Presas mudam versões em sindicância sobre 'atos libidinosos' entre Monique e advogado

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Via @portalg1 | Duas colegas de cela de Monique Medeiros, presa acusada de participação na morte próprio filho, Henry Borel, mudaram as versões dadas à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) sobre supostos atos libidinosos entre a professora e um advogado dentro da cadeia.

Na sexta-feira (4) o g1 entrou em contato com a defesa de Monique, mas os advogados não se manifestaram. Nesta quarta-feira (9), a equipe de reportagem apurou que em dois depoimentos, nos dias 16 de fevereiro e 3 de março, a mulher negou ter tido qualquer relação com um de seus advogados (veja os detalhes mais abaixo).

g1 também apurou que o procedimento da Seap saiu da Comissão Técnica de Classificação (CTC) da secretaria e passou a ser investigado pela Corregedoria, ou seja, "subiu" para uma outra instância. As razões para isso não constam na documentação à qual a equipe de reportagem teve acesso.

Retificações

As presas Cintia Gomes de Oliveira e Elaine Lessa fizeram as retificações nos próprios depoimentos na segunda-feira (7), dois dias depois que o g1 revelou os detalhes da sindicância. No novo termo, Cintia alegou ter diabetes e sofrer de "momentos de descompensação" para mudar a versão.

A mulher afirmou não se lembrar de nenhum acontecimento envolvendo Monique e um dos seus advogados.

Disse, ainda, não saber de qualquer ameaça sofrida pela professora enquanto o grupo de sete detentas estava na cela K do Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, na Zona Norte.

Foi Monique Medeiros que, durante interrogatório na Justiça, denunciou estar sendo alvo de ameaças dentro da cadeia. A queixa levou à transferência de cela de Fernanda de Almeida, a "Fernanda Bumbum", presa acusada de planejar a morte de uma rival nos negócios estéticos.

Outra que mudou o relato no âmbito da investigação foi Elaine Lessa. Acusada de tráfico internacional de armas, a mulher é casada com o policial militar reformado Ronnie Lessa – também preso e réu por matar Marielle Franco e o motorista da vereadora, Anderson Gomes.

Na nova declaração, Elaine também disse não saber de qualquer ameaça sofrida por Monique na cela. E acrescentou que foi "Fernanda Bumbum" quem acusou a professora de manter relações íntimas com um dos advogados dela na penitenciária.

Segundo a versão mais recente de Elaine, durante uma discussão entre Monique e Fernanda, ela ouviu Fernanda dizer que a professora teria mostrado os seios para o advogado e ele teria se masturbado.

O que diz Monique

No primeiro e mais longo depoimento, no dia 16 de fevereiro, Monique rebateu as acusações dizendo que "nunca saiu da cela sem sutiã" ou com "roupas inapropriadas". A professora alegou que isso seria impossível por conta da fiscalização de guardas penitenciários.

A mulher acrescentou que o parlatório (veja na foto abaixo) fica dentro da inspetoria do presídio Oscar Stevenson, e que há policiais penais acompanhando. Monique também afirmou que não existem portas – entretanto, como é possível ver na imagem abaixo, elas existem, para advogados.

Parlatório do presídio onde Monique estava — Foto: Arquivo Pessoal

Também de acordo com o depoimento do dia 16, Monique afirmou que o relato de "Fernanda Bumbum" teria como objetivo "manchar a imagem" da professora.

Monique foi ouvida uma segunda vez, no dia 3 de março. Foi perguntado à professora se havia algo que ela gostaria de acrescentar aos depoimentos anteriores, mas ela apenas reforçou que as alegações de Fernanda Bumbum eram "absurdas e mentirosas".

Cronologia

  • 10 de fevereiro - Presas confirmam em depoimento a policiais penais o relato de Fernanda.

  • 16 de fevereiro - Monique presta depoimento à diretora do presídio e a uma policial penal.

  • 23 de fevereiro - Portaria da Seap é publicada, oficializando a abertura da sindicância.

  • 24 de fevereiro - Em depoimento, Fernanda reafirma declarações do dia 10 e faz longo relato, citando advogado e Monique.

  • 3 de março - Monique, acompanhada de advogado, é ouvida de novo.

  • 7 de março - Cintia Gomes de Oliveira e Elaine Lessa mudam as versões na sindicância.

  • 8 de março - A Corregedoria da Seap assume a investigação do caso.

Por Felipe Freire e Nicolás Satriano, g1 Rio
Fonte: g1.globo.com

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