Cliente que atirou em advogada por honorário levou champanhe para cena do crime

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Via @uolnoticias | Uma garrafa de champagne, que pode ter caído da mochila do cliente que atirou em uma advogada após ele reclamar dos valores dos honorários, foi encontrada dias após o crime no escritório dela. Em 26 de janeiro, os dois entraram em luta corporal, mas mesmo após ser baleada, a advogada Nayara Gomes conseguiu desarmar Diego Dorado.

Nayara disse ao UOL que localizou a garrafa após analisar um vídeo feito no local pela cunhada. Dorado é representado pela Defensoria Pública do RJ, órgão a qual UOL fez contato, mas ainda não obteve retorno.

"Olhei o vídeo e vi uma garrafa. Liguei para minha cunhada e perguntei sobre a garrafa. Ela achou que eu tivesse ganhado, mas não era de ninguém. Vimos que a garrafa caiu da mochila dele. Não sei o propósito dela. A mochila era grande, vermelha, parecia de delivery. Não sei se era um disfarce. A investigação vai apurar", conta.

Diogo Prestes, marido de Nayara, acredita que o champagne "era para comemorar o crime".

A advogada explicou ao UOL que ela e o cliente, identificado como Diego Dorado, se desentenderam no final do processo de inventário do pai dele, que morreu de forma acidental. O cliente supostamente tinha o desejo de revogar a procuração e destituir a profissional do processo após 98% do trabalho realizado. Os honorários advocatícios somam R$ 160 mil no caso — valor que a profissional diz estar abaixo do recomendado pela OAB e ser irrisório frente à herança a ser recebida.

Atingida por três dos quatros disparos, Nayara segue internada e deve receber alta ainda nesta semana. Ela foi baleada no dedão, que precisou passar por um processo de reconstrução no hospital, nas costas e na costela. As duas últimas balas ficaram alojadas em seu corpo.

Cliente teve prisão preventiva decretada

No último dia 28, Dorado teve a prisão em flagrante convertida em preventiva durante audiência de custódia. O juiz Bruno Rodrigues Pinto destacou em decisão que "a liberdade do custodiado representa uma grave ameaça à ordem pública" e que ele "demonstrando frieza, e por motivo, a princípio, extremamente torpe, teria supostamente tentado matar a sua advogada por não querer pagar os honorários advocatícios".

Rodrigues fala ainda que as circunstâncias evidenciam que o suposto crime foi premeditado, já que Diego teria vindo do Rio de Janeiro armado e no intuito de encontrar a vítima, surpreendê-la e encurralar a advogada em seu escritório a fim de que ninguém pudesse ajudá-la. O juiz destacou ainda que um dia antes da prisão, Diego agrediu violentamente a ex-namorada.

"Consta nos autos o relato de sua ex-namorada, no qual ela afirma que ele, no dia anterior aos fatos que ocasionaram a sua prisão, a teria covardemente agredido com diversos socos no rosto e chutes na região do corpo, causando-lhes severas lesões, motivo pelo qual precisou ficar internada por uma noite em um hospital".

"O custodiado, em menos de 24 horas, foi o suposto responsável por provocar a internação hospitalar de duas mulheres, em contextos fáticos distintos, revelando ser ele uma pessoa extremamente perigosa", acrescentou o juiz.

Morador do Leblon

Diego Dorado era morador da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon, bairro nobre da capital fluminense. Em uma busca por sites de venda de imóveis, o apartamento mais barato localizado na rua pela reportagem do UOL custa R$ 1,3 milhão com 70m². Na mesma rua, há imóveis maiores, com até 150 m² e valores que chegam a quase R$ 5 milhões.

UOL apurou ainda que no fim do processo de inventário, Dorado receberia 60% dos bens deixados pelo pai e a madrasta dele ficaria com o restante. A família conta com inúmeros imóveis em bairros nobres do Rio de Janeiro, como Leblon e Botafogo, na zona sul, e salas comerciais no Centro da Cidade.

Relembre o caso

A advogada Nayara Gomes estava sozinha em sua sala, no último dia 26, quando Diego chegou sem ser anunciado no local. Ele estava com uma bolsa vermelha na mão e disse que estava lá para revogar a procuração que ele tinha assinado para que a advogada o representasse no processo de inventário.

Depois, Diego sacou a arma e apontou para a advogada que levantou da cadeira e entrou em luta corporal com ele. A luta entre os dois foi gravada por câmeras de segurança do local.

Mesmo tendo sido atingida por três, dos quatros disparos efetuados, Nayara conseguiu desarmar o cliente. Ela contou que chegou a apontar a arma para ele, mas que jamais tiraria a vida de qualquer pessoa. A advogada jogou a arma escada abaixo.

Nayara trabalhava há dois anos no processo de Diego e segundo ela, o cliente quis exclui-la após 98% do trabalho concluído. Diante da resistência em pagá-la, Nayara solicitou ao juiz do processo que os R$ 160 mil devidos fossem destacados da partilha do inventário e pagos a ela, conforme acordado. 

Marcela Lemos
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro
Fonte: noticias.uol.com.br

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