Na sexta-feira (4) o g1 entrou em contato com a defesa de Monique, mas os advogados não se manifestaram. Nesta quarta-feira (9), a equipe de reportagem apurou que em dois depoimentos, nos dias 16 de fevereiro e 3 de março, a mulher negou ter tido qualquer relação com um de seus advogados (veja os detalhes mais abaixo).
O g1 também apurou que o procedimento da Seap saiu da Comissão Técnica de Classificação (CTC) da secretaria e passou a ser investigado pela Corregedoria, ou seja, "subiu" para uma outra instância. As razões para isso não constam na documentação à qual a equipe de reportagem teve acesso.
Retificações
As presas Cintia Gomes de Oliveira e Elaine Lessa fizeram as retificações nos próprios depoimentos na segunda-feira (7), dois dias depois que o g1 revelou os detalhes da sindicância. No novo termo, Cintia alegou ter diabetes e sofrer de "momentos de descompensação" para mudar a versão.A mulher afirmou não se lembrar de nenhum acontecimento envolvendo Monique e um dos seus advogados.
Disse, ainda, não saber de qualquer ameaça sofrida pela professora enquanto o grupo de sete detentas estava na cela K do Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte.
Foi Monique Medeiros que, durante interrogatório na Justiça, denunciou estar sendo alvo de ameaças dentro da cadeia. A queixa levou à transferência de cela de Fernanda de Almeida, a "Fernanda Bumbum", presa acusada de planejar a morte de uma rival nos negócios estéticos.
Outra que mudou o relato no âmbito da investigação foi Elaine Lessa. Acusada de tráfico internacional de armas, a mulher é casada com o policial militar reformado Ronnie Lessa – também preso e réu por matar Marielle Franco e o motorista da vereadora, Anderson Gomes.
Na nova declaração, Elaine também disse não saber de qualquer ameaça sofrida por Monique na cela. E acrescentou que foi "Fernanda Bumbum" quem acusou a professora de manter relações íntimas com um dos advogados dela na penitenciária.
Segundo a versão mais recente de Elaine, durante uma discussão entre Monique e Fernanda, ela ouviu Fernanda dizer que a professora teria mostrado os seios para o advogado e ele teria se masturbado.
O que diz Monique
No primeiro e mais longo depoimento, no dia 16 de fevereiro, Monique rebateu as acusações dizendo que "nunca saiu da cela sem sutiã" ou com "roupas inapropriadas". A professora alegou que isso seria impossível por conta da fiscalização de guardas penitenciários.A mulher acrescentou que o parlatório (veja na foto abaixo) fica dentro da inspetoria do presídio Oscar Stevenson, e que há policiais penais acompanhando. Monique também afirmou que não existem portas – entretanto, como é possível ver na imagem abaixo, elas existem, para advogados.
Também de acordo com o depoimento do dia 16, Monique afirmou que o relato de "Fernanda Bumbum" teria como objetivo "manchar a imagem" da professora.
Monique foi ouvida uma segunda vez, no dia 3 de março. Foi perguntado à professora se havia algo que ela gostaria de acrescentar aos depoimentos anteriores, mas ela apenas reforçou que as alegações de Fernanda Bumbum eram "absurdas e mentirosas".
Cronologia
- 10 de fevereiro - Presas confirmam em depoimento a policiais penais o relato de Fernanda.
- 16 de fevereiro - Monique presta depoimento à diretora do presídio e a uma policial penal.
- 23 de fevereiro - Portaria da Seap é publicada, oficializando a abertura da sindicância.
- 24 de fevereiro - Em depoimento, Fernanda reafirma declarações do dia 10 e faz longo relato, citando advogado e Monique.
- 3 de março - Monique, acompanhada de advogado, é ouvida de novo.
- 7 de março - Cintia Gomes de Oliveira e Elaine Lessa mudam as versões na sindicância.
- 8 de março - A Corregedoria da Seap assume a investigação do caso.
Por Felipe Freire e Nicolás Satriano, g1 Rio
Fonte: g1.globo.com
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