O plano teria como executor um integrante do Comando Vermelho, que afirmou ter sido ‘autorizado’ a entrar com um estilete na sala de audiência.
As informações constam de relatório do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, ao qual o Estadão teve acesso.
Sinop, a ‘Capital do Nortão’, com população de cerca de 225 mil habitantes, fica a 480 quilômetros de Cuiabá.
Segundo o documento, o detento Ismael da Costa dos Santos, apontado como líder da facção em Mato Grosso, afirmou em depoimento aos próprios alvos que a ação teria sido ‘encomendada’ pelo diretor do presídio, Adalberto Dias de Oliveira, e pelo subdiretor Antônio Carlos Negreiros dos Santos, descrito como seu braço direito na unidade.
A reportagem busca contato com os diretores do presídio. O espaço está aberto.
A ordem, segundo o relato, era para que Ismael avançasse contra o juiz Marcos Faleiros da Silva, o promotor de Justiça Luiz Gustavo Mendes de Maio e o defensor público Érico Ricardo da Silveira durante a sessão de depoimentos.
A motivação estaria relacionada às inspeções realizadas pelas autoridades no presídio para apurar denúncias de tortura e violência contra presos atribuídas a policiais penais da unidade.
‘Chucho’
Ismael afirmou que, em troca da execução do plano, recebeu a promessa de regalias dentro da unidade. Entre os benefícios citados estão a transferência para o chamado ‘Raio Evangélico’, onde os internos têm maior liberdade de circulação, e a garantia de vaga em trabalho externo, considerada rara na ‘Ferrugem’.
O detento teria sido autorizado a entrar na sala de audiência portando um estilete artesanal, conhecido como ‘chucho’. Ele afirmou, no entanto, que optou por não levar a arma no dia da oitiva.
‘Marca-passo’
Durante o depoimento, Ismael chamou a atenção do juiz que conduzia a audiência e do promotor ao demonstrar que estava sem algemas nos pés, conhecidas como ‘marca-passo’. Em seguida, levantou os braços e mostrou que as algemas nos pulsos estavam abertas. Ao girar os braços, as algemas caíram no chão.
De acordo com o relatório, o ‘marca-passo’ teria sido retirado de forma deliberada e as algemas de mão colocadas de maneira simulada, permitindo que o líder do Comando Vermelho se soltasse com facilidade para atentar contra o juiz, o promotor e o defensor. Segundo os diretores, o atentado iria ‘descredibilizar’ os relatos de tortura dos presos e desviar o foco das inspeções.
O relatório aponta ainda que não havia policiais penais nas proximidades da sala de audiência, apesar de o magistrado ter solicitado a presença dos agentes responsáveis pela escolta.
A ausência foi classificada como uma quebra evidente do protocolo de segurança.
Os indícios reunidos sugerem que os policiais penais teriam se ausentado de forma deliberada para permitir a ação do detento, segundo a avaliação do Grupo de Monitoramento e Fiscalização.
Em nota, o Ministério Público de Mato Grosso afirmou que ‘o promotor de Justiça Luiz Gustavo Mendes de Maio está bem e trabalhando normalmente’.
“Não houve qualquer ato executório de atentado contra ele e há uma investigação em andamento conduzida pela Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso, para apurar os fatos noticiados”, informou a Promotoria.
A reportagem busca contato com o juiz Marcos Faleiros da Silva e o defensor público Érico Ricardo da Silveira. O espaço está aberto.
Fonte: @folhamaxoficial

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