Como lidar com os clientes no início da advocacia?

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bit.ly/3crYSiZ | Um ponto crucial para o desenvolvimento de um advogado iniciante é o cliente. Estamos sedentos por aprendizado, mas somente com um cliente “de verdade” é que podemos ver como é que a coisa funciona.

O cliente é o que sustenta o escritório e deve ser tratado como prioridade. Todavia, ser prioridade não é a mesma coisa que tratá-lo como amigo. Nessa relação devem haver limites e estes são estabelecidos por nós, os advogados. O cliente deve visualizar claramente que está lidando com um profissional, e que também deve despender de muito respeito e compromisso, pois ser respeitado pelo cliente é fundamental.

Como forma de atingir esse respeito, os limites começam desde a ida do cliente ao escritório, deve haver um esforço mínimo por parte do cliente em ir até o seu escritório/local de trabalho, ou em comparecer na reunião marcada, ainda que em algum outro lugar (fórum, OAB, delegacia…).

Muitos advogados se desdobram em mil para atender o cliente onde quer ele esteja, da forma que for, sem permitir que o cliente faça o menor esforço, nesse caso, o advogado transmite a imagem de desespero, de alguém que faz tudo para fechar aquela causa, e com certeza (ainda que seja comum querer muito angariar as primeiras causas) essa é a melhor maneira de ter um cliente que te trate como qualquer coisa que não alguém respeitável. É uma porta que você abre para o abuso. E você verá muitos colegas trabalhando nesse ritmo.

Se o cliente não se esforça para ir a uma reunião com você, se você corre muito atrás do cliente para poder lhe prestar assessoria, lhe prestar um serviço, diga-se, “caro”, e não só no limite financeiro da palavra, imagine o que será dos pagamentos, certamente será alguém difícil até de cobrar.

O atendimento ao cliente deve ser o mais profissional e sincero possível, jamais, e repito, jamais prometa nada para ninguém, como operadores do Direito sabemos que é impossível contar com causa ganha ou muito menos com prazos no Judiciário. Você verá muitos profissionais venderem serviços como se o resultado fosse certo, mas não caia nessa tola tentação, com certeza te trará grande descrédito quanto aos seus colegas advogados, que te tratarão como um picareta do Direito, e ainda mais com a propaganda negativa que fará para o cliente, e com certeza é muito mais rapidamente disseminada do que uma boa propaganda.

O cliente, quando já conhece o sistema penal, sabe que o advogado que promete é um advogado charlatão, que está visando mais o lucro do que o compromisso com a verdade, esse tipo de cliente preza a transparência e sinceridade, e é o caminho para lidar com ele e com todos os outros. Transparência é palavra de ordem na advocacia criminal.

Além de, profundamente descabida a promessa de resultados, o contrato firmado entre advogado e parte não é de resultado, cabendo ao profissional utilizar de todos os meios cabíveis (e lícitos) para defender os interesses do contratante, o próprio procurador se coloca no risco de passar por situação evidentemente desconfortável ao noticiar para seu cliente de que a decisão obtida foi diversa do que aquela prometida na oportunidade em que foi contratado. Em nenhum momento da carreira vale a pena prometer êxito em qualquer ação.

Nunca se esqueça que o único responsável por decidir um processo é o magistrado e que a lei é interpretada por seres humanos, no Tribunal do Júri pelo Conselho de Sentença, onde existem sete juízes da causa com pensamento completamente diferente um do outro, portanto, não é como um simples cálculo matemático exato em que só se pode chegar a uma única resposta, os riscos sempre existem, ainda mais quando colocamos a mão no fogo por um resultado.

É fundamental não associar sua imagem à imagem de quem faz tudo e qualquer coisa para aliciar um cliente, é um dever do advogado atuar com o código de ética sempre debaixo do braço, de modo honesto. Nossa reputação é um de nossos bens mais preciosos, em se tratando de uma carreira que o nome nos representa, ela pode ser tudo.

O cliente senta na sua frente contando que você seja uma espécie de pai, e diga o que ele deve fazer, e você deve dizê-lo, sem jamais julgá-lo, deve sempre respeitá-lo como cliente e como ser humano, o que a esposa dele pensa, o que a filha pensa, o que os familiares pensam são problemas deles, o cliente é a prioridade, ele que está envolvido no constrangimento de uma acusação, ele lhe confia seu bem mais precioso, sua liberdade, e você será a voz dele no processo. Merece toda a dedicação possível.

O bom atendimento ao cliente não pode ser apenas naquele momento em que é firmado o contrato de honorários, deve acontecer sempre. Após esta primeira oportunidade é que o trabalho se aprimora, você passa a representá-lo e ser a voz desta pessoa num processo. Também, se torna o responsável por traduzir todos os acontecimentos jurídicos para seu cliente, na maioria das vezes leigo nas questões técnicas.

O contato vai ser permanente e a parte espera sempre sua atenção, você deve se adiantar, explicar com antecedência os acontecimentos e fases do processo, não esperar o cliente ligar para saber alguma informação, essa dedicação transpassa a relação, e será uma marca registrada que te levará muito longe.

O modo como se relacionar com o cliente, dentre outras questões, é algo que tenho trabalhado no meu perfil no instagram (@felipegeitens), dá uma conferida lá e fique por dentro. Essa semana terá uma super novidade para você que quer saber a fundo como iniciar na advocacia criminal. Até a próxima!
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Fonte: Canal Ciências Criminais

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