O advogado Jon Holbrook, via Twitter, criticou não só o caso de Ruby, mas o Ato de Igualdade, proclamado no Reino Unido em 2010.
Há quatro anos, Ruby Williams, hoje com 19 anos, acusou a escola em que estudava, a Urswick Church of England, em Londres, de discriminação racial por dizer que seu cabelo crespo estava fora dos padrões do uniforme escolar.
Na época, a família recebeu apoio da Comissão de Direitos Humanos e Igualdade e conseguiu fazer um acordo com a escola. A instituição publicou recentemente um vídeo nas redes sociais, relembrando o caso.
Em resposta ao vídeo, o advogado Holbrook tuitou que "o Ato de Igualdade minou a disciplina da escola ao empoderar a adolescente negra temperamental".
A mãe de Ruby, que aparece no vídeo, disse que a filha foi incrivelmente corajosa ao desafiar o racismo institucional que afeta os estudantes negros em todo o país. Ela condena o comentário do advogado.
"Ele não sabe nada sobre o sofrimento dela. Demorou três anos e meio até eles mudarem as políticas", disse a mãe.
O tuíte foi condenado por outros profissionais da lei e Holbrook foi criticado por colegas. Os advogados da Cornerstone Barristers, um tradicional grupo que milita em questões sociais, disseram que "repudiam o conteúdo do tuíte e todas as suas insinuações".
"Não há nada de 'temperamental' em defender seus direitos. Todos deveríamos existir sem precisar nos editar para caber em normas racistas", disse Maurice McLeod, direto-executivo da Race of the Agenda, entidade britânica de defesa de minorias étnicas.
Kate Williams disse ao The Guardian que ficou "chocada, mas não surpresa". "Há pessoas com essa visão em todas as profissões e isso assusta. Esse cara está atacando uma pessoa jovem e vulnerável, sem saber nada sobre as circunstâncias dela, e isso é muito perigoso", disse a mãe.
Ela também afirma que apesar do apoio que recebeu, a filha ficou decepcionada com algumas instituições que deveriam protegê-la.
"Ruby sofreu por três anos e meio. Onde estava o Ministério da Educação? Os órgãos defensores dos direitos da infância? Eu implorei por ajuda em 2016 e todos deixaram minha filha nessa situação."
Ao jornal, o advogado disse: "Meu tuíte trouxe atenção para uma questão política grave, o quanto crianças de cor têm sido capazes de minar as políticas de uniforme escolar obrigando-as a se adaptarem às diferenças culturais".
"A tentativa de me cancelar que tem sido liderada pela esquerda no Twitter mostra o quão difícil é ter um debate razoável em questões relativas a raça. É hora do país questionar também o impacto prejudicial do Ato de Igualdade", concluiu o advogado.
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Fonte: noticias.uol.com.br
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