"Isso sem dúvida se constitui como crime de responsabilidade. Não vejo enquadramento fora dessa lei dos crimes contra Estado Democrático de Direito, a não ser por violação de sigilo", disse o jurista, durante o UOL News.
A investigação da PF diz que o uso das instituições públicas para buscar informações contra as urnas eletrônicas acontece desde 2019 e envolve o general Luiz Eduardo Ramos e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), atrelada ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) chefiado pelo também general Augusto Heleno.
Porém, Reale Jr. pondera que a denúncia por ataque ao Estado Democrático de Direito dependeria da PGR (Procuradoria-Geral da República), que, na avaliação do advogado, está alinhada ao presidente Jair Bolsonaro.
"Estamos sem atividade dos órgãos de controle. Estamos sem nenhuma atividade. É até surpreendente que essa delegada [Denisse Ribeiro] tenha levantado dados comprometedores do GSI e Secretaria de Governo", diz.
Ao concluir a apuração, a delegada Denisse Ribeiro entendeu que a busca por informações para desacreditar o sistema eleitoral é mais um evento relacionado à organização criminosa investigada no inquérito das milícias.
Reale Jr: Barroso não previu exploração das Forças Armadas
Para Miguel Reale Jr., o ministro Luís Roberto Barroso, então presidente do TSE, não errou ao convidar as Forças Armadas para integrar a Comissão de Transparência. Ele não teria previsto o que seria uma exploração por parte do presidente Jair Bolsonaro."Creio que ele teve a intenção de, trazendo as Forças Armadas, mostrar ao presidente que haveria participação de toda a comunidade interessada. Creio que, com a ausência de previsão que poderia haver exploração, convidou como instituição com suas especialidades".
O TSE divulgou ontem as respostas da equipe técnica às sugestões das Forças Armadas para o processo eleitoral de 2022. Ao todo, foram 7 sugestões apresentadas à Corte Eleitoral e todas foram rejeitadas, seja porque já são adotadas em alguma medida ou não são viáveis de serem implementadas ainda neste ano.
Na resposta da equipe técnica, o TSE afirmou às Forças Armadas que não há uma "sala escura" para apuração da eleição, rebatendo indiretamente as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) que acusou a Corte de manter uma sala secreta para contagem dos votos.
Motociata de Bolsonaro é campanha antecipada, diz jurista
Durante o UOL News, o jurista Miguel Reale Jr. ainda afirmou que a "motociata" divulgada por aliados do presidente Jair Bolsonaro em que o mandatário participaria se configura como campanha eleitoral antecipada."Os partidos políticos de oposição devem entrar com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e, ao mesmo tempo, cabe ação da Procuradoria Eleitoral. O Ministério Público Eleitoral tem que tomar medidas que sejam provocadas pelos partidos, com disposição de sanções administrativas e apuração de crimes eleitorais".
Reale Jr. ressalta que outros pré-candidatos à Presidência também estão cometendo campanha eleitoral antecipada, a exemplo do evento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que lançou a pré-candidatura.
Deputado federal e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) anunciou ontem em seu Twitter que Jair Bolsonaro (PL) estará presente em uma motociata em Maringá na quarta-feira, durante seu horário de expediente.
O atual presidente estará no estado do Paraná devido a sua participação na Expoingá (48ª Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá).
Colaboração para o UOL
Fonte: noticias.uol.com.br
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