Conforme o delegado Rodolfo Rabelo, responsável pelas investigações, a avó da adolescente, de 60 anos, possui a guarda da jovem e era conivente com o relacionamento dela com o idoso. Rabelo explicou que a avó contou a uma colega de trabalho que a neta estava morando com o suspeito — a funcionária viu o episódio como algo absurdo e fez uma denúncia ao Conselho Tutelar do Barreiro. No dia 2 de setembro, a jovem foi encaminhada para um abrigo. Sabendo que estava sendo investigado, o advogado fugiu para o interior de Goiás em 9 de setembro e levou a jovem — que havia fugido do abrigo — para morar em um imóvel dele.
“A avó dessa menina tinha conhecimento e chegou a permitir que ele se 'casasse' com ela, inclusive. Aí o Conselho Tutelar foi à casa do suspeito, ele não atendeu e fugiu. Nesse meio tempo, ele levou a menina para casa e não foi localizado. A adolescente foi encaminhada para um abrigo e, no dia 9 de setembro, ela saiu do abrigo e eles acabaram indo para Caldas Novas. O idoso, por ter sido advogado e ter contato com outros profissionais da área, sabia que estava sendo investigado, por isso resolveu fugir”, disse.
Conforme o delegado, o idoso queria que a avó consentisse no casamento, inclusive tentando que a neta fosse emancipada — o que, para a avó, seria normal. Rodolfo disse que a idosa foi ouvida e que a narrativa dela foi muito incoerente, pois acreditava ser melhor que a neta ficasse com o idoso em vez de um rapaz da idade dela. “Ela estava morando com ele há duas semanas e estavam levando uma vida como se fossem marido e mulher. Ela foi submetida a exame de corpo de delito e foi constatado que teve relação sexual”, explicou.
Amigo da família
As investigações apontaram que o suspeito se aproximou primeiro da mãe da adolescente — que é usuária de drogas — e depois da tia. Rodolfo afirmou que o idoso ajudava financeiramente a família, que vive em situação de vulnerabilidade.
“Nessa aproximação, ele começou a se aproximar da menina, passou a pagar tratamento de saúde para ela e tentava convencer a avó para que a adolescente morasse com ele como se fosse uma esposa. E a jovem o chamava e o via como marido. Ela achava que ele fazia bem para ela”, ressaltou.
Conivência da avó
Em conversa com um delegado da PCGO, Rodolfo Rabelo disse que o porteiro do prédio onde o idoso estava com a adolescente relatou que a menina não saía do apartamento em momento algum.
O delegado reiterou que, por conta da conivência no caso, pediu a prisão preventiva da avó da menina, que foi indeferida pela Justiça. Porém, ela foi indiciada pelo crime de estupro de vulnerável. “A avó dizia que era da roça, que não tinha conhecimento, por isso permitia o relacionamento. Ela falava que tinha um relacionamento bom com o investigado. Que ele auxiliava a família em várias coisas e que ela achava melhor para a neta casar com ele”, explicou.
Prisão
O advogado permanece preso em Caldas Novas, enquanto a jovem foi encaminhada para um abrigo na cidade goiana. O delegado Rodolfo Rabelo disse que o registro do suspeito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi cancelado pela entidade.
'Adultização'
De acordo com a chefe do Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), delegada Larissa Mayerhofer, o advogado fez a garota acreditar que não havia nada de errado a respeito da situação - o que envolvia a promessa de pagar faculdade, dar dinheiro e aliciar a menina. “Esse tipo de predador faz com que a criança ou adolescente acredite que o que ele está fazendo é bom para ela. Ele consegue convencê-la, seduzi-la e trazê-la para ele. E conforme foi apurado, ele conseguiu a explorar sexualmente. É um caso gravíssimo, que escancara o risco de exigir de uma adolescente um comportamento incompatível com sua idade, impondo-lhe uma relação de companheira”, ressaltou.
'Criança tem o direito de brincar e estudar'
A chefe do Departamento Estadual de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam) em Belo Horizonte, delegada Danúbia Helena Quadros, destacou o compromisso da Polícia Civil no combate aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes. “A ignorância ou o contexto social não justificam condutas criminosas. Crianças e adolescentes têm o direito de brincar, estudar e fazer escolhas livres, independentemente de sua condição socioeconômica”, pontuou a delegada.
Mateus Pena
Polícia Civil concedeu detalhes sobre a prisão de um advogado de 67 anos detido por estupro de vulnerável - Foto: Mateus Pena / O TEMPO
Fonte: @otempo
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