Ela foi encaminhada por promotores, que apontaram uma potencial infração à Lei de Segurança Nacional. Editada na ditadura militar, a legislação enquadra crimes contra o líder da nação.
À Folha Tchaka define a obra como um "protesto feito com governantes extremistas do mundo" e prefere não opinar sobre o imbróglio judicial em torno dele. "O fato é este, amada, o resto é especulação, achismo é cortina de fumaça".
A judicialização, diz a drag queen encarnada há duas décadas por Valder Bastos, "não tem nada a ver comigo, e sim com um artista de Niterói [RJ] que postou a foto".
Esse artista se chama Diadorim, que compartilhou a imagem numa rede social em setembro de 2020. Carlos a repassou para a Delegacia de Repressão aos Crimes de Internet, e a Polícia Civil do Rio entendeu que ali havia possível crime. Encaminhou-a ao Ministério Público do Rio de Janeiro, mais precisamente à 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada.A promotoria confirma que recebeu o inquérito policial no dia 2 de dezembro, mas o direcionou à Justiça Federal. Entendeu que o caso não era sua atribuição: "Pelo teor da representação trata-se, em tese, de crime contra a Segurança Nacional".
O vereador resgatou a foto neste sábado (20), sugerindo demora no processo: "Postagem de ação no dia 3 de dezembro de 2020. Hoje é dia 20 de fevereiro de 2021". Ele incentiva seus seguidores a também denunciar "tais atrocidades" .
Diadorim foi indiciado pela polícia no ano passado. Quando publicou a imagem, escolheu como legenda: "O Brasil que eu quero".
A reportagem não conseguiu falar com ele. Em entrevista ao site Ponte no final do ano passado, Diadorim se disse "incrédulo e preocupado" por ter virado alvo de uma queixa-crime apresentada pelo filho do presidente da República.
"Incrédulo que um vereador da segunda maior cidade do país tenha sua atenção voltada para o que se posta nas redes, ao invés de cuidar das questões da cidade. E preocupado por ter meu perfil exposto em todas suas redes sociais, para mais de cinco milhões de seguidores, que foram incitados ao meu perfil fazendo todo tipo de injúrias e ameaças, muitas verdadeiramente violentas."
Uma foto similar, com a réplica da cabeça de Bolsonaro balançando a rede de um gol, já havia irritado bolsonaristas.
A pelada com o membro presidencial integra o projeto "Freedom Kick", (chute da liberdade), intervenção do coletivo americano de arte de rua Indecline com o artista plástico espanhol Eugenio Merino. A iniciativa promove partidas de futebol amador em que as bolas são réplicas de silicone de cabeças de líderes que o gupo define como populistas --além do brasileiro, já entraram em campo o russo Vladimir Putin e o americano Donald Trump.
Após a divulgação do vídeo brasileiro no Instagram do coletivo, seus integrantes passaram a ser jurados de morte.
Por Folhapress
Fonte: www.bahianoticias.com.br
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