O material foi apreendido na última quinta-feira, 13, quando foram cumpridos cinco mandados de busca domiciliar contra o suspeito, dois em Currais Novos e os outros três em Natal. Em entrevista ao O POVO, na mesma data, a assessoria da Diocese de Caicó (RN), informou que o padre faz parte do clero da Diocese de Humaitá no Amazonas (AM). A instituição nortista disse que o padre teve suas atividades sacramentais e administrativas suspensas por tempo indeterminado, enquanto as investigações estiverem em andamento.
De acordo com o paleontólogo e professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) Álamo Saraiva, os fósseis encontrados com o padre são de plantas e peixes, entre eles o Rhacolepis buccalis, Cladocyclus gardneri e Tharrias araripis, além de uma planta ancestral das araucárias chamadas de Brachyphyllum castilhoi. Os objetos eram tombados e pertenciam ao CPCA, que foi desativado em setembro de 2020, quando todos os escritórios da Agência Nacional de Mineração (ANM) foram realocados apenas para as capitais.
Os fósseis foram enviados à Polícia Federal do Rio Grande do Norte, por se tratar de um crime federal. Ainda de acordo com a assessoria da PFRN, o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens informou que tem interesse em incluir os fósseis no seu acervo. Por fim, a assessoria informou que a investigação está sob sigilo e as informações sobre autoria e outras circunstâncias do fato não poderão ser repassadas até a conclusão do procedimento policial, a fim de garantir o êxito dos trabalhos.
A reportagem entrou em contato, por telefone, com o chefe do escritório regional do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no Crato, Artur Andrade, que afirmou que, na região do Cariri, é muito comum encontrar alguns fósseis de peixe sendo utilizados como souvenirs. Essa é uma das hipóteses que explicaria como esses fósseis foram parar nas mãos do padre.
Outra forma seria através de doações, que, por sua vez, só podem sair do local com a avaliação de uma instituição de pesquisa do ensino superior e com o aval do Ministério da Ciência e Tecnologia, contanto que não sejam raras e se tenha em quantidade excessiva naquele local. De acordo com a Lei 8.176/91, a exploração e comercialização de bens da União, sem autorização ou em desacordo com o que for estabelecido é um crime com pena de detenção de um a cinco anos e multa.
Atualmente, os objetos que antes se encontravam no Museu do CPCA estão no escritório desativado da DNPM, no Crato. De acordo com Artur, algumas instituições do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco já solicitaram a doação desses materiais sedimentares. "Estamos com uma relação e vamos na medida do possível atendê-las, mas a maioria do material fóssil deve ficar no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da URCA", finaliza.
Fonte: www.opovo.com.br
Postar um comentário
Agradecemos pelo seu comentário!