‘A juíza leu meu processo e disse: coloquei uma inocente na cadeia’

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bit.ly/3qDt0iz | Quase 10 meses após ser libertada de uma prisão injusta, Simone Souza da Silva, 47 anos, tenta retomar a sua rotina como dona de casa. “Não sou do crime, sou uma dona de casa”, disse à Ponte em sua casa, onde tenta retomar sua vida.

Em agosto de 2019, Simone foi presa, acusada de integrar uma quadrilha em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. A prova que ligava Simone ao roubo foi um carro, que ela comprou três meses após o assalto, e um reconhecimento feito com sua foto do RG que datava de anos antes do crime e da compra do carro. O crime aconteceu em 2011 e Simone foi presa em 2019. Ficou sete meses vivendo na Penitenciária Feminina de Santana, na zona norte da cidade de São Paulo.

Ponte foi visitá-la para saber como está a sua vida hoje, meses depois de ser liberada. Simone mora com a família no Jardim Almanara, na região da Brasilândia, também na zona norte. Diabética e epiléptica, ela conta que foram dias muito difíceis dentro do cárcere.

“Eu não dormia, eu via o dia clarear. Mesmo com a medicação forte que eu tomo. E eu chorava muito”, desabafa Simone. “Eu ficava nervosa e tive seis crises de convulsão. Quando tem as crises, a gente não vai para a enfermaria, as agentes falam para as outras presas cuidarem da gente”.

Simone logo conquistou o carinho das colegas de cela. “Elas me tratavam muito bem. Como muitas tão abandonadas, eu dividia com elas produtos de higiene e até comida”. “Eu cheguei a falar que eu ia me matar lá dentro, porque os dias passavam e eu não vinha embora. As meninas conversaram muito comigo, para eu ter calma, porque eu tinha uma família maravilhosa que não me abandonou”, conta.

A prisão de Simone também foi um desafio para o marido dela, Kléber Cesário da Silva. “Quando os policiais levaram ela eu perdi o chão”, conta, detalhando a nova rotina sem a esposa em casa. “Todo domingo eu saía às 6h30 da manhã para visitar ela meio-dia na cadeia, faça chuva ou faça sol. É a mãe dos meus filhos. Eu não abandonaria ela por nada nessa vida”.

Passado o pesadelo, Simone recomeçou sua vida. “Agora voltei à minha rotina. Eu gosto de vender artesanatos, eu gosto de costurar, eu gosto de vender lingerie. Eu gosto de estar sempre com a população”. Simone agora luta pela absolvição.

A família vendeu o carro que causou toda a tristeza e hoje compraram um carro novo. “Eu queria um carro que só eu fosse dono”, diz Kléber Cesário da Silva, marido de Simone.

Por Caê Vasconcelos
Fonte: ponte.org

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