Além disso, líderes partidários se dizem incomodados com a postura do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que publicamente disse que não houve traição do Senado e que as Casas não precisam concordar.
🤝 O que esses deputados dizem é que, nos bastidores, Motta afirma que havia, sim, um compromisso do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de avançar com a aprovação da matéria.
"Ele [Motta] tem que escolher pra quem ele vai mentir. Ele fala pra gente uma coisa e pra imprensa outra", disse um líder.
Nos últimos dias, o presidente da Câmara dos Deputados foi cobrado por deputados e, agora, muitos deles defendem que Motta "bote a cara para fora" e "proteja os deputados" na imprensa.
Aliados mais próximos de Motta dizem confiar que, de fato, houve um acordo com Alcolumbre, mas dizem que não é o perfil do presidente da Câmara fazer embates públicos.
Atuação de Alcolumbre
Alguns deputados também defenderam o presidente do Senado e acreditam que Alcolumbre não conseguiu segurar o acordo diante da pressão de nomes como o do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA).
Alencar já criticava a PEC da Blindagem mesmo antes da aprovação na Câmara. A rejeição total entre os senadores se tornou incontrolável após as manifestações nas ruas contra a proposta.
A PEC dificultava a prisão e a abertura de ação penal contra parlamentares por qualquer tipo de crime, exigindo autorização por maioria absoluta do plenário da Câmara ou do Senado por meio de voto secreto.
👉🏽 A avaliação de deputados é que a Câmara se sentiu exposta, já que o Senado não apenas divergiu, mas "escolheu humilhar os deputados". Como muitos senadores chamaram a proposta de "PEC da Bandidagem", os deputados sentem que, indiretamente, foram chamados de bandidos.
Um líder partidário com muitos mandatos diz que nunca viu um embate tão direto entre as duas Casas, nem mesmo quando Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – que não eram amigos – presidiam, respectivamente, Câmara e Senado.
'Dar o troco'
Deputados de diferentes partidos prometem dar o troco aos senadores, ainda que não saibam exatamente como essa retaliação virá.
"Em algum momento, o Senado vai precisar dos deputados e os deputados não estarão aqui para eles", diz um deputado do Centrão.
Uma das possibilidades é que os deputados não deem andamento a propostas de autoria de senadores. Nesse caso, os próprios deputados admitem que o Senado também pode fazer isso de volta.
"Aí para tudo", avalia um líder da Câmara.
Outra possível retaliação citada por deputados é atuar na CPMI do INSS para exigir, por exemplo, quebra de sigilo do Careca do INSS aos gabinetes do Senado – algo que, até então, Alcolumbre tem negado.
Alguns senadores têm sido citados em depoimentos na comissão e a investigação pode chegar até eles, avaliam deputados.
Sobre essa tentativa, um líder do Centrão na Câmara afirma que seria muito difícil entrar em conflito com Davi Alcolumbre.
"Se ele não quer passar as informações, ele não vai passar e pronto", diz.
CCj rejeita por unanimidade a PEC da Blindagem e o Senado arquiva a proposta
Por Elisa Clavery, GloboNews — Brasília
Foto: Ton Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo
Fonte: @portalg1
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