se não tivessem aprendido ainda, a formular documentos corriqueiros ou preencher requisitos recursais.
Estou sempre esperando a revolta institucional dos advogados, que, porém, não vem."
Frederico Vasconcelos
Fonte: @folhadespaulo
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