Mas o que chamou atenção foi a reviravolta durante o julgamento. Outro homem, que estava em plenário como testemunha, assumiu ser responsável pela morte de Priscila, informação que deve ser investigada. O nome do novo suposto autor do assassinato não foi revelado.
Nunes estava preso preventivamente desde abril de 2020 e, com a decisão, teve a liberdade concedida. Ele já havia sido condenado a 8 anos e dois meses de reclusão por ter sido flagrado com 391 gramas de maconha e uma arma de fogo durante a investigação sobre a morte de Priscila.
— O que tinha de elementos me deixava certa dúvida. Não sobre que ele traficou, pois, inclusive, ele já foi condenado por este crime. Mas, não ficou claro para mim que ele cometeu o homicídio. O conjunto de provas não era robusto o suficiente para me convencer pela condenação dele — declarou o promotor de Justiça Ronaldo Lara Resende.
Representante de Nunes, o defensor público Claudio Covatti sustentou que "estava claro que o não foi o réu o autor do delito", o que, diante da prova produzida no plenário, foi reconhecido pela acusação.
— Não havia elementos mínimos para comprovar ter sido o réu o autor do homicídio. O réu trabalhava em uma empresa de Caxias do Sul, tendo CTPS (carteira de trabalho) assinada há quase dois anos. Nunca teve envolvimento anterior com a prática de qualquer outro crime e foi absolvido pelo Tribunal do Júri — ressaltou.
Outro ponto que pesou contra a condenação foi a confissão do outro homem como autor do assassinato. Além de ser testemunha perante o júri, ele se apresentou como um ex-namorado da vítima.
— É mais um elemento, mas não foi o que me fez tomar a decisão (de pedir a absolvição). O Ministério Público irá avaliar se pedirá uma nova investigação e ação penal contra ele (o ex-namorado que testemunhou), uma vez que a própria lei exige que, além da confissão, exista outros elementos e provas — ponderou o promotor Resende.
Este é o último júri presidido pelo juiz Silvio Viezzer, que termina seu período de substituição na 1ª Vara Criminal, iniciado em agosto de 2020.
Relembre o crime
:: Conforme a denúncia, Nunes teria envolvimento com venda de drogas em Antônio Prado. Foi nesta prática que, segundo o MP, o réu conheceu a vítima. Na época, conforme narra a denúncia, os líderes de um grupo, a qual supostamente Nunes teria ligação, ordenaram a morte de Priscila porque ela estaria "falando demais". Pela execução, a organização criminosa oferecia R$ 500 de recompensa.
:: No dia do crime, o bando convenceu Priscila a viajar de Antônio Prado até Caxias do Sul, no dia 25 de março de 2020, supostamente para buscar drogas. Na Rua Walter Barbosa da Trindade, próximo a uma reciclagem municipal, a mulher foi assassinada com dois tiros na cabeça e um no pescoço.
:: A prisão de Nunes aconteceu no dia 16 de abril daquele ano, quando investigadores realizaram buscas na residência do suspeito. No local, foram apreendidas uma réplica da camiseta da Polícia Civil, 391 gramas de maconha e um revólver calibre .38 com sete munições. Aos investigadores, conforme divulgado na época, Nunes teria confessado a autoria do homicídio, crime pelo qual recebeu R$ 500, e informado que a arma do crime era aquela apreendida.
:: Durante o processo, Nunes negou a autoria e afirmou não conhecer a vítima. Em frente ao juiz, ele declarou que assumiu o delito por estar "apavorado" no momento da prisão e que, depois, "foi obrigado a assinar o documento pela autoridade policial". Ele confessou a posse do revólver e alegou que a maconha apreendida era para consumo próprio.
Leonardo Lopes
Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br
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