Os crimes julgados aconteceram em 2013 e em 2014. A juíza Fernanda Politi considerou Fernando culpado por estupro de vulnerável contra quatro vítimas. Segundo o processo, elas tinham menos de 14 anos na época e relataram aos pais o incômodo com o comportamento do técnico. Ele era o coordenador de ginástica artística do clube Mesc, no ABC Paulista.
Em abril de 2018, uma reportagem do Fantástico revelou o caso e mostrou que mais de 40 vítimas disseram ter sofrido abusos do treinador entre 1999 e 2016.
No entanto, a ação citou apenas quatro delas, e incluiu as outras no inquérito como testemunhas. Em entrevista em 2018, Fernando negou as acusações: "Eu sei que eu tenho a minha consciência limpa no que diz respeito que eu nunca estuprei ninguém, que eu nunca molestei ninguém no intuito como está sendo colocado.”
Assim que a história veio à tona, a Confederação brasileira de Ginástica suspendeu o técnico, e depois o Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBG o baniu da modalidade. Em junho de 2020, ele conseguiu uma liminar que anulou essa decisão, mas não voltou a trabalhar com crianças.
Fernando foi condenado a cumprir 109 anos e oito meses de prisão em regime fechado. Segundo a juíza, a reclusão se justifica pelo tempo da pena, pela gravidade e pela forma hedionda como ele praticou os crimes contra as vítimas durante um longo tempo.
“Pode ter demorado, mas a Justiça deu esse retorno. A primeira coisa que eles me disseram quando souberam da decisão foi que era um alento o fato de eles terem conseguido parar o Fernando, que tudo que eles passaram tinha valido a pena por conta disso”, diz a advogada das vítimas Cristiane Battaglia.
A Confederação Brasileira de Ginástica disse que reafirma seu compromisso de tolerância zero com atos de assédios e abusos no esporte e que acredita no Poder Judiciário para dar as punições adequadas a práticas criminosas.
O ex-treinador da seleção e os advogados de defesa foram procurados pela reportagem, mas optaram por não se manifestar. Como a decisão é em primeira instância, cabe recurso no Tribunal de Justiça do estado de São Paulo. Fernando de Carvalho Lopes vai recorrer em liberdade.
Fonte: g1.globo.com
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