Em agosto de 2019, Simone foi presa, acusada de integrar uma quadrilha em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. A prova que ligava Simone ao roubo foi um carro, que ela comprou três meses após o assalto, e um reconhecimento feito com sua foto do RG que datava de anos antes do crime e da compra do carro. O crime aconteceu em 2011 e Simone foi presa em 2019. Ficou sete meses vivendo na Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte da cidade de São Paulo.
A Ponte foi visitá-la para saber como está a sua vida hoje, meses depois de ser liberada. Simone mora com a família no Jardim Almanara, na região da Brasilândia, também na zona norte. Diabética e epiléptica, ela conta que foram dias muito difíceis dentro do cárcere.
“Eu não dormia, eu via o dia clarear. Mesmo com a medicação forte que eu tomo. E eu chorava muito”, desabafa Simone. “Eu ficava nervosa e tive seis crises de convulsão. Quando tem as crises, a gente não vai para a enfermaria, as agentes falam para as outras presas cuidarem da gente”.
Simone logo conquistou o carinho das colegas de cela. “Elas me tratavam muito bem. Como muitas tão abandonadas, eu dividia com elas produtos de higiene e até comida”. “Eu cheguei a falar que eu ia me matar lá dentro, porque os dias passavam e eu não vinha embora. As meninas conversaram muito comigo, para eu ter calma, porque eu tinha uma família maravilhosa que não me abandonou”, conta.
A prisão de Simone também foi um desafio para o marido dela, Kléber Cesário da Silva. “Quando os policiais levaram ela eu perdi o chão”, conta, detalhando a nova rotina sem a esposa em casa. “Todo domingo eu saía às 6h30 da manhã para visitar ela meio-dia na cadeia, faça chuva ou faça sol. É a mãe dos meus filhos. Eu não abandonaria ela por nada nessa vida”.
Passado o pesadelo, Simone recomeçou sua vida. “Agora voltei à minha rotina. Eu gosto de vender artesanatos, eu gosto de costurar, eu gosto de vender lingerie. Eu gosto de estar sempre com a população”. Simone agora luta pela absolvição.
A família vendeu o carro que causou toda a tristeza e hoje compraram um carro novo. “Eu queria um carro que só eu fosse dono”, diz Kléber Cesário da Silva, marido de Simone.
Por Caê Vasconcelos
Fonte: ponte.org
Quem vai “consertar” esse erro?
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